A evolução dos orçamentos do Bahia em 4 anos. A receita superou a previsão em 2018 e 2019.
A direção do Bahia apresentou o orçamento para 2021 em 15 de fevereiro, paralelamente ao encerramento da 36ª rodada do Brasileirão de 2020, esticado ao ano seguinte devido à pandemia. Em 16º lugar, uma posição acima do Z4, o tricolor tinha 39% de risco de queda a duas rodadas do fim, segundo o Infobola. Por isso, o clube lançou, na verdade, dois orçamentos, um em caso de permanência na A e outro em caso de descenso à B.
A diferença enorme entre as duas divisões era algo esperado, mas o número impacta o peso da colocação final no campeonato. Estar ou não na elite do futebol nacional, nesta temporada, representará uma diferença de R$ 63.428.553 no caixa. A disparidade deve-se basicamente à receita de transmissão na televisão. Na 1ª divisão o clube poderá chegar até R$ 171,9 milhões, incluindo R$ 22 mi de receitas geradas em “2020”, mas que serão asseguradas só agora. Deste total, a TV representaria 47,4%, com R$ 81,5 mi.
Já na 2ª divisão, onde esteve pela última vez em 2016, o clube estimou uma arrecadação de R$ 108,5 milhões. Seria a sexta vez seguida acima do patamar centenário, embora com o menor valor do período. Esse montante inclui R$ 15 mi de receitas de “2020” – o valor extra menor em relação à elite é justificado pela classificação final, com o rebaixamento consumado. Na segundona, a TV representaria 24,9% do total, com R$ 27,1 mi. A queda é acentuadíssima neste quesito porque não há mais a “cláusula paraquedas” no contrato, quando recebia a cota cheia mesmo na Série B. Assim, o tricolor receberia a cota básica, de R$ 6,9 milhões líquidos.
Em ambos os cenários, o clube prevê superávit, com mais receitas que despesas. Porém, vale a ressalva sobre o perfil menos conservador sobre receitas variáveis, como Copa do Brasil (3,8 mi) e Nordestão (3,3 mi), cujos valores correspondem à 3ª fase e à semifinal, respectivamente. Do G7 do Nordeste, o Bahia foi o terceiro a divulgar o orçamento de 2021, mas o primeiro a listar também um cenário alternativo de queda, devido ao período excepcional – pode até ter soado impopular junto à parte da torcida, mas, na minha visão, foi um traço de planejamento.
O orçamento de 2021 e a receita extra de 2020 no ano (e o total)
Na Série A: R$ 149,675 mi + R$ 22,254 mi (R$ 171,929 milhões)
Na Série B: R$ 92,722 mi + 15,779 mi (R$ 108,501 milhões)
Durante a apresentação ao Conselho Deliberativo, o Bahia também deu os primeiros detalhes do demonstrativo financeiro sobre 2020, que será divulgado até 30 de abril. O clube chegou a projetar R$ 179 milhões, um orçamento recorde no NE, mas a “receita realizada” foi de R$ 137 milhões, ou 76% do imaginado – com déficit de R$ 20 mi. Considerando a pandemia, foi até além. Em julho, o banco Itaú analisou os cenários dos nordestinos devido à paralisação pela Covid-19 e estimou uma queda para R$ 100 milhões no Baêa – ou 56% do orçamento. Num comparativo com o faturamento de R$ 137 mi, a receita em 2021 poderá subir R$ 34,9 milhões (+25,4%), se ficar, ou sofrer uma redução de R$ 28,4 milhões (-20,8%), se cair. A conferir.
A seguir, as previsões de pontos importantes para a receita tricolor em cada divisão.
O orçamento do Bahia em caso de permanência na Série A em 2021
R$ 81,5 mi – Direitos de TV, com 18,7 mi de 2020
R$ 25,8 mi – Mensalidades de sócios
R$ 25,0 mi – Venda de direitos econômicos de atletas
R$ 15,0 mi – Patrocínio/Marketing, com 647 mil de 2020
R$ 12,8 mi – Luvas da TV, com 2,8 mi de 2020
R$ 9,3 mi – Loja Esquadrão
R$ 0 – Bilheteria (hoje, sem público)
Receita líquida: R$ 153,6 mi (já excluindo as deduções)
Despesa prevista: R$ 146,1 mi (saldo final de +7,5 mi)
O orçamento do Bahia de caso de queda à Série B de 2021 (e a diferença para a A)
R$ 27,1 mi – Direitos de TV, com 12,2 mi de 2020; -54,4 mi
R$ 20,0 mi – Mensalidades de sócios; -5,8 mi
R$ 25,0 mi – Venda de direitos econômicos de atletas; igual
R$ 12,7 mi – Patrocínio/Marketing, com 647 mil de 2020; -2,3 mi
R$ 12,8 mi – Luvas da TV, com 2,8 mi de 2020; igual
R$ 8,3 mi – Loja Esquadrão; -1,0 mi
R$ 0 – Bilheteria (hoje, sem público)
Receita líquida: R$ 95,6 mi (já excluindo as deduções)
Despesa prevista: R$ 89,9 mi (saldo final de +5,7 mi)
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