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A variação dos orçamentos dos clubes nordestinos a partir dos efeitos da pandemia.

O estudo “Análise Econômico-Financeira dos Clubes do Futebol Brasileiro – 2019”, produzido por uma equipe do Banco Itaú BBA, avaliou os balanços de 24 clubes brasileiros, incluindo 5 nordestinos – Bahia, Ceará, Fortaleza, Sport e Vitória. O tema já foi abordado no blog. Aqui, trato de outro assunto presente no relatório, com a visão dos especialistas do maior banco privado do país sobre as receitas dos clubes em 2020, já sob efeito do Coronavírus, que paralisou as atividades no futebol durante quatro meses. Já era esperada uma queda em relação às previsões orçamentárias elaboradas pelos próprios clubes, mas a nova projeção assusta.

Inicialmente, o quinteto nordestino previa R$ 517,9 milhões em receitas totais. Além dos meses parados, a volta do futebol não prevê a presença de público na arquibancada, além da redução dos quadros de sócios de norte a sul. Além do próprio mercado do futebol, com compras e vendas numa rotação bem abaixo. Considerando tudo isso, a soma das receitas no ano, de acordo com a equipe do Itaú, deverá chegar no máximo a R$ 291,3 milhões.

Ou seja, uma redução de R$ 226,6 mi (-43,7%). Sem contar que todos os clubes deverão ter déficit, com mais despesas (com muitos contratos firmados bem antes da pandemia) que receitas. Como principal exemplo, neste contexto, o Ceará, que vinha de cinco superávits seguidos e já estimava mais um nesta temporada. Pela previsão do Itaú, tende a terminar com -1,4 mi, mas sem assustar, pois o clube segue equilibrado. A seguir, o comparativo entre os orçamentos originais sobre 2020, cujo último foi divulgado em dezembro de 2019, e os novos, calculados de uma vez pelo banco, em julho. Na sequência, as observações presentes no estudo sobre os cinco times. Sobre a nova previsão para 2020, o texto diz o seguinte:

“Antes de tudo, o objetivo não é acertar os resultados, mas indicar a tendência. O mais importante numa projeção está justamente em conseguir antever o problema ou a possibilidade. Nas páginas deste capítulo veremos o que tende a acontecer com o fluxo de caixa dos clubes em 2020 e como eles devem se preparar para enfrentar os problemas, especialmente com o que se desenha para o 2º semestre do ano. O cenário que traçamos para 2020 considera os números realizados em 2019 como referência a adotamos premissas de variações para cada linha de receita e custos. Para os clubes que tiveram receitas e custos associados a conquistas de títulos desconsideramos estes valores, aplicando-os apenas ao resultado final consolidado.”

Previsão orçamentária de 2020, pós-pandemia (calculada pelo Itaú, em julho)*
1º) R$ 100,4 milhões – Bahia (-78,6 mi; -43,9%)
2º) R$ 68,7 milhões – Ceará (-31,7 mi; -31,5%)
3º) R$ 65,4 milhões – Fortaleza (-43,6 mi; -40,0%)
4º) R$ 37,5 milhões – Sport (-40,0 mi; -51,6%)
5º) R$ 19,3 milhões – Vitória (32,7 mi; -62,8%)
* Entre parênteses, a diferença em relação à previsão original

Previsão orçamentária de 2020, original (divulgada pelos clubes, no início do ano)
1º) R$ 179,0 milhões – Bahia
2º) R$ 109,0 milhões – Fortaleza
3º) R$ 100,4 milhões – Ceará
4º) R$ 77,5 milhões – Sport
5º) R$ 52,0 milhões – Vitória

Leia mais sobre a análise do Itaú
Raio x sobre os balanços de Bahia, Ceará, Fortaleza, Sport e Vitória. Do rumo certo ao milagre

A seguir, a análise do banco sobre o “2020” dos cinco nordestinos presentes no estudo.

Bahia
Receita total: R$ 100,4 milhões
Custo e despesas: 121,9 milhões
Saldo: -21,5 mi

“Expectativa de redução de receitas em todas as linhas, da ordem de 38%. Cenário pode mudar caso haja montante maior de venda de atletas. No lado dos custos, por mais que haja tentativa de reduções, o ano começou com fortalecimento de elenco e isso significa mais custos. Mesmo com possíveis ajustes a ideia é de que a redução não seja maior que 10%. Cenário final é de geração de caixa negativa de R$ 21 milhões, o que significa necessidade real de aumento de dívidas para fazer frente a este cenário.”

Ceará
Receita total: R$ 68,7 milhões
Custo e despesas: R$ 70,1 milhões
Saldo: -1,4 mi

“Cenário desafiador para 2020, mas dado a consistência da gestão é bastante aceitável. Imaginamos queda de 30% nas receitas, que podem ser compensadas com aumento na venda de atletas. Mas o clube não pode ser rebaixado, o que quase ocorreu nas duas últimas temporadas, pois isso impacta as receitas com TV. Trabalhamos com redução de 18% nos custos e despesas, mas aqui o clube tem mais margem para reduzir, dado os montantes elevados de 2019. No final, com geração de caixa (EBITDA) pouco abaixo de zero, e ainda boa capacidade de se alavancar por ter dívidas baixas, o Ceará tem condição de atravessar as dificuldades de 2020.”

Fortaleza
Receita total: R$ 65,4 milhões
Custos e despesas: R$ 73,4 milhões
Saldo: -8,0 mi

“A expectativa é de 2020 pior, especialmente impactado pela redução de valores recebidos de sócios torcedores e bilheteria, que é uma importante fonte de renda. No lado dos custos e despesas esperamos redução da ordem de 26%, com corte de custos com pessoal e outros ajustes. O cenário esperado é de pior desempenho e isso tende a elevar a dívida. Mas nada que signifique mudança relevante na estrutura.”

Sport
Receita total: R$ 37,5 milhões
Custo e despesas: R$ 37,9 milhões
Saldo: -0,4 mi

“O cenário que é possível traçar indica aumento de receitas por conta do aumento dos valores a receber da TV jogando a Série A. Se tentar seguir custos na mesma linha sobrará pouco para honrar qualquer dívida. Se optar por controlar custos a chance de retornar rapidamente à Série B é elevada.”

Vitória
Receita total: R$ 19,3 milhões
Custo e despesas: R$ 43,2 milhões
Saldo: -23,9 mi

“Se mantendo na Séria B o ano de 2020 tende a ser bastante difícil para o Vitória. Se não vender atletas a situação tende a ser dificílima ao final da temporada.”


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