O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do leão de Salvador nos últimos 6 anos.
O novo balanço financeiro do Vitória, divulgado no último dia do prazo legal, em 30 de abril, traz os números consolidados das duas últimas temporadas do clube. Além das informações sobre 2023, o relatório reapresentou os dados de 2022, com a receita total daquele ano subindo de R$ 42,6 mi para R$ 45,2 mi. Sobre o quadro realmente novo, numa temporada marcada pelo inédito título da Série B, o leão baiano teve uma arrecadação de R$ 72,5 milhões. Foi o maior valor nos cinco anos em que esteve fora da primeira divisão.
Leve aumento nos direitos de transmissão
O aumento da receita aconteceu a partir das mudanças da visibilidade entre estar na Série C (2022) e na Série B (2023). A receita de transmissão, por exemplo, subiu de R$ 3,4 milhões, uma verba irrisória sobre o que o Vitória ganhava na década passada, para R$ 13,5 milhões. Em 2018, que até então era o último ano na Série A, o clube recebeu R$ 48 milhões junto à televisão – e deverá ganhar bem mais em 2024. Seguindo com o comparativo dos dois últimos balanços, o apurado rubro-negro com patrocínio subiu de R$ 6,6 mi para R$ 10,4 mi.
Porém, o grande aumento ocorreu no tópico “premiação, fiel torcedor, loterias e outras”. De forma incomum, o clube costuma somar essas frentes, nada parecidas, num só segmento. Dito isso, o salto foi de R$ 9,4 mi para R$ 26,9 mi – considerando só o programa de sócios “Sou mais Vitória”, o apurado foi de R$ 21 mi, o maior dos últimos anos. Sobre as despesas, é preciso pontuar que o Vitória cita dois centros de custos, o custo operacional no futebol e o custo do clube social/esportes olímpicos. O primeiro, o carro-chefe, consumiu R$ 77 milhões, incluindo tributos e contingências trabalhistas, enquanto o segundo custou R$ 21 milhões.
Previsão de verba da Liga em 2024
Com a despesa geral beirando R$ 100 milhões, o clube de Salvador acabou com saldo negativo na subtração das receitas pelas despesas. Esse “déficit” foi R$ 24 milhões. Em 2022, quando renegociou débitos com a Receita Federal, o rubro-negro havia terminado com saldo positivo (“superávit”) de R$ 34 milhões. E ao contrário de Sport e Ceará, que também jogaram a última Segundona, o Leão da Barra não recebeu dinheiro da liga. Ou quase isso. Pra começar, o time baiano não está filiado à Liga Forte União, que negociou 20% dos direitos do Brasileirão por 50 anos, mas sim à Libra, que não realizou essa operação no período.
Assim, o Vitória não teve um “bônus” para cobrir o rombo contábil. Neste seu retorno à Série A, contudo, há a previsão oficial de recebimento, segundo o seu próprio relatório. Em 2024, o aporte da Libra será de R$ 65 milhões. Eis o pulo do gato: em dezembro houve um adiantamento de R$ 12 milhões, mas não foi contabilizado como “receita” no balanço (só será “creditado” no balanço referente a 2024). Então, pelo menos até esta publicação, o Vitória seguia com um demonstrativo contábil “tradicional” em termos de receita. Ou seja, sem aporte na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e sem repasse milionário da liga.
A seguir, confira o histórico recente de receitas do Vitória.
Receita total do Vitória
2018 (Série A): R$ 87.013.000
2019 (Série B): R$ 53.010.000 (-39%; -34 mi)
2020 (Série B): R$ 39.539.000 (-25%; -13 mi)
2021 (Série B): R$ 61.104.000 (+54%; +21 mi)
2022 (Série C): R$ 45.220.000 (-25%; -15 mi)
2023 (Série B): R$ 72.506.000 (+60%; +27 mi)
Resultado do exercício (superávit/déficit)
2018 (Série A): -4.804.000
2019 (Série B): -1.831.000
2020 (Série B): -20.604.000
2021 (Série B): -42.320.000
2022 (Série C): +34.825.000
2023 (Série B): -24.089.000*
* O saldo da subtração das receitas líquida (70,6 mi) e financeira (4,0 mi) pelo custo operacional (98,8 mi) e pelas despesas financeiras
Evolução do passivo acumulado do clube
2018 (Série A): R$ 143.110.000
2019 (Série B): R$ 144.398.000 (1%; +1 mi)
2020 (Série B): R$ 239.236.000 (+65%; +94 mi)
2021 (Série B): R$ 272.288.000 (+13%; +33 mi)
2022 (Série C): R$ 243.397.000 (-10%; -28 mi)
2023 (Série B): R$ 264.443.000 (+8%; +21 mi)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)
Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos quatro balanços do Vitória – e as respectivas séries no BR.
Direitos de transmissão na TV
2020 (Série B): R$ 6,73 milhões
2021 (Série B): R$ 10,28 milhões (+52%; -3 mi)
2022 (Série C): R$ 3,45 milhões (-66%; -6 mi)
2023 (Série B): R$ 13,51 milhões (+291%; +10 mi)
Quadro de sócios-torcedores
2020 (Série B): R$ 6,44 milhões
2021 (Série B): R$ 3,61 milhões (-43%; -2 mi)
2022 (Série C): R$ 5,06 milhões (+40%; +1 mi)
2023 (Série B): R$ 21,68 milhões (+328%; +16 mi)
Renda nos jogos
2020 (Série B): R$ 619 mil
2021 (Série B): R$ 337 mil (-45%; -0,2 mi)
2022 (Série C): R$ 3,80 milhões (+1027; +3 mi)
2023 (Série B): R$ 6,63 milhões (+74%; +2 mi)
Patrocínio e Marketing
2020 (Série B): R$ 3,22 milhões
2021 (Série B): R$ 2,78 milhões (-13%; -0,4 mi)
2022 (Série C): R$ 6,63 milhões (+138%; +3 mi)
2023 (Série B): R$ 10,46 milhões (+57%; +3 mi)
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