A conquista da Segundona seria a maior da história do Central. Imagem: GOAT/reprodução.
Numa espécie de “jogo dos sete erros”, o Lacerdão teve alguns ajustes nos dois primeiros jogos do Campeonato Pernambucano de 2025. O Central estreou contra o Jaguar, em 11 de janeiro, e voltou a atuar em casa oito dias depois, contra o Náutico. Da transmissão da tevê lá do tobogã, uma frase atrás da trave à esquerda chamou a atenção. A parede cinza recebeu a seguinte frase: “Central campeão brasileiro Série B 1986”. Abaixo, compare as partidas pelos mesmos ângulos, com a novidade numa noite de maior visibilidade. Jogada inteligente.
Interpretação entre título e classificação
O clube de Caruaru já havia feito essa pintura algumas vezes, inclusive em outros espaços do estádio, como na marquise. A diferença, agora em 2025, é que a conquista segue sem reposta da CBF após um ano e cinco meses depois de uma notificação oficial. Que sequer foi feita pelo Central. Pois é. Embora a competição tenha sido realizada há 39 anos, o Central ainda almeja o reconhecimento de um título que seria dividido com outros três clubes. Vou tentar resumir a polêmica. Em 1986, o Campeonato Brasileiro da divisão principal teve 48 clubes, com quatro deles vindo do “Torneio Paralelo”, que contou com 36 times.
Entre 1980 e 1985, a segunda divisão nacional foi chamada de “Taça de Prata”, com a confederação rebatizando em 1986. Foram quatro grupos com 9 times em cada. E os vencedores conseguiram o acesso à elite da mesma temporada, não havendo uma fase final do Torneio Paralelo. Então, eis os “campeões”: Treze (Grupo E), Central (Grupo F), Internacional de Limeira (Grupo G) e Criciúma (Grupo H). Nos últimos 15 anos ocorreram algumas tentativas de oficialização, com a direção de competições da CBF se esquivando de responder formalmente. Em 2016, a CBF chegou a dizer em nota à imprensa que o “correto seria mencionar o mérito de 1986 como classificação à Série A”. Mas sem cravar nada.
O ato formalizado pela aliada de Ednaldo Rodrigues
Em agosto de 2023, a presidente da federação paraibana, Michelle Ramalho, encaminhou um ato à entidade nacional a pedido do Treze de Campina Grande – veja um trecho abaixo. A mandatária é uma das principais aliadas do atual presidente da CBF, o baiano Ednaldo Rodrigues. Oficialmente, contudo, a direção da CBF ainda não respondeu este ato da FPF-PB. O pedido do Treze visava, também, a comemoração do seu centenário, que vai acontecer em 7 de setembro deste ano. Será que o aval chega até lá? Independentemente disso, o clube paraibano também pintou o seu estádio, o PV, gravando o título de 1986 na arquibancada. Ainda que os dois clubes do NE sigam esperando a oficialização, a pintura segue em dia.
Trecho do pedido formal do Treze:
“Em relação ao pleito do Treze, tudo é muito mais simples e mais claro: a Taça de Prata, o Campeonato Brasileiro da Série B e o Torneio Paralelo compartilham rigorosamente a mesma finalidade, a mesma até hoje: qualificar clubes para a elite do futebol nacional. Não é justo que apenas aos vencedores de 1986 seja negada a honra, apenas porque a entidade organizadora da competição deixou de estabelecer critérios de desempate e de declaração de Campeão, como fez tanto antes quanto depois de 1986.”
Leia mais sobre o assunto
No embalo do Atlético Mineiro, Treze e Central pediu a homologação do título da Série B de 1986
A seguir, veja a discreta evolução da pintura do Estádio Luiz Lacerda em janeiro de 2025…