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A taça da Copa do Nordeste

A seguir, a reprodução da coluna do blog no site Click Esportivo. Foto: Thais Magalhães/CBF

Completando 30 anos de história, a Copa do Nordeste abrirá a temporada profissional do futebol brasileiro em 2024, com a preliminar já em 7 de janeiro. A decisão será em 9 de junho, num domingo. Somando as 21 edições intermitentes, será a 7ª vez em que a competição regional acabará num domingo, algo que vinha sendo raro nos últimos anos. Além disso, não haverá torneios intercalados entre a “ida” e a “volta”, como ocorreu em 2023, atrapalhando o foco. As datas do Nordestão foram confirmadas na atualização do calendário da CBF, em 7 de novembro, uma semana após a versão original.

Pelo novo documento foi possível confirmar também a manutenção do regulamento da fase principal, que tem o mesmo modelo desde 2019. Ou seja, com dois grupos de oito clubes, com os times de uma chave enfrentando apenas os da outra chave na etapa inicial. Após oito rodadas, avançam os quatro melhores de cada grupo para o mata-mata, com quartas de final e semifinal em jogos únicos e a final em duas partidas. Ao todo, 12 datas, novamente espremidas numa disputa por espaço com os nove campeonatos estaduais do Nordeste, fora a Copa do Brasil, que deverá desmembrar pelo menos duas rodadas do Nordestão.

Quanto à fase preliminar, o modelo repetirá a ideia implantada em 2023, tendo apenas duas datas disponíveis, com duas fases eliminatórias em jogos únicos. Com isso, reduzirá rapidamente o número de participantes na seletiva, de 16 para 4. Esses classificados no início de janeiro se juntarão aos 12 clubes pré-classificados à fase de grupos. Ao todo, portanto, são 28 clubes na próxima edição, todos já conhecidos.

Três grandes clássicos já garantidos

Havia uma expectativa sobre a ampliação do mata-mata, a etapa mais valorizada da copa, com a adição de ida e volta nas quartas e semi, mas o número de datas, ainda enxuto, segue sendo um impeditivo. Então, por que não ocorre a redução da fase de grupos para bancar isso? Assim era até 2018, com seis jogos na primeira fase e mata-mata inteiramente em ida e volta. Só que para quem banca a grana, leia-se televisão, é interessante a garantia de jogos pesados já na primeira fase. Não por acaso foi criado o slogan “A Copa dos Clássicos”, tendo até sorteio dirigido, com os rivais estaduais ficando necessariamente em grupos diferentes.

Neste momento, apenas três estados têm dois clubes assegurados na fase principal do NE 2024, garantindo assim o Clássico dos Clássicos, o Ba-Vi e o Clássico-Rei. Logo, Sport de um lado e Náutico do outro, Bahia de um lado e Vitória do outro e Ceará de um lado e Fortaleza do outro. Aí, resta só saber se no “Grupo A” ou no “Grupo B”. Particularmente, acho o regulamento atual interessante, mas me parece pra lá de necessário seguir articulando politicamente, num batalha entre clubes e federações, a ampliação para 14 datas, para poder contar com dois jogos tanto nas quartas quanto na semifinal.

Até porque no modelo vigente do regional a situação fica bastante indigesta para os times visitantes, reservando poucas surpresas nessas duas etapas decisivas. Para um possível aumento da principal competição da região, tanto em termos esportivos quanto em termos econômicos, seria preciso um ajuste razoável no calendário dos Estaduais.

Disputa paralela aos campeonatos estaduais

Hoje, creio, apenas o Campeonato Cearense tem um formato que permite um campeão sem tantos jogos, sem uma tabela arrastada. O regulamento de 2024, já aprovado, prevê de 9 a 11 jogos para o campeão. No Pernambucano 2023, por exemplo, o Sport disputou 15 partidas! Considerando que ainda chegou na final do Nordestão, o leão recifense fez 27 jogos nesta dobradinha. É bastante coisa e acaba pesando depois no longo Campeonato Brasileiro.

