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Há 70 anos, o principal palco da BA e um dos principais do país. Foto: Copa do Nordeste/Twitter.

Encravada no meio da cidade, a Fonte Nova é um símbolo de Salvador, sendo também o palco mais conhecido do futebol nordestino. Lá, Bahia e Vitória disputaram títulos nacionais, ocorreram jogos pela Copa do Mundo, Copa América, Copa das Confederações e Eliminatórias, além dos diversos campeões nordestinos celebrados no gramado. De estádio a arena, são 70 anos de história, incluindo até mesmo uma passagem como hospital de campanha durante uma pandemia no Brasil.

A seguir, dez curiosidades nessas sete décadas da Fonte Nova em todas as suas caras.

1) Um novo patamar no futebol após a inauguração

A Fonte Nova foi inaugurada em 28 de janeiro de 1951, na época tendo apenas o anel inferior e com capacidade para 30 mil torcedores. A construção do estádio alavancou o futebol baiano, com o já defasado Campo da Graça deixando de ser o principal da cidade. E a Fonte já foi aberta como o maior estádio de toda a região. No jogo inaugural, o Botafogo venceu o Guarany por 1 x 0, gol de Antônio. A partida fez parte do “Torneio Octávio Mangabeira”, na festa de abertura. Ao todo, a disputa amistosa contou com sete clubes de Salvador. Na final, o Bahia ficou com o título ao vencer o Ypiranga por 3 x 2 – curiosamente, aquele ano marcou o 10º e último título estadual do Ypiranga.

2) A transformação no 4º maior estádio do Brasil

O Estádio Octávio Mangabeira, o nome oficial da Fonte Nova, recebeu uma grande reforma entre 1968 e 1971. Além da reestruturação do anel inferior, foi construída uma arquibancada superior, ampliando a capacidade oficial para 96.640 espetadores – na época, só abaixo do Maracanã (200 mil; 1950), do Morumbi (149 mil; 1970) e do Mineirão (130 mil; 1965), considerando os dados antigos. O projeto foi feito por Diógenes Rebouças, o mesmo arquiteto do projeto-piloto. A reabertura aconteceu em 4 de março de 1971, numa rodada dupla com 94.972 pagantes – este recorde duraria 17 anos. Os jogos foram os seguintes: Bahia 1 x 0 Flamengo e Vitória 0 x 1 Grêmio. Segundo relato do jornal A Tarde, surgiu um boato no segundo tempo do segundo jogo sobre uma falha na arquibancada, gerando grande corre-corre. Resultou em 2 mortos e 2.086 feridos.

3) Da tragédia à reconstrução como arena

Após a tragédia na última rodada da Série C de 2007, com o desabamento de parte da arquibancada superior matando sete pessoas, o estádio foi interditado e, posteriormente, demolido – no período, o Bahia chegou a mandar jogos em Feira de Santana. A construção de um novo palco veio no embalo da Copa do Mundo de 2014, ao custo de R$ 689 milhões. A arena no “Padrão Fifa”, com 50 mil cadeiras, manteve a abertura da ferradura voltada para o Dique do Tororó, uma característica marcante do projeto original. A “reinauguração” ocorreu em 7 de abril de 2013, num Ba-Vi pelo Estadual. O leão goleou por 5 x 1, diante de 37.410 torcedores (eu estava lá), com renda de R$ 1,9 milhão, já elevando o patamar das bilheterias locais. Renato Cajá, do Vitória, marcou o 1º gol do jogo que acabou um hiato de 1.920 dias sem clássicos na Fonte Nova. Ainda em 2013, no primeiro jogo da final, o Vitória goleou o rival por 7 x 3, no maior placar do Ba-Vi na nova versão.

4) Com 1,56m, o maior artilheiro da Fonte Nova

O ponta-direita Osni marcou época no futebol baiano, sendo um dos maiores artilheiros da história do Vitória, com 113 gols (é o 3º), e um dos maiores artilheiros da história do Bahia, com 138 gols (é o 5º). Desses 251 gols combinados, fez 63% dentro do campo da Fonte Nova, onde mantém o recorde desde 12 de dezembro de 1984, quando marcou um gol na goleada tricolor sobre o Leônico por 4 x 1. Foi o último dos 160 gols do baixinho Osni no gigante de concreto, sendo 83 vestindo a camisa Vitória (entre 1972 e 1976) e 77 defendendo o Bahia (entre 1979 e 1984). Ou seja, 51,8% pelo rubro-negro e 48,1% pelo tricolor. Equilíbrio puro e idolatria dividida pelo jogador de 1,56m.

5) O recorde de público entre clubes do NE

Na história do Nordeste, 48 jogos passaram de 70 mil espectadores, marca hoje inalcançável considerando a capacidade dos estádios/arenas vigentes. Dentre essas multidões, foram 26 partidas na Fonte Nova, o palco mais recorrente, sendo 12 clássicos entre Bahia e Vitória. O maior público oficial na região ocorreu no Castelão, com 118 mil pessoas vendo Brasil 1 x 0 Uruguai, em 1980. Já num recorte entre clubes, aí a marca fica no estádio soteropolitano, em sua versão mais robusta. Foram 110.438 pagantes assistindo ao jogo que colocou o Bahia na final do Brasileirão de 1988. A partida aconteceu no início do ano seguinte, em 12 de fevereiro – num ajuste do calendário futebolístico como este em 2020/2021. O time de Bobô venceu o Fluminense por 2 x 1 e avançou para a decisão contra o Inter, com a Fonte recebendo o jogo de ida – outro 2 x 1, com 90.508 pessoas; o borderô foi menor por medo das autoridades após a superlotação na semi.

