O então candidato fazendo o “20”, o número da chapa de situação. Foto: Sport do Futuro/Twitter.
Num processo político tumultuado, que descreve bastante o Sport dos últimos tempos, Yuri Romão venceu a eleição presidencial para o biênio 2023/2024 com a segunda maior margem da história. O atual presidente, que herdou a posição após a licença de Leonardo Lopes, o cabeça de chapa no pleito anterior, teve 1.463 votos dos 1.516 votos válidos computados durante a eleição na Ilha, realizada 40 dias após o fim da Série B, num indício gritante sobre os vícios políticos do clube rubro-negro, desconectado com o calendário do futebol.
Ao menos a formação do elenco não parou, com a contratação do técnico Enderson Moreira, com renovações importantes (Fabinho e Wanderson), dispensas inadiáveis (dos goleiros) e reforços necessários (meia Jorginho e o goleiro Renan). É possível questionar os nomes escolhidos nas chegadas e saídas, mas a atitude de agir logo me pareceu correta. Não havia sentido algum esperar até 16 de dezembro, com os concorrentes já em pré-temporada. Não foi o caso e o próprio time leonino já se reapresentou no CT, longe do caos político.
15º bate-chapa em 50 anos
Em tese, o dia foi marcado por um bate-chapa, com Yuri à frente da situação e Luciano Bivar à frente da oposição. Na prática, foi um dia de aclamação, com algum esforço dos próprios opositores. Recentemente eleito deputado federal e presidente do leão em seis mandatos, Bivar é o maior “cacique” do Sport. Em enfrentamentos políticos, já havia participado de duas eleições, vencendo em 2001 e 2013. Porém, esta sua chapa não se viabilizou em termos de adesão, com o próprio candidato não ajudando ao deixar claro que a condução executiva ficaria na prática com o vice Augusto Caldas, com Luciano ajudando politicamente com o seu nome, que até hoje era imbatível no clube, e em decisões pontuais. A esta altura da crise, tudo o que o Sport não precisa, na minha opinião, é de um “não presidente”.
Após a inscrição das chapas surgiram denúncias de ambos os lados sobre irregularidades, entre datas e quantidade de conselheiros indicados, mas a comissão eleitoral não acatou, validando as duas – nenhuma denúncia resultaria na impugnação de fato. Com a eleição se aproximando, a chapa “Lealdade ao Sport”, de Bivar, foi ao STJD para suspender a disputa. O que aconteceu. Foi algo tão absurdo, levando em conta que não cabe a estre tribunal específico decidir sobre o tema, que o próprio órgão emitiu uma nova nota no dia seguinte retirando a sua primeira posição. De última hora, a chapa de oposição ainda pediu aos próprios eleitores que não fossem votar. E nem os diretores foram. Eu nunca tinha visto isso. Ainda assim, tiveram 53 votos. Sem mais barreiras na votação, a chapa “Sport do Futuro” venceu com 96,5%, percentual só abaixo de Dubeux em 2010, com 98,2%.
Mais responsabilidade e mais cobranças
Entre as duas candidaturas, a vencedora – judicialização à parte – me parece a mais equilibrada em termos administrativos, mas também tem os seus problemas, como a costura do apoio com a maior torcida uniformizada, e não adiantará reclamar depois caso ocorra algo, e o mau desempenho esportivo. Afinal, ainda que tenha assumido no meio do planejamento, Yuri não evitou o rebaixamento na Série A de 2021 e não conseguiu o acesso na Série B de 2022. Para histórico do clube no Campeonato Brasileiro, um fiasco.
Em 2023 o leão tende a ter um time melhor no início da temporada, com a folha estimada em R$ 1,8 milhão. A cobrança pelos objetivos no campo seguirá paralela à sequência do trabalho estrutural, na Ilha e no CT, e administrativo, com a necessidade de avanço econômico e reforma estatuária, até para que o debate sobre a SAF seja algo mais concreto. Uma boa novidade na composição foi chegada de Gil do Vigor na direção de inclusão e diversidade. Voltando ao futebol, o carro-chefe, a cobrança será muito maior a partir de agora. Primeiro, para justificar o amplo apoio nas urnas. Segundo, para que os resultados possam pacificar um pouco um clube que parece se alimentar da crise…
A chapa eleita: Sport do futuro
Presidente executivo: Yuri Romão
Vice executivo: José Roberto Moura
Presidente do Conselho Deliberativo: Silvio Neves Batista
Vice do Conselho Deliberativo: Rodrigo Guedes
Os maiores bate-chapas no Sport (e os eleitos)
1º) 4.063 votos – 2016 (Arnaldo Barros; 61%, situação)
2º) 3.456 votos – 2008 (Silvio Guimarães; 75%, situação)
3º) 3.441 votos – 2012 (Luciano Bivar; 57%, situação)
4º) 2.997 votos – 1974 (Jarbas Guimarães; 76%, situação)
5º) 2.816 votos – 2000 (Luciano Bivar; 64%, situação)
6º) 2.776 votos – 2018 (Milton Bivar; 88%, oposição)
7º) 2.403 votos – 1978 (José Moura; 87%, situação)
8º) 2.359 votos – 2021 (Milton Bivar; 43%, situação)
9º) 2.224 votos – 1986 (Homero Lacerda; 62%, oposição)
10º) 1.957 votos – 2010 (Gustavo Dubeux; 98%, situação)
11º) 1.818 votos – 2014 (João Martorelli; 84%, situação)
12º) 1.817 votos – 2006 (Milton Bivar; 85%, situação)
13º) 1.696 votos – 2002 (Severino Otávio; 87%, situação)
14º) 1.516 votos – 2022 (Yuri Romão; 96%, situação)
15º) 1.293 votos – 2021 (Leonardo Lopes; 83%, oposição)
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