As imagens do passado nos estádios pernambucanos. Por questão de segurança, itens vetados.
As bandeiras tremulavam em todos os setores dos Aflitos, do Arruda e da Ilha do Retiro. Levar uma bandeira ao jogo era tão comum quanto vestir a camisa de algodão nas cores do clube do coração. Acredite, este era o visual dos estádios pernambucanos nos anos 70 e 80. Na época do Eládio com o “balança mas não cai”, do Mundão sem o anel superior e do Adelmar sem os tobogãs. Nos anos 90, no embalo das maiores torcidas organizadas, com características bem distintas, as bandeiras de hastes enormes começaram a ficar concentradas nos núcleos das uniformizadas.
Seguindo o curso da história, com o aumento da violência antes, durante e depois dos jogos, por uma série de fatores, vieram as proibições em sequência através do poder público. Rolos de papel, sinalizadores e até bandeiras. Ao menos aquelas com hastes, aquelas que realmente davam vida aos estádios. Os suportes dos pavilhões transformaram-se em armas nas mãos de marginais, com a polícia optando pelo veto total em vez do combate às situações pontuais, da insistência na reeducação do público – incluindo punições de mando pelos organizadores.
Assim, São Paulo tornou-se o primeiro centro de futebol no país a proibir oficialmente, através do artigo 5º da Lei 9.470, de 27 de dezembro de 1996. Ideia oriunda de um projeto de lei do deputado Nabi Abi Chedid, que anos depois emprestou o nome ao estádio do Bragantino.
Eis o trecho da lei implantada no estado paulista…
“Nos estádios de futebol e ginásios de esportes mencionados no artigo 1º ficam proibidas a venda, a distribuição ou utilização de:
I – bebidas alcoólicas;
II – fogos de artifício de qualquer natureza;
III – hastes ou suportes de bandeiras; e
IV – copos e garrafas de vidro e bebidas acondicionadas em lata”
Demorou algum tempo, mas Pernambuco também adotou a mesma linha, atendendo à solicitação da Polícia Militar. Dos quatro tópicos acima, apenas as bebidas voltaram ao evento, só em latas e em posse dos vendedores, com os consumidores recebendo copos de plástico – neste caso, de maneira acertada. De uma forma geral, considerando os outros pontos, a festa ficou diferente e sem previsão de volta. Já faz tanto tempo que há muita gente que sequer tem a experiência anterior como base de comparação, vendo uma ou outra bandeira presente no campo, na base da “vista grossa”. Talvez faça parte da evolução do espetáculo. Talvez.
De toda forma, era incrível a atmosfera dos estádios no Recife, algo estendido aos palcos em Salvador, Fortaleza e demais cidades com o futebol massivo. Visualmente, era imbatível.
A seguir, as imagens do passado sem restrição, com as torcidas de Náutico (Arruda, em 84), Santa Cruz (Arruda, anos 80) e Sport (Ilha, em 82). Quantas bandeiras tremulando? Eram incontáveis.
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