Foram 1.549 votos, ou 37,8% dos 4.089 sócios aptos. Deu Becker. Foto: Matheus Cunha/Náutico.
Numa eleição arrastada, com troca de candidatos, desistências e votação apertada na boca de urna, o advogado Bruno Becker venceu Alexandre Asfora e será o presidente do Náutico no biênio 2024-2025. Terminou o pleito com 934 votos (60,2%), contra 615 votos (39,7%) do adversário. É a terceira vez que a oposição vence nos Aflitos. As anteriores foram com Glauber Vasconcelos, em 2013, e Marcos Freitas, em 2015. Encabeçando a chapa “Todos pelo Náutico”, Becker, de 45 anos, terá como vice-presidente a jornalista Tatiana Roma, que torna-se a primeira mulher a ocupar um cargo executivo no clube alvirrubro.
O novo mandatário do timbu já havia passado na direção do clube. Durante a gestão de Edno Melo, que chegou a inscrever a candidatura nesta temporada, Bruno Becker ocupou a vice-presidência jurídica, deixando a função em 2021. Esse “know-how” na área é importante para duas frentes enormes que o Náutico já vem trabalhando, com a sequência da Recuperação Judicial, numa negociação coletiva mediada pela justiça, para reduzir e pagar o passivo, e com a articulação para a implantação da Sociedade Anônima do Futebol.
A 5ª eleição aberta da história alvirrubra
Inicialmente, o novo comandante alvirrubro não seria o candidato de oposição. Ao menos não a cabeça da chapa. O nome escolhido havia sido o do também advogado Aluísio Xavier, que acabou impugnado pela comissão eleitoral. Ainda que ele seja do grupo, o fato é que a “caneta” será de outra pessoa. Este pleito vencido por Becker foi o 5º na história do Náutico com a participação direta dos sócios. Antes, num recorte até 2009, apenas os conselheiros podiam votar. O total de votos válidos, com 1,5 mil, foi o terceiro maior volume.
Total de votos nos bate-chapas (e os eleitos)
1º) 2.146 votos para 4 candidatos em 2013 (Glauber Vasconcelos; 73%, oposição)
2º) 1.632 votos para 3 candidatos em 2011 (Paulo Wanderley; 69%, situação)
3º) 1.549 votos para 2 candidatos em 2023 (Bruno Becker; 60%, oposição)
4º) 1.544 votos para 2 candidatos em 2015 (Marcos Freitas; 50%, oposição)
5º) 1.406 votos para 3 candidatos em 2021 (Diógenes Braga; 76%, situação)
* Considerando apenas as eleições abertas aos sócios
Articulação anterior previa R$ 1 bilhão na SAF
Sobre a SAF, que foi o ponto principal nas discussões sobre a nova gestão do Náutico, vale lembrar que em setembro vazou a notícia da negociação com um grupo de investidores, que injetaria quase R$ 1 bilhão em dez anos. Naturalmente, o processo vinha tendo Diógenes Braga à frente, com Bruno Becker passando a ser essa figura. Assim, em 2024, ele terá a responsabilidade de concretizar a implantação da SAF. Não necessariamente com o mesmo investidor, mas a tendência é que dê continuidade. Até porque me parece improvável partir do zero, pois isso incluiria até o estudo sobre o valor de mercado do Náutico.
Paralelamente a isso, há a necessidade esportiva. Com o fiasco em 2023, com a eliminação na Série C ainda na primeira fase, o Náutico terá que retomar todo o processo. Começa o ano com Estadual e Copa do Nordeste, mas não terá a Copa do Brasil, cuja cota inicial seria de quase R$ 1 milhão. Por este motivo, o presidente ainda não adiantou a estimativa da folha do futebol profissional. É algo que posteriormente estará presente no orçamento oficial. Obter o acesso à Série B é a principal meta nos gramados, sem margem pra dúvida.
Olhando pra frente, o novo presidente comentou os planos numa entrevista ao repórter Lucas Holanda, do site NE45. A seguir, destaco as seguintes falas sobre a SAF:
Visão de Bruno Becler sobre a SAF do Náutico:
“Me sinto muito confortável para falar desse tema, porque falo de SAF há dois anos. Falava da necessidade de o Náutico entender as oportunidades que a legislação permitiria. No caso do Náutico é mais do que uma realidade, é uma necessidade, porque nós temos um plano de Recuperação Judicial para ser honrado, então a SAF tem um papel fundamental na quitação dessa dívida.”
“Sobre o modelo, penso que tem que ser um modelo com viés desportivo, que englobe categorias de base ao profissional, tanto futebol masculino quanto feminino. Porque, através do modelo com viés desportivo, e obviamente com investimento, é que se conseguirá revelar atletas e ter um time forte, conquistando os acessos até chegar na Série A e estar disputando títulos, tudo dentro de um planejamento. O primordial é esse projeto desportivo, mas sem perder o pagamento das dívidas e investimentos. Um modelo de SAF que consegue agregar esses três fatores é o ideal.”
“No caso do Náutico, pelas informações que a gente tem, são informações boas, que têm um indicativo bom e que a SAF que negocia com o clube, dentro das informações que temos, está no caminho certo. Sobre as garantias, a própria legislação já traz algumas garantias, mas penso que a maior garantia é que não pode haver, além das mudanças de cores, do hino e escudo, não pode haver venda de patrimônio. Isso é uma garantia básica. E, do outro lado, a garantia de que os aportes deverão ser feitos.”
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