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O presidente da comissão especial, Etério Galvão, apresentando os resultados da auditoria interna.

A comissão especial formada pelo Sport para analisar as contas dos últimos dois biênios apontou “indícios de má e temerária gestão”. No período, Humberto Martorelli e Arnaldo Barros foram os presidentes executivos, com receita total de R$ 426.816.813, sendo R$ 217 mi em 2015/2016 e R$ 209 mi em 2017/2018, respectivamente. Formada por cinco pessoas, envolvendo juristas, auditores e economistas, a comissão produziu um relatório com os “documentos disponíveis”.

Numa apresentação aberta a conselheiros e sócios, embora apenas metade do quadro do CD tenha ido, foram apontados problemas em contratos de fornecimento, com valores majorados, ausência do livro caixa (?!) sobre recebimentos e pagamentos e falta de acesso ao contrato com a Rede Globo – no qual o clube terá que pagar o adiantamento de R$ 18 milhões, valor tido anteriormente como “bônus” pelos direitos de transmissão do Brasileirão, durante a gestão de Martorelli. Metade deve ser paga no fim deste ano e a outra a metade fica datada para quando o clube voltar à Série A. Ou seja, já voltará com “R$ 9 milhões a menos”.

No período analisado, o passivo do leão saltou de 121 mi para 193 milhões de reais, boa parte após o processo de reconhecimento de dívidas fiscais. No último ano, porém, teve como agravante o enorme aumento de débitos de curto prazo – para 2019, cerca de R$ 55 milhões.

Isso foi uma consequência da falta de pagamento dos acordos tributários, ponto que já havia sido abordado no blog durante a análise do último balanço – são 14 parcelamentos em aberto, desde o recebimento da certidão negativa de débitos (CND). Além disso, apesar da receita elevada, o clube terminou 2018 devendo quatro meses de salários, mesmo com empréstimos de dirigentes (como os R$ 3 milhões do ex-diretor Laércio Guerra).

Após uma média de receita de R$ 100 milhões nos últimos 4 anos, a estimativa para 2019 é de R$ 40 mi, no máximo. Trata-se do patamar do clube em 2011, antes das supercotas de tevê…

As consequências após a divulgação do relatório interno:
A – Será aberto um processo administrativo interno para apurar possíveis prejuízos ocorridos no período 2015-2018, visando o ressarcimento do clube (caso seja comprovada a irregularidade).

B – Martorelli e Arnaldo foram suspensos do quadro social. Em caso de culpa, será deliberada, durante a assembleia geral do Sport, a possível exclusão dos dirigentes do quadro leonino.

C – Serão encaminhados ao Ministério Público (Estadual e Federal) os documentos que indicam atos tributários ilícitos, visando a investigação dos órgãos. É outro caminho para o ressarcimento.

Fala de Milton Bivar, o presidente executivo (antes da reunião)
“Foram feitas duas auditorias, uma interna e outra oficial, pela BDO, ambas apresentadas ao Conselho. Também foi enviado ao Conselho uma agenda com 12 tópicos para serem analisados.”

Fala de Etério Galvão, o presidente da comissão (durante a reunião)
“Nós não temos o poder do Ministério Público ou do judiciário. Nós não podemos quebrar o sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico de ninguém. Então posso não afirmar, mas há indícios.”

O faturamento anual do Sport (a receita total no exercício)
2011 (Série B) – R$ 46.875.544
2012 (Série A) – R$ 79.807.538 (+32,93 mi)
2013 (Série B) – R$ 51.428.086 (-28,37 mi)
2014 (Série A) – R$ 60.797.294 (+9,36 mi)
2015 (Série A) – R$ 87.649.465 (+26,85)
2016 (Série A) – R$ 129.596.886 (+41,94)
2017 (Série A) – R$ 105.471.746 (-24,12 mi)
2018 (Série A) – R$ 104.098.716 (-1,37 mi)

Evolução do passivo do Sport nos balanços oficiais*
2011 (Série B) – R$ 45.278.851
2012 (Série A) – R$ 27.381.926 (-17,89 mi)
2013 (Série B) – R$ 22.751.467 (-4,63 mi)
2014 (Série A) – R$ 73.396.626 (+50,64 mi)
2015 (Série A) – R$ 121.167.577 (+47,77 mi)
2016 (Série A) – R$ 125.080.279 (+3,91 mi)
2017 (Série A) – R$ 183.562.095 (+58,48 mi)
2018 (Série A) – R$ 193.439.749 (+9,87 mi)
* A soma dos passivos circulante (curto prazo) e não circulante (longo prazo)

Para conferir o relatório completo da auditoria, com 24 páginas, clique aqui.

Abaixo, alguns quadros presentes no documento. Os dois primeiros tratam do ativo e do passivo, em milhares de reais. Houve queda do ativo circulante (27 mi para 13 mi) e aumento do passivo circulante (40 mi para 138 mi). Então, menos dinheiro em caixa e mais dívidas a curto prazo…

A evolução das principais contas do Sport, em milhões de reais. Em 2016, o quesito “outras despesas administrativas” chegou a R$ 44,4 mi, dado superior à projeção orçamentária em 2019.

Os diversos impostos retidos e não pagos totalizam R$ 12,8 milhões.

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