A torcida do Santa Cruz durante o Clássico das Multidões no Sub 20. Foto: Rafael Vieira/FPF.
Em 28 de julho, durante a semifinal do Campeonato Pernambucano Sub 20, o Arruda recebeu um público numeroso, enchendo as sociais. E não foi um dia de portões abertos. O acesso até foi liberado aos sócios, mas o Santa Cruz só tem 2 mil adimplentes. Os demais pagaram R$ 10. Ainda que o time não tenha correspondido em campo, sendo eliminado pelo Sport com um categórica 0 x 3, o visual na arquibancada expôs, após quatro meses, a demanda reprimida pela ausência de calendário do time profissional no restante de 2024.
Sem borderô publicado, é possível estimar cerca de 4 mil espectadores no domingo. Numa Série D estaríamos vendo cinco vezes mais, por baixo. Entretanto, o tricolor vive o seu pior momento e ficará nove meses sem jogos oficiais. Portanto, ainda faltam cinco. Essa demanda considerável continuará, e agora até sem os juniores. E também segue o discurso da direção do clube, com a articulação sobre a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) se arrastando há tempos. É até natural que um negócio que envolve milhões de reais seja discutido, rediscutido, analisado, ponderado etc. Por sinal, dezenas ou centenas? Não se sabe.
Modelo da SAF ainda em discussão
O tema é tratado pelo presidente Bruno Rodrigues como uma prioridade em 2024, mas continua sem cifras concretas, sem metas esportivas para os investidores e sem o impacto da SAF no enorme passivo do clube. E aqui estamos falando de R$ 292 milhões em dívidas acumuladas, de acordo com o último demonstrativo contábil divulgado. No caso, o de 2022, pois o documento com as contas de janeiro a dezembro de 2023 está atrasado.
Acredito no trabalho de bastidores da direção coral e creio que a meta ainda pode ser cumprida neste ano, mas também espero mais clareza sobre uma transformação que irá influenciar na paixão de muita gente. Segundo as principais pesquisas, o Santa tem mais de 1 milhão de torcedores. E essa povão está esperando bastante. Por um 2025 com calendário cheio, quando voltará a ter o Brasileirão, mesmo que seja a Série D, e por uma situação econômica que possibilite, depois de muitos anos, um cenário realmente competitivo.
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