Neste gráfico do estudo da CBF, especificamente, o cenário é “favorável” à Série A.
Um estudo encomendado pela CBF traçou um comparativo em relação à venda dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro com as cinco principais ligas nacionais da Europa (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália). Produzido pela auditoria Ernst & Young (EY), com dados sobre o cenário de 2018, o relatório aponta que o futebol brasileiro movimentou R$ 52,9 bilhões no ano – ou 0,72% do PIB.
Especificamente sobre a TV, o estudo expõe a disparidade e o formato de negociação, com o país sendo o único a ter acordos individuais – na verdade, também havia um modelo centralizado aqui, via Clube dos 13, mas o bloco foi implodido em 2012. Com isso (mas não só por isso), a disparidade da maior cota para a menor também é a maior no comparativo. Atualmente, a receita anual de transmissão gerada pela 1ª divisão nacional corresponde a 55% da Ligue 1, da França, a competição com a menor receita cota televisão no “Big 5”. Em relação à Premier League, apenas 17%. Tendência a longo prazo?
Apesar da diferença, com o torneio inglês sendo 6 vezes maior, o fato é que o campeonato também é, de longe, melhor. Em termos de público presente, por exemplo, 38,2 mil x 18,8 mil. No nível técnico, com os jogadores contratados, a diferença, vendo na tevê, parece até maior.
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Aspa do estudo sobre a venda para a TV
“As receitas derivadas dos direitos de transmissão são de extrema relevância para os Clubes de Futebol no Brasil e no mundo. Os eventos esportivos ao vivo representam as maiores audiências nos grandes centros da Europa e Estados Unidos. Para citar como exemplo na Espanha, em 2018 das 50 maiores audiências 47 foram eventos esportivos. Mais do que representar uma fonte de receita significativa, a exploração dos direitos para o mercado internacional é de suma importância para que os clubes possam explorar outras receitas (ex: licenciamento de marca) e principalmente tornar a marca um produto internacional. O mercado brasileiro possuí características diferentes quanto ao formato de negociação dos direitos para o mercado nacional bem como da exploração para o mercado internacional como pode ser percebido no quadro a seguir.”
Eis a transcrição do tal quadro citado.
Inglaterra
Competição: Premier League
Faturamento recorrente: R$ 24 bilhões
Negociação dos direitos: centralizada
Total de receita com TV: € 2,41 bilhões
Diferença enre o maior e o menor valor: 1,6x
% de direitos internacionais: 34%
Espanha
Competição: La Liga
Faturamento recorrente: R$ 13 bilhões
Negociação dos direitos: centralizada
Total de receita com TV: € 2,11 bilhões
Diferença enre o maior e o menor valor: 6,2x
% de direitos internacionais: 42%
Alemanha
Competição: Bundesliga
Faturamento recorrente: R$ 13 bilhões
Negociação dos direitos: centralizada
Total de receita com TV: € 1,39 bilhão
Diferença enre o maior e o menor valor: 1,9x
% de direitos internacionais: 17%
Itália
Competição: Série A
Faturamento recorrente: R$ 9 bilhões
Negociação dos direitos: centralizada
Total de receita com TV: € 1,09 bilhão
Diferença enre o maior e o menor valor: 4,4x
% de direitos internacionais: 33%
França
Competição: Ligue 1
Faturamento recorrente: R$ 7 bilhões
Negociação dos direitos: centralizada
Total de receita com TV: € 845 milhões
Diferença enre o maior e o menor valor: 2,1x
% de direitos internacionais: 9%
Brasil
Competição: Série A
Faturamento recorrente: R$ 4 bilhões
Negociação dos direitos: descentralizada
Total de receita com TV: € 468 milhões
Diferença enre o maior e o menor valor: 7,4x
% de direitos internacionais: não aplicável
Confira o estudo completo sobre o “Impacto do Futebol Brasileiro” clicando aqui.