Anúncio da Betnacional
Compartilhe!

Balanço financeiro do Sport em 2024

O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do leão do Recife nos últimos 7 anos.

O balanço financeiro do Sport relacionado a “2024” foi divulgado pelo clube faltando poucas horas para o encerramento do prazo, em 30 de abril. Desde que comecei a acompanhar o tema no blog, esse talvez seja o demonstrativo mais complexo sobre o rubro-negro, devido às várias atuações extraordinárias em 2024, todas presentes no relatório auditado pela BDO. Afinal, além de receitas e despesas regulares, como direitos de transmissão e salários de jogadores, o clube “ampliou” o patrimônio físico, renegociou direitos com a Liga Forte União (LFU), reconheceu dívidas antigas e fechou o acordo de Recuperação Judicial com centenas de credores trabalhistas. Ocorre que nem tudo está documentado em “2024”, com trâmites burocráticos específicos em cada questão. Complicado? Então vamos lá tentar descomplicar.

A receita “contábil” e a receita “real”

Para começar, o rubro-negro refez o dado de 2023 sobre “outras receitas”, um dinheiro obtido à parte da receita operacional regular. Esse item integra, por exemplo, o contrato de R$ 130 milhões com a LFU, com a venda de 20% dos direitos comerciais do Brasileirão por 50 anos – neste acordo, aliás, o Sport havia contabilizado o valor integral mesmo sem receber tudo imediatamente. Com o ajuste, o valor total de “outras receitas” subiu de R$ 131,9 mi para R$ 137,1 mi. Assim, a receita total do clube em 2023, ao menos em termos contábeis, subiu de R$ 206,2 milhões para R$ 212,4 milhões, ampliando o recorde leonino.

Sem um novo contrato em 2024 num porte como esse da Liga, a receita total obviamente foi menor agora, ficando em R$ 165,6 milhões, que ainda representa a segunda maior do Leão até hoje. No entanto, o último faturamento também tem um número sob ressalva. Após 16 anos, o CT José de Andrade Médicis finalmente saiu da “Associação de Contribuintes do Sport” e passou a incorporar o CNPJ do clube – numa época financeira mais complicada, esse grupo de dirigentes tinha a “posse” do CT para evitar penhoras do Sport na Justiça.

Com a “doação”, o termo presente no novo relatório financeiro, ainda que o clube tenha comprado o CT em 2008 e tenha investido lá nesse tempo todo, a receita “ganhou” R$ 35 milhões no último ano. Não houve “dinheiro vivo” nisso, apenas um repasse formal. Então, quanto o Sport teve de “dinheiro vivo” nos últimos anos? Desconsiderando essas nuances, o Sport gerou R$ 72,9 milhões em 2023 e R$ 135,9 milhões em 2024. Foram dois anos na Série B, com o último, onde obteve o acesso, tendo resultados gerais realmente melhores.

Leão recomprou 5% dos direitos no Brasileirão

À parte do acesso à Série A, cuja campanha obviamente impactou no quadro de sócios, que chegou a ter 25 mil titulares a adimplentes, o destaque fica mesmo para a venda de Pedro Lima. A ida do lateral-direito ao Wolverhampton da Inglaterra correspondeu a 44% da receita gerada pelo clube no ano. O Sport contabilizou a venda integral da transação, de R$ 60,2 milhões, ainda que, por contrato, o clube tenha ficado com 70%. Isso daria R$ 42,1 milhões, com o restante de comissão ao próprio jogador – inclusive, o “repasse financeiro de direito econômico” aos atletas resultou numa despesa de R$ 22,1 milhões no próprio clube.

Esse aumento da receita operacional através de uma joia da base foi importante para conter um ano desafiador. Somando custos operacionais, com salários do futebol, operação e logística dos jogos totalizando R$ 92,6 mi, e despesas gerais e administrativas, com serviços, impostos e depreciações totalizando R$ 79,7 mi, o custo total do Sport chegou a R$ 172,4 milhões entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2024. É um valor pouco abaixo do que o clube estimou para 2025, numa temporada na primeira divisão nacional. Assim, mesmo com o incremento do centro de treinamento de 8 hectares, já tendo firmado a compra de mais 14 hectares ao lado, o clube rubro-negro terminou com um déficit de R$ 16,5 milhões.

No ano anterior, o saldo entre receitas e despesas havia sido um superávit de R$ 71,9 milhões, fundamentado no empurrão dado pelo contrato com a LFU. Falando isso, o dinheiro da Liga foi parcelado em três anos, com o último repasse previsto para 2025. Contudo, esse dinheiro, cerca de R$ 30 milhões, deverá ser utilizado pelo Sport para “recomprar” parte dos seus direitos. Um acordo entre os filiados da LFU e o investidor da Liga possibilitou a redução do percentual para 10% ou 15%, em vez de 20%. Portanto, o Sport cedeu 15% pelo Brasileiro.

