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Na última eleição em cada um foram 2.776 votos na Ilha, em 2018, e 1.252 no Arruda, em 2017.

No fim de semana, João Campos foi eleito com 56% dos votos e, aos 27 anos, tornou-se o prefeito mais jovem do Recife, numa construção de imagem sobretudo a partir do sobrenome. Paralelamente a isso, as idiossincrasias políticas da cidade seguiram no futebol. Enquanto a população escolhia o novo gestor, os dois clubes mais populares implodiam politicamente.

No mesmo dia da eleição majoritária, um domingo, acabou o prazo de inscrições de chapas na eleição do Santa Cruz visando o triênio 2021-2023. No dia seguinte, 30 de novembro, foi o último dia para a efetivação das chapas na eleição do Sport, visando o comando no biênio 2021-2022.

Em ambos os casos, valeu a força – e de maneira forçada – de quem sempre esteve à frente do processo. No segundo turno da capital, em que pese o cenário cuja concorrente, Marília Arraes, também compartilhava o histórico político familiar, a “máquina” mostrou-se difícil de ser superada. É assim em basicamente todas as eleições majoritárias, com o envolvimento maciço, mesmo que, eventualmente, o índice de aprovação não seja dos melhores. Não é diferente no futebol. A vitória da oposição no futebol é algo raríssimo.

Em quatro décadas, considerando o histórico de bate-chapas levantado no blog, só uma vitória oposicionista no rubro-negro (em 1986) e só uma vitória oposicionista no tricolor (em 2006). Para isso, é preciso que a situação tenha errado muito para perder espaço dentro do clube – como numa prefeitura, com inúmeros cargos diretivos e apoiadores. Por linhas distintas, os dois clubes chegaram a um cenário semelhante, com a situação sem uma chapa (ou mesmo a cabeça da chapa) definida até a data-limite previamente definida.

Na Ilha, Milton Bivar, então presidente, foi sondado para a reeleição, lançou-se candidato e depois acabou retirando a candidatura, terminando com a licença do cargo. A cronologia foi paralela ao desempenho do time no Brasileirão, da surpreendente folga sobre o Z4 à séria ameaça de queda. No Arruda, com o atual mandatário, Constantino Júnior, optando por ficar fora do novo pleito, os caciques articularam vários nomes sem sucesso, esbarrando na rejeição da torcida, após anos com o mesmo modelo de gestão, sem tanta abertura aos sócios – além do mau desempenho nos campeonatos nacionais, tão determinante quanto. Nos dois rivais das multidões, essa indefinição foi driblada em reuniões extraordinárias do Conselho Deliberativo, com a votação da proposta de adiamento das eleições. De dezembro/2020 para fevereiro/2021 no Santa e março/2021 no Sport. Coincidentemente após o término das respectivas divisões no Campeonato Brasileiro, cujo resultado tende a ser ponto chave.

De antemão, digo que não vejo problema no adiamento. Já havia falado outras vezes, no blog e no podcast, que a temporada excepcional, devido à pandemia, pode demandar soluções excepcionais. Terminar o mandato após a “temporada futebolística” de 2020, que desta vez entrará no próximo ano, faria sentido – com gestão de elenco, pagamentos, acertos etc. Desde que isso ocorresse num processo às claras, com antecedência. Algo de que, de forma inexplicável, não foi considerado nos clubes, mesmo com a crise sanitária (e econômica) estabelecida há meses. Desta forma que estamos vendo, não. É manobra. É jogo sujo.

É a condução de um processo pensando não no clube em si, mas na proteção da “situação”, do poder vigente, muitas vezes determinado por sobrenomes de muita estrada interna. Perceba que até aqui não falei da capacidade de gestão e articulação de candidato algum, nem da situação nem da oposição – nem mesmo sobre a Prefeitura do Recife. Este seria outro debate – natural no processo democrático. O foco é na luta para tentar vencer um quadro estabelecido, enraizado, beirando o pertencimento. Seja pela máquina, pelo sobrenome ou pelos meandros estatutários interpretados livremente dependendo do objetivo.

Passada a campanha, fazer valer voto é bem difícil. E a fiscalização é essencial…

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