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Em 25 de abril de 2018, na manhã seguinte à aprovação das contas do ano anterior, numa tumultuada sessão do conselho, o presidente Arnaldo Barros, detalhou, ao seu modo, o balanço financeiro do Sport. Pressionado pelos maus resultados no futebol e pelas seguidas notícias de atrasos de salários e de recolhimento de impostos, o mandatário acabou fazendo um grande comparativo, com dados de todas as gestões do clube neste século. Se o objetivo do dirigente era mostrar que quase todos antecessores registraram déficit nos últimos 17 anos anos, o que é verdade, por outro lado mostrou o peso de seu biênio nesse período.

Neste ponto, entendo que a gestão de Arnaldo poderia muito mais, pois o capital esteve acessível como poucas vezes se viu na Ilha. Considerando o balanço de 2017 e o orçamento de 2018, ambos com o aval do conselho deliberativo, o biênio atual deve terminar com uma despesa de R$ 247.702.644. Seria a maior da história do Sport. Supera em R$ 3,36 mi a gestão de Martorelli, de quem Arnaldo Barros foi o indicado na eleição. E olhe que a receita atual é inferior, em R$ 3,39 mi – ou seja, déficit maior, também recorde (o que diminui bastante a comparação feita por Arnaldo).

Analisando as cifras gerais de todos os presidentes leoninos desde 2001, chega-se a um montante de R$ 765.181.419 em receitas operacionais ao longo de 17 temporadas. Desconsiderando a correção monetária, o valor médio é de R$ 45 milhões/ano – dado superior ao faturamento dos dois rivais em 33 dos 34 cenários possíveis, tendo como exceção o 2013 alvirrubro, com R$ 48 mi. O fato de o Sport ser um dos 18 cotistas da tevê pesa bastante – não se discute o merecimento, apenas a situação. Afinal, conta com uma receita diferenciada da Rede Globo pela participação no Brasileirão e a segurança de integralidade em caso de rebaixamento (100% da cota no primeiro ano e 75% a partir do segundo ano na B).

Em 2017, por exemplo, o clube faturou R$ 52.836.664 em direitos de transmissão – somando todas as cinco competições disputadas. Isso corresponde a 48,5% de toda a receita bruta na temporada (108 milhões). Bilheteria (19,5 mi), sócios (12,9 mi) e patrocínios (12,6 mi), outras receitas de peso, somam 45.100.070 (41,4%) – um alento em relação ao balanço anterior, desprovido de detalhes. No caminho inverso disso tudo, o gasto principal, com a folha de futebol. No ano todo foi  de R$ 53.739.223 – mais de R$ 4,4 milhões mensais, já considerando o 13º salário. Surpreendeu, no balanço apresentado, o gasto administrativo (que também inclui viagens de competição), com R$ 20,4 milhões!

Últimas receitas operacionais do Sport
2011 – R$ 46.875.544
2012 – R$ 79.807.538 (+70%)
2013 – R$ 51.428.086 (-35%)
2014 – R$ 60.797.294 (+18%)
2015 – R$ 87.649.465 (+44%)
2016 – R$ 129.596.886 (+47%)
2017 – R$ 108.746.936 (-18%)

Passivo
2011 – R$ 45.278.851
2012 – R$ 27.381.926 (-39%)
2013 – R$ 22.751.467 (-16%)
2014 – R$ 73.396.626 (+222%)
2015 – R$ 121.167.577 (+65%)
2016 – R$ 125.080.279 (+3%)
2017 – R$ 183.562.095 (+46%)

Superávit/déficit
2011 (+321.305)
2012 (+22.541.556)
2013 (-4.963.656)
2014 (-8.627.606)
2015 (-26.528.983)
2016 (-566.411)
2017 (-18.313.641)

Biênio x Biênio
Abaixo, o comparativo entre os biênios executivos neste século, sendo que dois deles (2001-2002 e 2013-2014) tiveram dois presidentes devido ao afastamento da cabeça da chapa – em ambos, Luciano Bivar. O quadro considera a receita líquida de cada gestão, o dado apresentado pelo mandatário – em 2017, por exemplo, isso dá R$ 105.471.747. Considerando o orçamento estimado para 2018, Arnaldo Barros somará uma receita operacional superior ao da década passada (213 mi x 203 mi). Idem com despesa (247 mi x 236 mi) e resultado dos exercícios (-33 mi x -32 mi). 

Dos 9 biênios, apenas um teve superávit, o de Dubeux – mas, por outro lado, o desempenho no campo foi pífio, sem títulos estaduais e com o rebaixamento à Série B. Também chama a atenção o descontrole no gasto a partir de 2015. A receita praticamente dobrou, mas a despesa subiu numa proporção ainda maior. Embora tenha sido presente na elite nacional nos últimos 4 anos, no cenário local o leão conseguiu apenas um título pernambucano.

As mudanças no entendimento do passivo…
Em 2014, o Sport registrou um aumento de R$ 50 milhões no ‘endividamento’ do clube, considerando a soma dos passivos circulante e não circulantes, presentes nos relatórios contábeis. Na época, o aumento fora da curva foi explicado como parte do “reconhecimento de dívidas antigas” – só assim o clube conseguiu as ‘certidões negativas de débito’, possibilitando o contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal. No ano seguinte, com novo aumento acentuado, de R$ 47 milhões, a justificativa se manteve, encerrando o processo. Por isso, havia a expectativa sobre a justificativa para o balanço de 2017, com um salto de R$ 58 milhões, estabelecendo o maior passivo da história leonina, na casa de 183 milhões de reais.

Segundo Arnaldo, neste caso foi resultado de ‘mudanças nas práticas contábeis’, incorporando ao passivo os direitos econômicos em valor integral, salários, luvas e comissões a pagar. Tomou como exemplo o atacante André, que tinha um contrato de 5 anos, no qual apenas o jogador receberia R$ 19,5 milhões. Logo, este valor, devido contratualmente, entrou no passivo como ‘dívida’.

Então, como disse o presidente, o passivo aumentou, mas o ativo também – nos últimos dois anos, R$ 67 milhões. E o supracitado André acabou negociado, já dentro do balanço de 2018, por R$ 10 milhões – então, o passivo, sobre o que o clube deveria pagar ao atleta até 2022, deverá sumir no próximo relatório. Como observação em contraponto a este formato, fica um cenário de passivo onipresente. Se em algum momento zerar o passivo era o objetivo, agora parece impossível.

A frase de Arnaldo Barros destacada no próprio site oficial do Sport:
“Não existe nenhum caos, até porque os números eram previsíveis”

Torcedor rubro-negro, o que você achou do balanço financeiro do clube?


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