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Balanço financeiro do Sport em 2022

O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do leão do Recife nos últimos 6 anos.

O Sport teve o pedido de Recuperação Judicial acatado em 20 de março de 2023, sendo um ato administrativo extremo que possibilita a negociação coletiva das dívidas. Agora, com a publicação do balanço referente a 2022, com duas páginas de números e notas explicativas no Diario de Pernambuco, dá pra entender melhor o caótico cenário rubro-negro. O passivo do clube chegou a R$ 271 milhões, com aumento de R$ 13 mi sobre 2021. Ou R$ 71 mi sobre 2020. É a maior dívida já acumulada pelo clube, com reflexos de muitos anos perdulários. Observando apenas o “passivo circulante” do novo balanço financeiro, com pendências com vencimento em até 12 meses, o quadro fica realmente preocupante.

Afinal, são R$ 215 milhões em pendências até o fim deste ano, incluindo R$ 126 milhões em obrigações tributárias e R$ 37 milhões em obrigações trabalhistas. O aumento bruto no “passivo circulante” foi de R$ 31 mi. É um tanto óbvio que o Sport só arcaria com isso, numa situação normal, com rolagem de dívida. Ou com a SAF, ainda em articulação interna. A auditoria independente das contas do leão, feita pela ARC, diz o seguinte: “essas condições e, principalmente, o não pagamento de tributos, indicam a existência de incerteza significativa que pode levantar dúvida relevante quanto a sua capacidade de continuidade operacional”. Depois, sobre a Recuperação Judicial, atenua: “classificamos tal fato como relevante”.

Receita estável por causa das vendas

No último ano, o leão disputou a Série B, mas, por incrível que pareça, a queda da receita total não foi tão grande, mesmo sem a cota de TV do Brasileirão. No Bahia a redução foi quase pela metade, de R$ 208,6 mi para R$ 108,3 mi (ou -100 milhões). No Sport a queda foi R$ 94,1 mi para R$ 77,5 mi (ou -16 milhões) A diferença no viés esportivo é que o rival de Salvador obteve o acesso, enquanto o clube recifense disputa novamente a Segundona. Mas qual foi a explicação para a “estabilidade”? Foi algo bem pontual.

Em 2022, a maior fonte de receita do Sport foi a venda de jogadores. Não lembro a última vez em que os direitos de transmissão ficaram atrás. O rubro-negro faturou R$ 29,1 milhões com a negociação de direitos econômicos, com destaque para Gustavo, Mikael e Maílson. Em 2021 esse dado havia sido de apenas R$ 4,3 mi. Ainda houve oscilação na bilheteria, para baixo, e no quadro de sócios, para cima – este só deve mudar de patamar no próximo balanço. Mesmo com o faturamento acima da média na Série B, o clube presidido por Yuri Romão voltou a registrar déficit, na subtração da receita líquida no ano pelas despesas.

O 10º déficit consecutivo

O saldo negativo entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2022 foi de -17 milhões, a partir de despesas, sobretudo, com salários do futebol e do administrativo (40 mi), competições (4 mi) e direitos contratuais (20 mi). Fora os “juros passivos”, com o nome autoexplicativo. Ao menos esse dado foi menor. Foram R$ 36 milhões em 2021 e R$ 5 milhões em 2022. Com isso, o Sport chegou a dez anos seguidos registrando déficit no demonstrativo contábil.

Neste período, com vários gestores entre 2013 e 2022, foram 7 anos na 1ª divisão nacional e 3 anos na 2ª divisão. Em tese, a situação geral deveria ser melhor. Curiosamente, nesses mesmos dez anos a Federação Pernambucana de Futebol só registrou superávit, com saldos positivos seguidos. Não por acaso, virou credora dos clubes locais. No documento do Sport há o valor atual devido à FPF: R$ 1,56 milhão em “receitas antecipadas”.

