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Ilha do Retiro em 2022

Na última reavaliação nem havia as curvas de Wanderson e Dubeux. Foto: Rafael Bandeira/ Sport.

Quanto vale a Ilha do Retiro? Embora não esteja à venda, a propriedade adquirida pelo Sport em 1936 já escalou algumas cifras milionárias ao longo dos anos, entre números defasados nos balanços e estimativas judiciais para a execução de ações. Até 2021, de acordo com o balanço patrimonial do clube, o “imobilizado” do rubro-negro, excluindo veículos e equipamentos, teria um valor de custo de R$ 175,7 milhões.

Esse número congelado há duas décadas, relacionado ao terreno de 101 mil metros quadrados e às edificações presentes, era, naturalmente, distante do mercado. Porém, é preciso ressalvar o tal “valor de custo”, pois anualmente há uma previsão de depreciação contábil do imobilizado. No último demonstrativo do Sport esse número já estava em R$ 125,2 mi. Então valeria só isso? Não. Numa hipotética negociação, esta cifra depreciada seria a menos considerada na mesa, até mesmo pelos interessados.

Seguindo a observação, chegamos em 2020. Ali, uma ação de R$ 658 mil movida pelo ex-diretor Laércio Guerra, hoje dono do Retrô, levou a 2ª Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais da Capital a autorizar um auto de avaliação visando um valor mínimo para um leilão – embora seja algo que na prática não ocorre, sobretudo com a desproporcionalidade da dívida em relação ao bem. Na ocasião, a “Ilha” saltou para R$ 216,0 milhões. Ao contrário de Náutico e Santa, que já haviam passado pelo processo interno de reavaliação patrimonial, aquele valor foi o mais próximo da realidade no leão. Até agora, em 26 de agosto de 2022.

Ao divulgar o balancete financeiro do primeiro semestre, algo inédito desde que passei a acompanhar o tema, o Sport apresentou o ajuste encomendado à empresa Setape. No caso, comparando o último valor depreciado ao novo valor de custo. Neste cenário, o aumento foi de R$ 123,1 milhões, com o patrimônio físico do Sport chegando a R$ 248,7 milhões. O terreno passou de R$ 44,5 mi para R$ 78,6 mi. Já as construções (estádio, sede, ginásios e parque aquático) passaram de R$ 73,0 mi para R$ 162,3 mi, havendo ainda benfeitorias. Apesar da melhora, deixo a ressalva sobre o m² da Ilha. Com R$ 2.462, segue bem abaixo na área, tanto que nenhum prédio vizinho está neste patamar. Nos Aflitos, o m² do Náutico está em R$ 7.960.

E os valores dos Aflitos e do Arruda?

Aproveitando o comparativo, vale relembrar as reavaliações dos rivais. O Náutico já refez as contas duas vezes. Em 2019, o alvirrubro atualizou o seu “imobilizado”, passando de R$ 172,0 mi para R$ 201,6 mi. Entretanto, no último ano o clube relançou todos os seus balanços patrimoniais desde 2018, com ajustes nas contas. Incluindo o patrimônio físico. Agora, a área de 41 mil m² está avaliada, segundo o timbu, em R$ 326,3 milhões, sendo o maior valor do trio de ferro, com o metro quadrado em quase R$ 8 mil. Já o Santa Cruz passou anos com o Arruda avaliado em R$ 63,7 mi, que na minha visão era o dado mais dissociado. Em 2012, a comissão patrimonial encomendou um estudo, com o patrimônio tricolor chegando a R$ 245,1 milhões, com acréscimo de R$ 181 mi (+284%). Este dado só oficializado pelo executivo em 2020.

Patrimônio do trio quase dobrou o valor

Presentes na área central do Recife, os três clubes têm uma distância máxima de apenas 5,2 quilômetros. Somados, os terrenos da Ilha do Retiro, dos Aflitos e do Arruda chegam a 200 mil metros quadrados, fincados em bairros de especulação imobiliária. Antes do ajuste patrimonial promovido pelo trio, entre 2018 e 2022, a soma dos valores de custo dava R$ 411.746.199. Agora está em R$ 820.254.338, com o considerável aumento de 99,2%. É importante pontuar que o proprietário não é obrigado a atualizar o valor do seu imóvel, como na declaração de imposto de renda, por exemplo. Daí os números congelados no passado.

A diferença prática sobre a reavaliação

Logo no início do texto frisei que a Ilha não está à venda. Nem os Aflitos e nem o Arruda. Num futuro breve pode até existir o arrendamento de alguma parte do terreno, algo que o Náutico quase fez quando foi jogar na Arena Pernambuco, mas não a venda. Nem mesmo se os clubes virarem SAF, pois apenas o “futebol” seria negociado. Então, qual é a mudança prática nisso?

Em termos contábeis, o patrimônio mais robusto diminui o impacto sobre o resultado do “patrimônio líquido”, que é o saldo entre todos os ativos, com bens físicos, intangíveis e caixa, e todas as dívidas. Nos três casos, a reavaliação possibilitou um saldo positivo. No Sport, por exemplo, o patrimônio líquido saiu de um negativo de R$ 78,8 milhões para um positivo de R$ 48,7 milhões. Ou seja, o que o clube possui ainda é superior a todas as dívidas, e são muitas.

A seguir, os números patrimoniais dos clubes do Recife, à parte dos centros de treinamento.

Patrimônio do Sport
Bairro: Ilha do Retiro
Área: 101 mil m² (estádio, sede, ginásios e parque aquático)
Valor de custo: R$ 175.766.697
Reavaliação oficializada em 2022: R$ 248.735.553 (+72 mi; +41%)
M² pelo valor de custo: R$ 1.740
M² pela reavaliação do clube: R$ 2.462

Patrimônio do Náutico
Bairro: Aflitos
Área: 41 mil m² (estádio, sede, ginásio e parque aquático)
Valor de custo: R$ 172.240.502
Reavaliação oficializada em 2018: R$ 326.387.956 (+154 mi; +89%)
M² pelo valor de custo: R$ 4.200
M² pela reavaliação do clube: R$ 7.960

Patrimônio do Santa Cruz
Bairro: Arruda
Área: 58 mil m² (estádio, sede, ginásio e parque aquático)
Valor de custo: R$ 63.739.000
Reavaliação oficializada em 2020: R$ 245.130.829 (+181 mi; +284%)
M² pelo valor de custo: R$ 1.098
M² pela reavaliação do clube: R$ 4.226

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