Passivo sem impacto da Recuperação Judicial

Seguindo agora para as dívidas do clube da Ilha do Retiro, a direção indica um cenário de “estabilidade”, com o endividamento líquido passando de R$ 210,1 mi em 2023 para R$ 224,2 mi em 2024. Em 19 de dezembro, o clube comunicou a aprovação do plano de pagamento na Recuperação Judicial, reduzindo em 80% um montante trabalhista de R$ 123 milhões. Além disso, ampliou o parcelamento com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Na ocasião, o Sport disse que “reduziu o seu passivo total de R$ 396 milhões para R$ 109 milhões”.

Entretanto, isso não foi configurado no demonstrativo contábil. No caso da “RJ”, a redução só poderá ser implementada no balanço após a homologação na Justiça, o que deve ocorrer em 2025. Dito isso, o passivo do Sport, somando dívidas, financiamentos e obrigações contratuais vigentes, continua enorme. Saltou de R$ 276 milhões para R$ 345 milhões. Deste montante, R$ 87 milhões estão em obrigações tributárias, com parcelamentos equilibrados. Por outro lado, o Sport deve R$ 62,6 milhões a fornecedores, entre serviços e materiais. A fatia de pendências com terceiros subiu de R$ 25 mi em 2023 para R$ 55 mi em 2024.

Esses valores com fornecedores somam serviços jurídicos, médicos e intermediação sobre a negociação de atletas. Embora a expectativa da direção seja uma redução substancial do passivo no próximo balanço, o ativo do Sport continua em vantagem na gangorra. Com a incorporação do CT, aumentando o “imobilizado”, e a aquisição de atletas, aumentando o “intangível”, o ativo do tricampeão pernambucano passou de R$ 375 milhões para R$ 428 milhões. Obviamente, não deveria precisar de tanto para ter um saldo positivo…

A seguir, confira o histórico recente de receitas do Sport.

Receita total do Sport no ano

2019 (Série B): R$ 39.208.327
2020 (Série A): R$ 54.527.382 (+39%; +15 mi)
2021 (Série A): R$ 94.131.145 (+72%; +39 mi)
2022 (Série B): R$ 77.537.146 (-17%; -16 mi)
2023 (Série B): R$ 212.435.000 (+173%; +134 mi)
2024 (Série B): R$ 165.665.000 (-22%; -46 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)

2019 (Série B): -22.644.360
2020 (Série A): -2.586.638
2021 (Série A): -70.284.816
2022 (Série B): -17.459.557
2023 (Série B): +71.999.000
2024 (Série B): -16.587.000*
* O saldo da subtração da receita líquida (162,0 mi) pelo custo operacional (172,4 mi) e pelas despesas financeiras (6,2 mi)

Evolução do passivo acumulado do clube

2019 (Série B): R$ 189.540.801
2020 (Série A): R$ 200.535.111 (+5%; +10 mi)
2021 (Série A): R$ 258.049.760 (+28%; +57 mi)
2022 (Série B): R$ 271.850.487 (+5%; +13 mi)
2023 (Série B): R$ 276.144.000 (+1%; +4 mi)
2024 (Série B): R$ 345.697.000 (+25%; + 69 mi)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)

Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos quatro balanços do Sport – e as respectivas séries no BR.

Direitos de transmissão na TV

2021 (Série A): R$ 68,96 milhões
2022 (Série B): R$ 15,23 milhões (-77%; -53 mi)
2023 (Série B): R$ 19,53 milhões (+28%; +4 mi)
2024 (Série B): R$ 25,17 milhões (+28%; +5 mi)

Quadro de sócios-torcedores

2021 (Série A): R$ 3,24 milhões
2022 (Série B): R$ 4,17 milhões (+28%; +0,9 mi)
2023 (Série B): R$ 12,61 milhões (+202%; +8 mi)
2024 (Série B): R$ 15,16 milhões (+20%; +2 mi)

Renda nos jogos

2021 (Série A): R$ 17,08 milhões
2022 (Série B): R$ 11,14 milhões (-34%; -5 mi)
2023 (Série B): R$ 16,60 milhões (+49%; +5 mi)
2024 (Série B): R$ 14,49 milhões (-12%; -2 mi)

Patrocínio e Marketing

2021 (Série A): R$ 7,10 milhões
2022 (Série B): R$ 13,68 milhões (+92%; +6 mi)
2023 (Série B): R$ 17,46 milhões (+27%; +3 mi)
2024 (Série B): R$ 19,31 milhões (+10%; +1 mi)

Leia mais sobre o assunto
Sport tem orçamento recorde em 2025, mas é o menor do quinteto do NE na Série A

Pesquisa de torcida da InfoMoney aponta o Sport em 10º lugar no Brasil; confira

Estudo destaca o Sport como o 18º clube mais valioso do Brasil; veja o Top 40


Compartilhe!