Patrimônio líquido positivo após reavaliação

Em março de 2022, a direção do Sport promoveu uma reavaliação oficial do seu patrimônio, através de uma empresa contratada, a Setape, que subiu o valor de custo do “imobilizado” do clube de R$ 175,8 milhões para R$ 250,7 milhões. Isso inclui terrenos, o estádio da Ilha do Retiro, ginásios, parque aquático e maquinário. Com esse ajuste patrimonial, somado a outros ativos do Sport, o “patrimônio social”, que subtrai todos os ativos por todas as dívidas, segue positivo. Agora é de R$ 26 milhões, mas já perto do limite. De novo.

A seguir, o histórico recente de receitas do Sport. Até hoje, foram apenas três faturamentos acima de R$ 100 milhões, o último em 2018. O clube ainda não divulgou o orçamento de 2023.

Receita total do Sport

2017 (A): R$ 105.471.746 (-18%; -24 mi)
2018 (A): R$ 104.098.716 (-1%; -1 mi)
2019 (B): R$ 39.208.327 (-62%; -64 mi)
2020 (A): R$ 54.527.382 (+39%; +15 mi)
2021 (A): R$ 94.131.145 (+72% +39 mi)
2022 (B): R$ 77.537.146 (-17%; -16 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)

2017 (A): -18.313.641
2018 (A): -14.382.986
2019 (B): -22.644.360
2020 (A): -2.586.638
2021 (A): -70.284.816
2022 (B): -17.459.557*
* O saldo da subtração da receita líquida (75,0 mi) pelo custo operacional (86,7 mi) e pelas despesas financeiras (5,7 mi)

Evolução do passivo acumulado do clube

2017 (A): R$ 183.562.095 (+46%; +58 mi)
2018 (A): R$ 193.439.749 (+5%; +9 mi)
2019 (B): R$ 189.540.801 (-2%; -3 mi)
2020 (A): R$ 200.535.111 (+5%; +10 mi)
2021 (A): R$ 258.049.760 (+28%; +57 mi)
2022 (B): R$ 271.850.487 (+5%; +13 mi)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)

Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos seis balanços do Sport – e as respectivas séries no BR.

Direitos de transmissão na TV

2017 (A): R$ 41,25 milhões
2018 (A): R$ 43,11 milhões (+4%; +1 mi)
2019 (B): R$ 22,42 milhões (-47%; -20 mi)*
2020 (A): R$ 40,90 milhões (+82%; +18 mi)*
2021 (A): R$ 68,96 milhões (+68%; +29 mi)*
2022 (B): R$ 25,11 milhões (-63%; -43 mi)*
* Ao contrário de outros clubes, o Sport não destrinchou a “receita de futebol” nos últimos demonstrativos, cotas de TV a outras fontes.

Quadro de sócios-torcedores

2017 (A): R$ 12,91 milhões
2018 (A): R$ 13,86 milhões (+7%; +0,9 mi)
2019 (B): R$ 6,41 milhões (-53%; -7 mi)
2020 (A): R$ 4,47 milhões (-30%; -1 mi)
2021 (A): R$ 3,24 milhões (-27%; -1 mi)
2022 (B): R$ 4,17 milhões (+28%; +0,9 mi)

Renda nos jogos

2017 (A): R$ 19,51 milhões
2018 (A): R$ 8,06 milhões (-58%; -11 mi)
2019 (B): não detalhado
2020 (A): R$ 4,28 milhões
2021 (A): R$ 17,08 milhões (+299%; +12 mi)
2022 (B): R$ 14,94 milhões (-12%; -2 mi)

Patrocínio/Marketing

2017 (A): R$ 14,94 milhões
2018 (A): R$ 5,65 milhões (-62%; -9 mi)
2019 (B): R$ 4,58 milhões (-18%; -1 mi)
2020 (A): R$ 7,66 milhões (+67%; +3 mi)
2021 (A): não detalhado
2022 (B): não detalhado

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