“Boa tarde a todos. Uma empresa do Rio de Janeiro está interessada em assumir o clube. Uma das propostas seria assumir todas as despesas e levar os jogos do Flamengo de Arcoverde para a Arena Pernambuco. E você torcedor, o que acha?”
Essa foi a mensagem que o Flamengo de Arcoverde publicou em seus perfis oficiais no twitter e no facebook em 28 de março, mesmo dia em que o Pleno do STJD decidiu manter a punição de 13 pontos sobre o clube, devido a escalações irregulares – na votação, 5 x 1. Assim, o time acabou na lanterna do Campeonato Pernambucano, com pontuação negativa (-5).
Logo após o fim da 1ª fase, o então presidente Olavo Bandeira já havia publicado uma nota se desligando do comando executivo após quatro temporadas. Ou seja, caos. Ainda assim, surpreendeu o anúncio da proposta – na mesma semana em que a Red Bull “adquiriu” o Bragantino, com promessa de investimento de R$ 45 milhões. Não há comparação financeira, só a curiosidade sobre o momento da possível decisão do Fla, que pode mudar os rumos do tigre do sertão.
Respondendo às queixas dos torcedores, o clube ainda comentou:
“A empresa fez a proposta de assumir o clube, inclusive indicando um presidente. O clube passaria todo para empresa. Na realidade, infelizmente, como todos sabem, manter um time de futebol não é fácil. Alguma providência tem que ser tomada. Existem alguns débitos que o clube tem e precisam ser quitados. Se a empresa fizer o investimento, terá todo direito de administrar da forma que quiser, inclusive mudando o nome.”
Em 2016, o Flamengo chegou a passar por uma mudança radical, trocando o rubro-negro pelo verde e criando um escudo inspirado no do Corinthians – usou a campanha do acesso à elite local. Na ocasião, manteve o nome Flamengo e o mando no Estádio Municipal Áureo Bradley, com capacidade para 3 mil pessoas. Desde então, foram três anos na primeira divisão. Em 2019, durante os três meses de disputa, o clube gastou R$ 259 mil, considerando folha, aluguel de apartamento para concentração, viagens, alimentação, taxas, ressonâncias etc. Somando cota de tevê, patrocínios e bilheteria, menos de R$ 190 mil. Déficit de R$ 63 mil.
Talvez por isso, o clube tenha lançado a seguinte enquete na sequência da polêmica…
“Qual a melhor solução para o Flamengo de Arcoverde?
1 – Encerrar as atividades
2 – Repassar para alguém que queira pagar as dívidas e assumir o clube”
Nota do blog
Até o momento, a história segue vaga. Sem o nome da empresa, sem o tamanho do investimento, sem o detalhamento das obrigações do clube e, claro, do próprio investidor. O interesse da iniciativa privada no futebol não é novidade, mas o surgimento deste caso logo após um descenso à segunda divisão, com o calendário a ser retomado somente no segundo semestre de 2020, não faz muito sentido. Em relação à mudança de sede para a arena, seria basicamente o fim do “Flamengo de Arcoverde” como instituição ligada ao município sertanejo de 73 mil habitantes.
Provavelmente, não haveria mobilização de apoio da cidade de origem, a 252 km da capital, com o clube tendo que buscar novos adeptos. E a possível empresa deve ter consciência disso, focando apenas no adesão de um clube profissional já estabelecido, tanto que até o nome pode ser mudado (registro: até aqui, nenhum indício de participação da gestão da arena). Em 2018 e 2019, a Acadêmica Vitória mandou os seus jogos na arena, mas apenas porque o Carneirão, o palco tradicional de Vitória de Santo Antão, está interditado. No período, a média do tricolor das tabocas foi de 835 e 1.078 pessoas, respectivamente. Difícil imaginar algo diferente disso na A2 de 2020…
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