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Relógio das Flores em Garanhuns

Se o Sport começasse “hoje”, zeraria o passivo em 2034. Foto: Prefeitura de Garanhuns/Instagram.

A cada ciclo de balanços financeiros, o trabalho é quase sempre o mesmo nos clubes brasileiros, ao menos naquela maioria desorganizada. No caso, com mais despesas que receitas ou, em caso de saldo positivo, o gasto imediato do superávit, com a rolagem das dívidas. E se, bem hipoteticamente, cada clube reservasse 20% do seu faturamento anual apenas para o abatimento de dívidas? Dívidas de todas as áreas, como as trabalhistas, tributárias e do mercado financeiro mesmo.

Foi o que fez o economista Cesar Grafietti no “Relatório Convocados”, divulgado em parceria com a XP Investimentos, nome presente nos últimos tempos devido à criação das novas SAFs. Após calcular a dívida líquida de cada, uma vez que os demonstrativos contábeis não trazem isso com clareza, o estudo ponderou uma receita nos últimos quatro anos, para evitar grande distorções devido a rebaixamentos e/ou acessos, além de conquistas com premiações excepcionais – casos da Série A e da Libertadores. Assim, com 26 clubes na lista, incluindo quatro nordestinos, o Atlético Mineiro é o clube que precisaria de mais tempo para quitar – isso, claro, desconsidera fatores como a aquisição de algum grupo milionário, por exemplo.

Campeão do Brasileirão e da Copa do Brasil em 2021, o galo deve R$ 1,3 bilhão, sendo o único no patamar bilionário. Apesar da receita vultosa no último ano, o clube de BH precisaria de 21 anos. Do NE, o Sport está na pior situação, com 12 anos! Embora a dívida esteja próxima à do Bahia (195 mi x 176 mi), a diferença recente no faturamento pesou contra o rubro-negro.

Não por acaso o tricolor de Salvador precisaria de menos da metade do tempo do rival recifense. Ocorre que não é um padrão a reserva de 1/5 do dinheiro para esta finalidade, mesmo com o bom senso indicando a necessidade. Já os cearenses, como já abordei no blog algumas vezes, apresentam um cenário confortável, com ambos tendo uma receita anual acima da própria dívida, que vem sendo negociada sem pressa. Abaixo, o curioso ranking para a “possível” quitação e, em seguida, as dívidas atuais de cada um, com dados até 31/12/2021.

Quantidade de anos para pagar a dívida usando 20% da receitta anual*
1º) 21,4 anos – Atlético-MG
2º) 15,5 anos – Vasco
3º) 14,4 anos – Cruzeiro
4º) 13,5 anos – Botafogo
5º) 12,0 anos – Sport
6º) 11,9 anos – Coritiba
7º) 10,7 anos – Avaí
8º) 10,5 anos – Corinthians
9º) 8,8 anos – Fluminense
10º) 8,6 anos – Bragantino
11º) 7,7 anos – América-MG e Internacional
13º) 7,5 anos – Athletico-PR e Chapecoense
15º) 7,2 anos – São Paulo
16º) 7,1 anos – Santos
17º) 5,0 anos – Bahia
18º) 3,8 anos – Juventude
19º) 3,0 anos – Palmeiras
20º) 2,7 anos – Flamengo
21º) 2,5 anos – Grêmio
22º) 2,4 anos – Goiás
23º) 2,3 anos – Ceará
24º) 1,9 ano – Fortaleza
25º) 1,7 ano – Cuiabá
26º) 0,7 ano – Atlético-GO
* Considerando a média das receitas dos clubes entre 2018 e 2021

Dívidas totais dos clubes até 2021 (e a variação sobre 2020)
1º) R$ 1,315 bilhão – Atlético-MG (+44 mi)
2º) R$ 963 milhões – Corinthians (+47 mi)
3º) R$ 723 milhões – Cruzeiro (+61 mi)
4º) R$ 710 milhões – Vasco (-14 mi)
5º) R$ 632 milhões – São Paulo (+71 mi)
6º) R$ 578 milhões – Internacional (+32 mi)
7º) R$ 501 milhões – Fluminense (+61 mi)
8º) R$ 465 milhões – Botafogo (-252 mi)
9º) R$ 450 milhões – Flamengo (-132 mi)
10º) R$ 450 milhões – Athletico-PR (+40 mi)
11º) R$ 449 milhões – Palmeiras (-193 mi)
12º) R$ 448 milhões – Santos (+11 mi)
13º) R$ 331 milhões – Bragantino (+157 mi)
14º) R$ 236 milhões – Grêmio (+19 mi)
15º) R$ 225 milhões – Coritiba (-15 mi)
16º) R$ 195 milhões – Sport (+26 mi)
17º) R$ 176 milhões – Bahia (-39 mi)
18º) R$ 101 milhões – América-MG (+7)
19º) R$ 101 milhões – Avaí (+13 mi)
20º) R$ 93 milhões – Chapecoense (-11 mi)
21º) R$ 49 milhões – Ceará (+14 mi)
22º) R$ 44 milhões – Goiás (-8 mi)
23º) R$ 43 milhões – Fortaleza (-1 mi)
24º) R$ 29 milhões – Juventude (-17 mi)
25º) R$ 12 milhões – Cuiabá (+11 mi)
26º) R$ 7 milhões – Atlético-GO (-20 mi)

As análises do blog sobre os balanços do NE
Balanço do Bahia em 2021 tem receita acima de R$ 200 mi e receio na operação em 2022

Balanço do Fortaleza em 2021 tem receita recorde e superávit de R$ 15 mi. Performance…

Balanço do Ceará em 2021 traz 7º superávit e receita recorde; gastou muito também

Balanço do Sport em 2021 tem déficit de R$ 70 milhões e maior passivo da história


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