6) O maior Ba-Vi da história

Em 1994, Bahia e Vitória disputaram 12 clássicos no Campeonato Baiano. Sim, o número foi exatamente esse, e com equilíbrio puro. Cada lado venceu vezes, com dois empates na conta, o segundo em 7 de agosto, na finalíssima do Estadual. O jogo recebeu o maior público da história do confronto, com 97.240 pagantes – ou seja, o público total deve ter passado de 100 mil. O tricolor tinha a vantagem do empate, mas suou para isso. O rubro-negro abriu o placar com Dão, com o Baêa buscando a igualdade somente aos 44 do segundo tempo, num chute de canhota do atacante Raudinei. O gol do 1 x 1 e do bicampeonato, desbancando o rival então vice-campeão brasileiro. Surgia ali o “Gol de Raudinei”, numa lembrança às reviravoltas do Bahia nos minutos finais.

7) A casa das finais da Copa do Nordeste

A Fonte Nova detém o recorde de decisões da Copa do Nordeste, considerando a entrega da taça de fato. São 5 finais em 17 edições até hoje. Das cinco partidas decisivas, três aconteceram na versão “estádio”, em 1997 (Vitória), 1999 (Vitória) e 2001 (Bahia), e duas na versão “arena”, em 2017 (Bahia) e 2018 (Sampaio Corrêa). O clássico Ba-Vi decidiu o Nordestão lá em 1997 e 1999, com duas festas leoninas. Ah, o maior público da história da Lampions também foi no estádio baiano, com 69 mil torcedores na final de 2001, com a vitória do Baêa sobre o Sport por 3 x 1.

8) Seleção Brasileira e a Copa América de 1983

A Fonte Nova já recebeu 16 partidas da Seleção Brasileira, sendo 14 do time principal e 2 do time olímpico – um deles pelos Jogos de 2016. Considerando o peso histórico, a maior partida da Canarinha por lá foi a final da Copa América de 1983. Isso mesmo. Naquele ano, o torneio ocorreu num sistema mata-mata, sem sede fixa. Ou seja, um mando em cada país. Na decisão, na ida, o Uruguai venceu o Brasil por 2 x 0, em jogo realizado no Centenário, em Montevidéu. Na volta, a CBF escolheu Salvador. O público atendeu bem ao chamado, com 85.933 torcedores presentes. Em campo, o time de Júnior, Sócrates e Roberto Dinamite chegou a fazer 1 x 0, num gol de Jorginho, e tentou bastante o segundo, mas sofreu o empate aos 32 minutos da etapa complementar, através de Aguilera. O empate em 1 x 1 valeu o 12º título continental dos uruguaios.

9) Seleção Brasileira e a Copa América de 1989

Em 1989 o estádio voltou a receber jogos da Copa América, agora já com o formato de sede fixa – e com o país recebendo o torneio depois de 40 anos. O Brasil atuou três vezes na Fonte Nova durante a primeira fase, mas os públicos não chegaram sequer a 20 mil pessoas, num borderô muito abaixo: 3 x 1 na Venezuela (16.670), 0 x 0 com o Peru (13.778) e 0 x 0 com a Colômbia (14.715). Nada de ingresso caro ou mau tempo. A explicação deve-se à revolta da torcida baiana sobre a convocação de Sebastião Lazaroni, que não chamou jogadores do Bahia, que havia acabado de ser campeão brasileiro – e 10 dos 21 jogadores atuavam no país. Havia Bobô, Paulo Rodrigues e Charles em condições, mas só o centroavante foi chamado, e só na 2ª fase. Assim, teve vaia no hino, ovos nos atletas… Depois do episódio o Brasil só voltou à Fonte seis anos depois. Na história, entre estádio e arena, a seleção principal segue invicta, com 8 vitórias e 6 empates. O próximo jogo na Fonte, pelas Eliminatórias da Copa do Catar, será em junho de 2021, contra o Equador.

10) Copa do Mundo e goleadas

A ideia original da Fonte Nova consistia na presença no Mundial de 1950, mas o estádio acabou ficando pronto só no início de 1951 – e o Recife acabou sendo a única cidade do NE. Na segunda edição do torneio do país, em 2014, a Fonte Nova foi, sem dúvida alguma, um dos palcos mais legais da Copa do Mundo. Saíram 24 gols nos 6 jogos no local, com média de 4. Entre as partidas na remodelada arena multiuso, um repeteco da final de 2010, entre Espanha e Holanda. E os holandeses, vice-campeões, responderam com 5 x 1, incluindo um antológico gol de cabeça de Van Persie, encobrindo Casillas. Alemanha (4 x 0 vs Portugal) e França (5 x 2 vs Suíça) também se deram bem lá. No último jogo em Salvador, pelas quartas de final, a Holanda eliminou a Costa Rica nos pênaltis. Ao todo, foram 300.674 torcedores presentes, com média de 50.112.

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