O trecho do regulamento com o novo artigo sobre os mandos na final. Imagem: CBF/reprodução.
A grande decisão da Copa do Nordeste de 2023, entre Sport e Ceará, aconteceu na Ilha do Retiro, que recebeu 26.345 torcedores em 3 de maio, segundo o borderô oficial. Naquele dia, um áudio vazado do presidente da FPF, Evandro Carvalho, dizia de que o estádio iria receber 40 mil pessoas. Ainda que todas as partes envolvidas na organização, incluindo Evandro, tenham negado a superlotação, o volume de torcedores à noite, fora do estádio, acabou gerando tumulto, com a polícia passando do ponto. Pouco tempo depois, o próprio mandatário da Federação Pernambucana de Futebol disse que a CBF passaria a realizar a final do Nordestão apenas em arenas. Declaração dada ao site NE45 em 23 de agosto:
“A CBF ficou muito contrariada com a final na Ilha, foi um transtorno enorme para segurar aquele público, com problemas de venda de ingressos. Não tem condições. Final tem que ser em Arena. Não faz sentido você fazer um jogo de final podendo ter 50 mil pessoas e ter 30 mil, com um por cima do outro, uma confusão.”
Agora, em 9 de dezembro, a CBF enfim publicou o regulamento oficial da Copa do Nordeste de 2024. O texto no documento de 14 páginas não diz exatamente que os dois jogos da final devam ser realizados em arenas, até porque existem apenas quatro na região. No caso, os estádios construído para a Copa do Mundo de 2014: Arena das Dunas (31 mil lugares), Arena Pernambuco (45 mil), Fonte Nova (48 mil) e Castelão (63 mil). Entretanto, um novo artigo foi criado dando à CBF o poder de definição sobre os estádios da final do Nordestão. A seguir, veja o que diz o novo texto sobre a definição do mando na semifinal em jogo único (3ª fase) e na decisão em ida e volta (4ª fase). Preste bem atenção ao artigo 22.
Regulamento sobre o mando de campo na final
Artigo 20 – Para definição do mando de campo da partida única de cada grupo da 3ª Fase e da partida de volta da 4ª Fase, os critérios a serem aplicados serão os seguintes:
1º. Maior somatória de pontos ganhos em toda a competição (soma das fases);
2º. Maior número de vitórias em toda a competição (soma das fases);
3º. Maior saldo de gols em toda a competição (soma das fases).
4º. Maior número de gols pró em toda a competição (soma das fases);
(…)
Artigo 21 – O mando de campo de todas as partidas pertencerá ao Clube colocado à esquerda da tabela elaborada pela DCO.
Artigo 22 – A definição do estádio nas partidas (ida e volta) da 4ª Fase da COPA, de acordo com os critérios estabelecidos no Art. 20, pertencerá à CBF, mediante informação a ser veiculada pela DCO às Federações e aos Clubes, após a realização de vistoria técnica e levando em consideração aspectos de segurança.
As normas mínimas para receber a final
De acordo com o regulamento da Copa do Nordeste, no artigo 31, cada fase estipula uma capacidade mínima para os estádios. Na fase de grupos, 5 mil. Nas quartas e na semifinal, 10 mil. Já na decisão, 15 mil. Além disso, os clubes tem que jogar, necessariamente, no estado da sua federação. Em tese, vários estádios sem perfil de “arena” estariam aptos à próxima final, como o Batistão, em Aracaju, e o Rei Pelé, em Maceió. O jogo só sairá do estado do clube mandante numa situação excepcional, a critério da diretoria de competições da CBF.
A própria Ilha do Retiro poderia se habilitar a uma nova decisão, ainda que em 2024 seja improvável, pois haverá a troca do gramado e do sistema de refletores por lá. O diferencial em PE é a existência da Arena Pernambuco, claro. Isso valeria tanto para o Sport quanto para Náutico e Santa Cruz. Uma hipotética classificação do Vitória à decisão também inviabilizaria o Barradão (devido à presença Fonte Nova)? Não, desde que a organização enxergue o estádio do leão baiano como capaz de receber toda a execução do evento programado para a final, com segurança, iluminação adequada, espaço para shows etc.
De toda forma, a direção da Confederação Brasileira de Futebol fez algo já visto, por exemplo, no Paulistão. No Estadual de 2004, São Caetano e Paulista de Jundiaí decidiram o título no Pacaembu, mesmo com os dois times sediados fora da capital de São Paulo. Na prática, tirando as arenas, será preciso um pouco de política para ver novas decisões na Ilha, Barradão, Arruda, Aflitos e Frasqueirão. Fora a dificuldade esportiva, naturalmente.
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