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Uniformes do Retrô em 2025

O próximo passo estrutural do clube deve ser a construção do estádio. Foto: Retrô/Instagram.

Campeão da Série D em 2024, vice-campeão pernambucano em três oportunidades nos últimos quatro anos e classificado às oitavas de final da Copa do Brasil de 2025, o Retrô começa a colher os frutos esportivos de um dos maiores investimentos já feitos em Pernambuco – no Nordeste, na verdade. O clube-empresa de Camaragibe foi fundado em 15 de fevereiro de 2016 e filiou-se à FPF no ano seguinte, mas apenas para as competições de base. Naquele primeiro momento, a sua receita anual foi de R$ 492 mil. Na contabilidade oficial, esse dinheiro foi obtido numa doação do seu presidente/dono com o objetivo de pagar a taxa de filiação da federação, de R$ 395 mil. Hoje, essa taxa custa R$ 1,85 milhão.

A partir das temporadas seguintes, o clube da Região Metropolitana do Recife passou a complementar a sua receita bruta através de “empréstimos e financiamentos a longo prazo”, ainda que com a mesma origem. Em 2018, no primeiro demonstrativo contábil a registrar essa movimentação no “passivo não circulante”, que trata das obrigações com prazos superiores a um ano, foram feitos dois empréstimos. Um de R$ 374 mil em nome do empresário Laércio Guerra, o dono do Retrô, e outro de R$ 353 mil através do Instituto Brasileiro de Gestão & Marketing, a Faculdade IBGM, que pertence ao próprio Laércio.

Aquele passivo de R$ 727 mil foi a primeira “dívida” do clube-empresa, cujo projeto foi mesmo pensado a longo prazo. Em 2024, após sete anos neste modelo, essa “dívida” com empréstimos chegou a R$ 49 milhões. As aspas são necessárias poque esta sempre foi a ideia do empresário, tanto que os empréstimos continuam sendo contabilizados como passivo não circulante. Nos balanços dos clubes, é muito mais comum observar empréstimos do tipo no “passivo circulante”, com vencimentos de curto prazo.

Próximo passo estrutural será o estádio

Praticamente sem bilheteria na Arena Pernambuco, cotas de televisão, vendas milionárias ou grandes premiações, o clube não conseguiria se capitalizar para a transformação que ocorreu após a sua entrada no profissionalismo, em 2019. Em 2025, por exemplo, começou o Estadual com uma folha mensal de R$ 1 milhão, a segunda maior da edição, e um CT todo equipado e já utilizado por clubes de outros estados e até pela Seleção Brasileira Sub 18.

Somando os últimos cinco balanços, que englobam as suas presenças na Série A1 do PE, o Retrô teve uma despesa acumulada de R$ 58,0 milhões. Deste total, o gasto com o futebol foi de R$ 26,4 milhões. O restante, com R$ 31,5 milhões, foi para despesas administrativas e gerais, sobretudo para obras estruturais. O déficit acumulado neste quinquênio foi de R$ 39,9 milhões. A Fênix pagou com os empréstimos do dono. Em entrevista ao Podcast 45 Minutos, durante a decisão do último Campeonato Pernambucano, Laércio disse que o valor ainda é metade do lastro projetado. Originalmente, o objetivo era chegar à Série B em 2024.

Batendo na trave seguidas vezes na Série D, o clube só saiu de lá justamente em 2024, com direito ao primeiro título de sua história. Tendo que recalcular a rota para manter o objetivo de se colocar entre os 40 principais clubes brasileiros, Laércio Guerra estima que o passivo possa chegar até R$ 100 milhões, seguindo a lógica de empréstimos através de suas outras empresas, independentemente do ramo. Inclusive, comentou na mesma ocasião que a ideia é iniciar a construção do estádio de 12 mil lugares ainda este ano. E o retorno disso tudo?

Gasto com futebol superou estrutura pela 1ª vez

De acordo com o novo balanço financeiro do Retrô, publicado no site da FPF em 30 de abril, o passivo total subiu de R$ 40,0 milhões para R$ 50,9 milhões, com as pendências contraídas em empréstimos representante hoje nada menos que 96,5%. Em relação ao destino deste dinheiro, o relatório sobre 2024 traz uma novidade, que começa a responder a pergunta do parágrafo anterior. O custo das atividades do futebol profissional superaram as despesas gerais e administrativas pela primeira vez. Era uma inversão necessária.

O gasto com o futebol passou de R$ 5,6 milhões para R$ 10,7 milhões, enquanto as demais despesas passaram de R$ 7,1 milhões para R$ 8,8 milhões. O objetivo é que os próximos balanços tragam receitas balanceadas com premiações e cotas mais robustas, como já é o caso da Copa do Brasil deste ano, onde o clube já faturou R$ 7 milhões, e também com a venda de atletas, uma vez que o Retrô já tem dezenas de garotos espalhados no país. Somente depois será possível pensar em “quitar” os empréstimos internos. A conferir.

Veja os últimos cinco balanços financeiros do Retrô: 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024.

Receita total do Retrô

2020: R$ 177 mil
2021: R$ 1,36 milhão (+668%)
2022: R$ 2,48 milhões (+82%)
2023: R$ 5,27 milhões (+112%)
2024: R$ 8,83 milhões (+67%)

Despesas do Retrô

2020: R$ 7,22 milhões
2021: R$ 9,17 milhões (+27%)
2022: R$ 9,28 milhões (+1%)
2023: R$ 12,79 milhões (+37%)
2024: R$ 19,58 milhões (%)
* Custo do futebol + despesas administrativas + despesas gerais

Resultado do exercício (superávit/déficit)

2020: -7,10 milhões
2021: -7,84 milhões
2022: -6,78 milhões
2023: -7,47 milhões
2024: -10,72 milhões
* O saldo da subtração das receitas líquidas pelo custo operacional

Passivo com empréstimos e financiamentos

2020: R$ 14,40 milhões
2021: R$ 23,46 milhões (+9,0 mi)
2022: R$ 31,55 milhões (+8,0 mi)
2023: R$ 37,36 milhões (+5,8 mi)
2024: R$ 49,17 milhões (+11,8 mi)
* O valor do passivo é acumulado a cada ano

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