A tendência é que os centros de treinamento tenham um campo de grama artificial.
Na condição de país-sede do Mundial de 2014, o Brasil teve direito a um fundo de U$$ 100 milhões, através da Fifa, como parte do projeto “Legado da Copa do Mundo”. Entretanto, considerando um período marcado por trocas na presidência da CBF após denúncias de corrupção, com o dinheiro sendo retido, além da pandemia da Covid-19 e entraves políticos e burocráticos, as principais ações ficaram represadas. A principal delas, em termos estruturais, é a construção de 15 centros de treinamento nos 15 estados que não tiveram participação direta naquela Copa. Ou seja, aqueles que não tiveram jogos oficiais.
A verba do “legado” foi pensada em três pilares: alto rendimento, com as competições de base e futebol feminino; social, visando o atendimento de 18 mil jovens entre 6 e 17 anos com aulas de futebol e cidadania; e desenvolvimento, com a estruturação dos estados que não tiveram arenas na Copa. Com descontos e o câmbio fixado em R$ 3,76 pelo contrato, o valor à disposição foi de R$ 239 milhões, com 60% disso voltado para os CTs.
Como o Nordeste teve quatro sedes (Fonte Nova-BA, Castelão-CE, Arena Pernambuco-PE e Arena das Dunas-RN), isso significa que cinco estados terão direito à estrutura financiada pela Fifa, com o repasse via confederação brasileira: Alagoas, Paraíba, Piauí, Maranhão e Sergipe. No entanto, passados quase dez anos daquela edição vencida pela Alemanha, nenhum local foi inaugurado na região. No país inteiro, na verdade, saiu apenas um.
A previsão para 2023
O único “Centro de Desenvolvimento do Futebol” inaugurado foi o do Pará, ainda em 2015, numa área próxima ao Estádio Mangueirão. Segundo a CBF, dez terrenos já foram adquiridos, com áreas de até 24 mil metros quadrados. Uma reportagem recente do UOL traz a informação de que a entidade planeja inaugurar até sete módulos em 2023, embora não aponte quais especificamente. Pelo estágio da obra, um deles deve ser o do Maranhão, em São José de Ribamar, a 32 km da capital. A previsão é acabar ainda neste semestre. Seria o 1º do NE. Outros dois estados já têm locais definidos, Piauí (em Teresina) e Sergipe (em Barra dos Coqueiros, a 3 km da capital). Já Alagoas e Paraíba seguem planejando a área.
A seguir, trago os dados dos dois projetos mais detalhados, com o investimento oscilando entre R$ 6,2 milhões, em Serra-ES, e R$ 8,0 milhões, em Macapá-AP. A diferença deve-se basicamente ao tamanho dos terrenos, já que as instalações são as mesmas, contando com apenas um campo oficial. Ambos os projetos foram elaborados entre 11/2021 e 01/2022. Este projeto-base deve se estender às demais unidades, incluindo as cinco previstas no NE.
O papel do “legado”
Em relação às atividades no Centro de Desenvolvimento do Futebol, a diretora de patrimônio da CBF, Luísa Rosa, deu a seguinte declaração à Band News FM, em maio de 2022: “Estamos em um processo de finalização de licenciamento das obras. O planejamento é que até o fim de 2023 a gente já tenha inaugurado alguns deles, dentro do CBF Social. Os centros de desenvolvimento são focados no fomento do futebol de base, feminino e amador”. Esse foco se aplica à própria realização de competições nesses locais. Segundo o site da confederação, após a contratação da obra, a construção deve durar entre 6 e 8 meses. Falta chegar neste ponto para o “Legado da Copa do Mundo” realmente sair do papel…
Centro de Desenvolvimento do Futebol da CBF
Investimento: entre R$ 6,2 milhões e R$ 8,0 milhões
Área: entre 18 mil m² e 24 mil m²
Tempo de construção: de 6 a 8 meses
Nº de campos: 1 campo oficial com grama sintética
Instalações previstas: 2 vestiários, sala médica, arquibancada para 480 pessoas, estacionamento para 43 veículos (sendo 3 ônibus), banheiros para o público, sala administrativa para a respectiva federação estadual de futebol e depósito
Leia mais sobre o assunto
Os centros de treinamento do G7 do Nordeste, em áreas de 8 a 54 hectares
Abaixo, imagens sobre o conceito da CBF sobre os centros de desenvolvimento do futebol.