Foram 1.406 votos, ou 37,3% dos 3.765 sócios aptos. Deu Diógenes (D). Foto: Tiago Caldas/Náutico.
Sem surpresa alguma, Diógenes Braga venceu a eleição executiva do Náutico e será o presidente do clube no biênio 2022/2023. Teve 76% dos votos válidos computados no domingo. O médico veterinário de 46 anos já havia ocupado a vice-presidência nos últimos quatro anos, em dois mandatos com Edno Melo à frente. Responsável direto pelo futebol profissional, fez parte da reorganização alvirrubra, com dois títulos pernambucanos e a conquista da Série C.
Considerando o fim do jejum, que durou 14 anos, e o conturbado cenário político, com quatro presidentes entre 2016 e 2017, entre renúncias e licenças, a sequência do grupo era algo esperado, mesmo numa eleição aberta aos sócios com três chapas inscritas – o último bate-chapa havia sido há seis anos. No entanto, a queda de desempenho na Série B de 2021, após a melhor largada da história em 14 rodadas, acabou colocando o trabalho do dirigente em xeque. Sobretudo pela sua avaliação do setor defensivo, com carência técnica visível. Respaldando o setor, falou que o elenco contava com quatro zagueiros de “alto nível”.
Ao fim de 38 rodadas, embora tenha tido o 3º melhor ataque, com 50 gols, o Náutico teve a 4ª pior defesa, também com 50 gols. Este cenário resultou na 8ª colocação, a onze pontos do G4. Para completar, o escândalo sobre as denúncias de assédio sexual contra um funcionário do clube, irmão do então presidente. Caso sem relação com Diógenes, mas com possibilidade de impacto indireto na chapa, que, afinal de contas, era a candidatura situacionista neste pleito. Nas urnas na sede, porém, o sócio alvirrubro avaliou especificamente o futuro trabalho de Diógenes – que não terá o lastro político de Edno, que não pôde tentar uma segunda reeleição devido à regra estatutária. O novo vice, o antigo cargo de Diógenes, é Luiz Filipe Figueirêdo.
Para 2022, o timbu volta a ter um calendário robusto. Além do Estadual e da Série B, as únicas disputas nesta temporada, está de volta à Copa do Brasil e à Copa do Nordeste, garantindo cerca de R$ 2 milhões só com a 1ª fase dos dois torneios, que adicionam cotas de premiação a cada classificação. Por sinal, este papel passa a ser especificamente de Diógenes. Nos últimos dois biênios, o quadro financeiro ficou a cargo de Edno, que procurava não se intrometer no futebol, nem com o time em alta e nem com o time em crise.
Caberá ao novo mandatário exercer, e bem, uma função dupla ou achar alguém qualificado o suficiente para dar conta da engenharia financeira do clube de Rosa e Silva, cuja receita vem chegando no máximo a R$ 20 milhões no recorte esportivo fora da elite nacional. Um número baixo e que fica realmente dimensionado com o passivo de R$ 160 milhões. Não por acaso, são dez anos seguidos tendo mais despesas do que receitas. A “austeridade”, outra palavra marcante durante a derrocada na segundona, continua sendo parte importante, mas sem abrir mão do carro-chefe que move o Náutico. O futebol. E aí é com Diógenes Braga, de novo.
Votação na eleição do Náutico para o biênio 2022/2023
1º) 1.069 votos (76,0%) – Diógenes Braga (Avança Náutico)
2º) 230 votos (16,3%) – Plínio Albuquerque (Inova Náutico)
3º) 107 votos (7,6%) – Bruno Becker (Náutico Sustentável)
Nº total de votos válidos nos bate-chapas nos Aflitos (e os eleitos)
1º) 2.146 votos – 2013 (Glauber Vasconcelos; 73%, oposição)
2º) 1.632 votos – 2011 (Paulo Wanderley; 69%, situação)
3º) 1.544 votos – 2015 (Marcos Freitas; 50%, oposição)
4º) 1.406 votos – 2021 (Diógenes Braga; 76%, situação)
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