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Balanço financeiro do Náutico em 2021

O gráfico com a evolução das receitas e das pendências do timbu do Recife nos últimos 7 anos.

No último dia do prazo original, em 30 de abril, o Náutico divulgou o seu demonstrativo contábil referente a 2021. O documento traz pouquíssimos números, sendo apenas uma “versão sintética” com o objetivo de não ferir a lei. Internamente, uma prévia do balanço já foi apresentada ao Conselho Deliberativo. Assim, a versão definitiva do clube deve sair até 30 de maio, o novo prazo dado pela Receita Federal para este ano – antes, havia a dúvida se isso valia apenas para pessoas físicas ou também para associados privadas, daí a divulgação básica com duas folhas.

Partindo para a análise, sobre o que é possível observar neste momento, a receita alvirrubra finalmente voltou a passar de R$ 20 milhões, superando bastante a previsão orçamentária da direção, que foi bem conservadora, na casa de R$ 12 milhões. Este cenário aconteceu após sete anos oscilando entre R$ 14 mi e R$ 19 mi – abaixo, confira o histórico das finanças do clube. Assim, o faturamento entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021 foi o maior do Náutico entre as temporadas fora da Série A, que registram ganhos substancialmente maiores devido ao contrato de transmissão. Lembrando que esta versão sintética não detalhou a origem das receitas, como tevê, mensalidades, bilheteria, venda de atletas etc.

Gasto com futebol superou a receita

É importante frisar que a cifra de R$ 20.095.000 foi alcançada mesmo tendo apenas duas competições oficiais no calendário, o Campeonato Pernambucano, quando o timbu voltou a vencer o Sport numa decisão após 53 anos, e a Série B, na qual arrancou com uma invencibilidade de 14 jogos, mas acabou ficando em 8º lugar. Na temporada atual, de 2022, o clube teve Copa do Nordeste e a Copa do Brasil, que devem elevar ainda mais o próximo número final. Em relação às despesas, as atividades sociais e esportivas, neste caso leia-se futebol, já custaram mais que toda a receita operacional no ano.

Ao todo foram R$ 20,107 milhões em salários e encargos. Neste segmento houve um aumento de R$ 3,459 milhões de 2020 para 2021. Como o clube também teve gastos operacionais de R$ 4,817 mi e ainda R$ 24 mil em despesas financeiras, a despesa absoluta foi de R$ 24,948 milhões. Com isso, o balanço resultou num saldo negativo de -4,853 milhões, déficit próximo ao do balanço anterior – ambos os anos presididos por Edno Melo. Assim, o Náutico chegou a 11 anos consecutivos tendo mais despesas que receitas. Em tese, a sequência de déficits pode ser até maior, pois os números à disposições, no blog, começam justamente em 2011.

Passivo recorde e ativo como segurança

Em 2018, o Náutico chegou a apresentar um passivo de R$ 284 milhões, que seria, com sobras, o maior da história do clube. Porém, houve uma reapresentação das contas em 2021, com o valor de 2018 caindo para R$ 154 milhões, após renegociações, amortizações e novos cálculos da auditoria. Destaco isso porque agora agora, no balanço de 2021, temos o maior valor já registrado pelo timbu. Embora o crescimento tenha sido de apenas +3,9% sobre o último ano, o valor de R$ 166 milhões é o maior entre os demonstrativos conhecidos.

Ou seja, o passivo atual é 8 vezes maior que a última receita anual, numa relação preocupante. Além disso, as pendências de curto prazo, até 12 meses, que ficam no “passivo circulante”, subiram de R$ 9,7 mi para R$ 16,0 mi. De toda forma, o clube segue tendo um ativo bem superior à soma de todas as suas dívidas. Apesar de balanço patrimonial não destrinchar os imóveis, o “ativo não circulante”, que na prática são os bens do Náutico, como os 41 mil metros quadrados nos Aflitos, estão estimados em R$ 364,3 milhões.

Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos cinco balanços do Náutico – e as respectivas séries no BR.

Direitos de transmissão na TV
2017 (B) – R$ 834.124
2018 (C) – Não informado
2019 (C) – Não informado
2020 (B) – Não informado
2021 (B) – Não divulgado

Quadro de sócios-torcedores
2017 (B) – R$ 4.221.819
2018 (C) – R$ 2.497.245 (-40%; -1,7 mi)
2019 (C) – R$ 3.278.142 (+31%; +0,7 mi)
2020 (B) – R$ 3.715.582 (+13%; +0,4 mi)
2021 (B) – Não divulgado

Renda nos jogos
2017 (B) – R$ 11.033.037
2018 (C) – R$ 7.830.244 (-29%; -3,2 mi)*
2019 (C) – R$ 5.203.775 (-33%; -2,6 mi)*
2020 (B) – R$ 5.690.080 (+9%; +0,4 mi)*
2021 (B) – Não divulgado
* O dado do clube não separa bilheteria e cotas de transmissão

Patrocínio/Marketing
2017 (B) – R$ 2.076.484
2018 (C) – R$ 1.129.114 (-45%; -0,9 mi)
2019 (C) – R$ 1.923.520 (+70%; +0,7 mi)
2020 (B) – R$ 705.138 (-63%; -1,2 mi)
2021 (B) – Não divulgado

A seguir, o histórico de receitas do Náutico nos últimos onze anos, com valores entre R$ 15 mi e R$ 20 milhões durante os anos fora da Série A. Na elite, receitas na casa de R$ 40 milhões. Lembrando que o timbu lançou um orçamento de R$ 21 milhões para 2022.

Faturamento anual do Náutico (receita total)
2011 (B) – R$ 19.236.142
2012 (A) – R$ 41.089.423 (+113%; +21,8 mi)
2013 (A) – R$ 48.105.068 (+17%; +7,0 mi)
2014 (B) – R$ 15.959.176 (-66%; -32,1 mi)
2015 (B) – R$ 18.363.286 (+15%; +2,4 mi)
2016 (B) – R$ 16.723.513 (-8%; -1,6 mi)
2017 (B) – R$ 19.825.262 (+18%; +3,1 mi)
2018 (C) – R$ 14.325.243 (-27%; -5,5 mi)
2019 (C) – R$ 17.525.211 (+22%; +3,1 mi)
2020 (B) – R$ 17.047.629 (-2%; -0,4 mi)
2021 (B) – R$ 20.095.000 (+17%; +3,0 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)*
2011 (B): -1.643.179
2012 (A): -392.993
2013 (A): -721.320
2014 (B): -13.346.684
2015 (B): -10.839.793
2016 (B): -4.608.166
2017 (B): -41.040
2018 (C): -2.302.666
2019 (C): -1.722.733
2020 (B): -4.651.752
2021 (B): -4.853.000
* O saldo da subtração da receita líquida pela despesa anual

Evolução do passivo acumulado do clube (circulante + não circulante)
2011 (B) – R$ 62.442.207
2012 (A) – R$ 71.979.517 (+15%; +9,5 mi)
2013 (A) – R$ 87.816.127 (+22%; +15,8 mi)
2014 (B) – R$ 137.364.572 (+56%; +49,5 mi)
2015 (B) – R$ 149.267.447 (+8%; +11,9 mi)
2016 (B) – R$ 155.639.544 (+4%; +6,3 mi)
2017 (B) – R$ 165.936.253 (+6%; +10,2 mi)
2018 (C) – R$ 154.519.748 (-6%; -11,4 mi)
2019 (C) – R$ 155.868.532 (+0,8%; +1,3 mi)
2020 (B) – R$ 160.013.674 (+2%; +4,1 mi)
2021 (B) – R$ 166.326.481 (+3%; +6,3 mi)

Leia mais sobre o assunto
O balanço oficial do Náutico sobre as contas de 2021, com publicação no site oficial


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