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O gráfico com a evolução das receitas e das pendências do rubro-negro de Salvador nesta década.

Após três anos na elite, o Vitória acabou rebaixado, voltando à segunda divisão justamente no primeiro ano sem a “cláusula para-quedas”. Esse acordo permitia aos integrantes do antigo Clube dos 13 uma cota de Série A mesmo atuando na B – e o leão da barra fazia parte da lista desde 1999. Com isso, a queda na receita em 2019 era esperada, mas foi menor do que se imaginava. Como exemplo, o comparativo com o Sport, que viveu situação semelhante. O time baiano ficou bem à frente, 53 mi x 39 mi. Esse valor está no mesmo patamar da última participação na divisão de acesso, em 2015, com R$ 52 milhões – ou R$ 64 mi na correção, ainda assim numa escala próxima.

Então a cota de tevê do rubro-negro não caiu? Caiu, e caiu bastante. De R$ 48,5 milhões para apenas R$ 7,8 mi – sendo responsável pela queda geral de R$ 34 mi. O corte foi superior a 80%. Portanto, o que salvou o clube, segundo a contabilidade finalizada em 4 de junho de 2020, foi a vendas de jogadores. Ao todo, o Vitória apurou R$ 21,2 milhões, o que representa 40% do total. Boa parte através do zagueiro Lucas Ribeiro, cuja negociação foi concretizada em 2020, virando a maior da região (R$ 16 milhões). Ainda em vendas, o demonstrativo indica que o clube tem direito a R$ 2 milhões em 2020 pela venda do atacante Tréllez, junto ao São Paulo.

Em relação ao “freio” na queda da receita, há outra explicação, mas esta mostra que o cenário foi difícil. Parte do valor foi um ajuste contábil em relação às luvas do contrato firmado com a Globo pelos direitos do Brasileirão. Em 2016 o clube recebeu R$ 40 milhões, mas as “práticas contábeis relativas ao reconhecimento de receitas com luvas foram revisadas para adequação da OTG (Orientação Técnica Geral) 2003”. Ou seja, o clube ajustou a receita em método retrospectivo, citando parcelas anuais. Em 2019, R$ 6,33 milhões. Na prática, esse dinheiro foi consumido há anos. Em termos efetivos na temporada, o Vitória manteve um faturamento ruim no Barradão (pouco mais de R$ 2 milhões) e praticamente inexistiu em patrocínios, com R$ 1 milhão – valor irrisório para o tamanho do clube. E em campo o time não correspondeu, ficando apenas em 12º lugar na Série B, com ameaça de um novo descenso durante meses.

Passivo recalculado (e ampliado)
Em relação ao passivo do Vitória, o valor subiu pouco de 2018 para 2019. Entretanto, a explicação está na “reapresentação” do valor de 2018 – prática possível em balanços após análises de novas contas. Em 2018, a soma dos passivos circulante (com pendências de até 12 meses) e não circulante (médio e longo prazo), subiu de R$ 105 milhões para R$ 143 milhões, com R$ 34 mi a mais (+31%). Para 2019 o valor aparece em R$ 144 milhões, sendo R$ 40 milhões em parcelamentos, mas chama a atenção o aumento de “acordos a pagar”, com acréscimo de R$ 14 milhões, a curto prazo.

Observação da auditoria independente RSM
“Em razão do descenso à Série B do Campeonato Brasileiro e consequente queda de receita de contratos televisivos, o Clube diminuiu expressivamente sua capacidade de geração de caixa, o que dificultou o cumprimento de seus compromissos financeiros de curto e médio prazos. A continuidade futura das atividades operacionais dos negócios do Clube, dependerá do sucesso nos esforços da sua gestão, com o objetivo de assegurar a recuperação e o equilíbrio econômico financeiro de suas atividades. Esses eventos e condições indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional do Clube. Nossa opinião não contém modificação em relação a esse assunto.”

Abaixo, um comparativo sobre quatro frentes importantes para a composição da receita no futebol profissional, considerando os últimos três balanços do Vitória – e as respectivas séries nacionais.

Direitos de transmissão na TV
2017 (A) – R$ 50.678.045
2018 (A) – R$ 48.563.000 (-4,1%; -2,11 mi)
2019 (B) – R$ 7.835.000 (-83,8%; -40,72 mi)

Quadro de sócios-torcedores
2017 (A) – R$ 5.557.847
2018 (A) – não divulgado*
2019 (B) – não divulgado*
* O clube somou esta receita às premiações e loterias. Em 2018, R$ 11,7 mi. Em 2019, R$ 14,0 mi 

Renda nos jogos
2017 (A) – R$ 4.270.159
2018 (A) – R$ 3.394.000 (-20,5%; -0,87 mi)
2019 (B) – R$ 2.174.000 (-35,9%; -1,22 mi)

Patrocínio/Marketing
2017 (A) – R$ 5.689.619
2018 (A) – R$ 6.469.000 (+13,6%; +0,77 mi)
2019 (B) – R$ 1.119.000 (-82,7%; -5,35 mi)

A seguir, o histórico de receitas do Vitória nesta década, com um salto de R$ 18,8 milhões em oito anos, embora o auge tenha sido em 2016, ano da assinatura do contrato anterior com a Globo.

Faturamento do clube (receita total)
2011 (B) – R$ 34.200.000
2012 (B) – R$ 52.303.000 (+52,9%; +18,10 mi)
2013 (A) – R$ 65.101.000 (+24,4%; +12,79 mi)
2014 (A) – R$ 61.835.000 (-5,0%; -3,26 mi)
2015 (B) – R$ 52.280.000 (-15,4%; -9,55 mi)
2016 (A) – R$ 111.976.212 (+114,1%; +59,69 mi)
2017 (A) – R$ 88.071.107 (-21,3%; -23,90 mi)
2018 (A) – R$ 87.013.000 (-1,2%; -1,05 mi)
2019 (B) – R$ 53.010.000 (-39,9%; -34,00 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)
2011 (B): +229.000
2012 (B): +204.000
2013 (A): +531.000
2014 (A): +268.000
2015 (B): -7.607.000
2016 (A): +25.912.546
2017 (A): -59.845.190
2018 (A): -4.804.000
2019 (B): -1.831.000

Evolução do passivo do clube (circulante + não circulante)
2011 (B) – R$ 10.441.000
2012 (B) – R$ 57.809.000 (+453,6%; +47,36 mi)
2013 (A) – R$ 59.376.000 (+2,7%; +1,56 mi)
2014 (A) – R$ 64.612.000 (+8,8%; +5,23 mi)
2015 (B) – R$ 76.475.687 (+18,3%; +11,86 mi)
2016 (A) – R$ 66.734.271 (-12,7%; -9,74 mi)
2017 (A) – R$ 109.221.000 (+63,6%; +42,48)
2018 (A) – R$ 143.110.000 (+31,0%; +33,88 mi)
2019 (B) – R$ 144.398.000 (0,9%; +1,28 mi)

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