O Pernambucano 2024 até será menor na quantidade de times em relação ao ano passado, caindo de 13 para 10, mas a redução de jogos não seguiu o mesmo ritmo. O futuro campeão do torneio organizado pela FPF poderá jogará até 14 vezes. Esse é um ponto bem comum em toda a (des)organização. Não há sinergia. As federações locais criam os seus modelos independentemente das competições acima na pirâmide do futebol, tornando o calendário dos clubes um verdadeiro desafio, que por vezes gera escalações mistas ou até reservas.

A dúvida sobre o streaming do Nordestão

Partindo para a questão econômica, a Copa do Nordeste deve seguir o crescimento econômico retomado em 2023, após dois anos da pandemia da Covid-19. Considerando a volta regular da disputa em 2013, o torneio viu a receita subir anualmente até 2020. A evolução foi de R$ 5,6 milhões para R$ 34,3 milhões. No entanto, os estádios sem torcida e a saída de parte dos anunciantes durante a gravíssima crise sanitária derrubaram o montante para R$ 26,9 mi em 2021 e R$ 27,5 mi em 2022. Nesta temporada, contudo, a edição conquistada pelo Ceará distribuiu R$ 46,5 milhões aos 28 participantes, de R$ 120 mil pela participação na primeira fase da preliminar até o acúmulo de R$ 6,4 milhões pelo titulo.

Esse salto instiga a chegada de uma antiga meta da Liga do Nordeste, que é arrecadar pelo menos R$ 50 milhões por ano. Isso consolidaria o torneio num patamar só abaixo do Paulistão e do Carioca, à parte dos campeonatos nacionais. Em 2023, o Nordestão superou o Mineiro e o Gaúcho com uma vantagem leve. De acordo com a CBF, foram 17 patrocínios firmados no último Nordestão, um recorde. Sendo assim, é possível adiantar que nenhum campeonato estadual, do NE, irá pagar algo próximo à Lampions de 2024. Sobre a transmissão, os jogos seguem nas grades do SBT, na tevê aberta, e da ESPN, na tevê por assinatura, ambas as empresas já assinadas até 2025. Resta a definição sobre o streaming.

Neste ano, o pay-per-view foi firmado em cima da hora, através do canal Nosso Futebol. Só faltavam três dias para a abertura, num indicativo claro de que ainda existem falhas graves na organização e essa foi gritante. No streaming foi pior. Num mercado no qual este modelo ganha cada vez mais importância, ter visto este PPV tão relegado, fora a má qualidade de algumas transmissões, em imagem e conteúdo, foi um golpe duro na Copa do Nordeste. Há tempo para corrigir e avançar, até porque a tendência é que, a partir do atual calendário de competições, a Copa do Nordeste siga sendo uma fonte de receita necessária e uma preparação técnica minimamente adequada para o cada vez mais espinhoso Brasileirão.

Criada em 1994 e chegando aos 30 anos em 2024, a Copa do Nordeste vive a sua maior sequência até hoje. Esta será a 12ª edição consecutiva, acabando as dúvidas sobre a sua importância e continuidade. De fato, é um “produto” forte, mas segue precisando de cuidado…

Ranking de títulos da Copa do Nordeste

1º) 4 vezes – Vitória (1997, 1999, 2003 e 2010)
1º) 4 vezes – Bahia (2001, 2002, 2017 e 2021)
3º) 3 vezes – Sport (1994, 2000 e 2014)
3º) 3 vezes – Ceará (2015, 2020 e 2023)
5º) 2 vezes – Fortaleza (2019 e 2022)
6º) 1 vez – América-RN (1998)
6º) 1 vez – Campinense (2013)
6º) 1 vez – Santa Cruz (2016)
6º) 1 vez – Sampaio Corrêa (2018)


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