Daniel em sua última partida, a 50ª em três passagens no leão. Foto: Anderson Stevens/Sport.
As duas derrotas seguidas na Ilha do Retiro, ambas por 1 x 0, com ineficiência ofensiva e seguidas falhas da defesa, encerraram a terceira passagem de Daniel Paulista como técnico do Sport. O revés diante do São Paulo colocou o leão na zona de rebaixamento, resultando, no dia seguinte ao jogo, num comunicado oficial breve no twitter do clube. Esta foi a 3ª demissão em 5 rodadas, após Coritiba (Barroca por Jorginho) e Goiás (Ney Franco por Thiago Larghi). Neste caso de Daniel, que atuou como bombeiro nas passagens anteriores, salvando o clube da queda em 2016 e 2017, vejo mais como um erro conceitual da direção em relação ao Brasileirão.
Eis um trecho da análise do blog no dia do anúncio de Daniel, em 15/02:
“O seu trabalho deve ir além da organização tática (e técnica) do time. Passa pela reorganização do elenco. Que ele tenha, de fato, carta branca da direção para os ajustes urgentes. A implantação de um sistema de jogo eficiente precisa acontecer paralelamente ao aproveitamento dos jogadores realmente capacitados.”
Daniel foi uma aposta pessoal do presidente Milton Bivar para substituir Guto Ferreira. O trabalho, porém, durou apenas 17 jogos, entre Estadual, Nordestão e Série A, com 6V, 5E e 6D, tendo 45% de aproveitamento. Refinando o retrospecto, só com o Campeonato Brasileiro, o treinador teve 1V, 1E e 3D, com 26% dos pontos – 4 em 15. Nesta temporada, de fato, a missão de Daniel era difícil, mas, para completar, o caminho escolhido por ele foi o mais difícil também. Comparando com a análise anterior, não houve reorganização do elenco, com apenas três nomes efetivos, Patric (lateral-direito), Ricardinho (volante) e Lucas Venuto (ponta).
Já a carta branca, se houve, não foi utilizada, com mudanças pontuais, como Sander no banco em alguns jogos e a troca dos goleiros. Era preciso enxugar o elenco, caro para um rendimento tão abaixo. Mais rodado, Daniel poderia ter insistido nisso. Por fim, o sistema de jogo. Me chamou a atenção como o Sport começou o Brasileiro, considerando as 5 partidas realizadas, tentando jogar de uma forma muito mais aberta do que se imaginava. O time não fez uma boa preparação e não tem peças de qualidade. Logo, a organização defensiva deveria ser o primeiro ponto, que acabou não funcionando a partir das seguidas falhas, com o time tendo que reagir no placar muito cedo – sofreu gol antes dos 15 minutos em 3 dos 5 jogos.
Por que a insistência em Maidana? O papel tático de Betinho é suficiente para manter um jogador com rotação tão abaixo? Três atacantes e praticamente nenhum chute na barra… Até quando? O jogo aberto, com proposta ofensiva, é o desejo natural de quem gosta de futebol. Caso exista um mínimo de conjunto para isso. A prioridade do Sport é criar este conjunto, compactado. Antes, então, é preciso alguém que entenda, realmente, o papel fragilizado do Sport nesta Série A. Em 2020, infelizmente, é o de tentar evitar o pior. E só.
Torcedor rubro-negro, o que você achou da saída de Daniel Paulista do comando técnico?
Daniel Paulista como técnico do Sport (2016, 2017 e 2020)
50 jogos
24 vitórias (50%)
11 empates (22%)
15 derrotas (30%)
55,3% dos pontos em todas as passagens
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