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Evandro Carvalho e os seus vice-presidentes (Paulo, Murilo e Pedro) na eleição de 2018. Foto: FPF/instagram (@fpfpe)

O presidente da FPF, Evandro Carvalho, ratifica mais um mandato à frente da entidade. Segundo a comissão eleitoral, dos 55 filiados aptos a voto nesta eleição, ou seja, em atividade e em dia com as taxas da federação, 45 apoiaram a chapa do atual mandatário durante a inscrição. Segundo o regulamento, era preciso ter ao menos 10 assinaturas.

Ou seja, teoricamente, poderia haver uma chapa de oposição com os filiados restantes, mas ninguém se interessou. Portanto, o pleito em 25 de setembro serve apenas para confirmar os dez nomes da nova direção, entre presidente, vices e membros do conselho fiscal.

Aproveitando a data, com a permanência de Evandro na federação pernambucana até 2022, fiz uma breve entrevista sobre os principais pontos do dirigente para esse novo quadriênio. Íntegra a seguir.

Quando você assumiu o comando, após a morte de Carlos Alberto (em 2011), um dos projetos era não ter mais a reeleição na FPF. Você cumpriu aquele mandato, teve uma eleição e agora uma reeleição. Com isso, serão 11 anos à frente da FPF. Na história, só ficará atrás do próprio Carlos Alberto (1995-2011) e de Rubem Moreira (1955-1982). O que mudou na sua visão para passar tanto tempo à frente da federação?
“Efetivamente, eu só me submeti a uma eleição e essa (em 2018) é a reeleição. Portanto, nada além do absolutamente corriqueiro em qualquer regime e qualquer estrutura de poder. Uma eleição e uma reeleição. A vacância ocasional (após a morte de Carlos Alberto) não é computada em nenhum sistema eletivo”

Nota: Em tese, Evandro pode ser candidatar novamente em 2022, uma vez que o regulamento não mudou. Portanto, fica a garantia do seu discurso – que tende a ser aplicado, pois o dirigente deve articular algo na CBF.

Nessa nova gestão, até 2022, quais são as suas prioridades em relação ao trabalho na federação? O que deve mudar? O que deve melhorar?
“O foco é , sem dúvida, alocar mais recursos. Nós perdemos R$ 24 milhões do Todos com a Nota (suspenso em 2015). Isso gerou um impacto profundo de desestabilização econômico-financeira. Os nossos clubes contavam com isso para investir no futebol. Isso atingiu não só os grandes, mas toda a estrutura do futebol, inclusive no interior. O que nós temos que fazer nos próximos quatro anos é, seja como for, muito mais do que nós fizemos. Abrimos sinal (de TV) no interior, transmitimos jogos para a Oceania, Ásia e África, mas não bastou, não gerou recursos. Precisamos aumentar os investimentos, como eu tenho conseguido. Se eu consegui R$ 7 milhões, agora temos que conseguir R$ 14 milhões. Nós temos que fortalecer a receita independente de (os clubes) estarem jogando ou não a Copa do Nordeste. Então o foco é esse. O que nós temos que fazer aqui, internamente, é a modernização na federação, com o reconhecimento da Fifa e da CBF , sendo a federação mais estruturada e moderna, com o melhor sistema de gestão, e por aí vai. Isso agora não importa mais. O que é importa é que temos que levantar recursos para os clubes voltarem para a 1ª divisão”

Nota: O dirigente não detalhou esse valor de R$ 24 mi sobre o TCN, se considerou ganhos indiretos ou mesmo a soma dos últimos anos. Porém, entre 2007 e 2015, quando o programa estatal vigorou, os clubes receberam R$ 36 milhões. Sobre o Nordestão, futebol local será representado por Santa (R$ 1,9 mi de cota), Náutico (R$ 1,42 mi) e Salgueiro (R$ 1,22 mi)

Segundo os balanços financeiros das federações, a FPF foi a que teve o maior faturamento entre as nove do Nordeste, com R$ 6,3 milhões em 2017, mais de R$ 1 milhão à frente da Bahia. Considerando esse caixa e a receita total da federação, que já vem com superávit há cinco anos, chegando a R$ 15 milhões de patrimônio líquido, de que forma isso pode ser revertido para o futebol local? 
“O que eu me penitencio é que, afora naturalmente os recursos institucionais, eu consegui alocar em torno de R$ 7 milhões. Foi pouco, eu diria. Eu deveria ter tido conseguido arregimentar R$ 70 milhões. Aí, os clubes estariam na 1ª divisão. Infelizmente, ainda que nenhuma federação (do NE) tenha conseguido investir R$ 7 milhões nos seus times ao longo de 2/3 anos, como eu consegui, fora os valores institucionais normais e contratuais, ainda assim foi insuficiente para que nós mantivéssemos o ápice que nós conseguimos quando eu assumi”

Nota: A FPF é a 5ª federação mais rica do país, segundo os balanços presentes no site da CBF. No último, houve um corte de 25% na folha administrativa, enxugando R$ 905 mil no ano – caiu de R$ 2,57 mi para R$ 1,66 mi. Porém, esse gasto segue elevado, com R$ 127 mil/mês, dado superior à folha de futebol de oito dos onze clubes que disputaram o Estadual de 2018.

Em um ano tecnicamente tão fraco para o futebol pernambucano, com a eliminação de todos os times na 1ª fase da Série D, o rebaixamento do Salgueiro à quarta divisão, a permanência de Santa e Náutico na Série C e a situação difícil do Sport na Série A, qual pode ser o papel da federação pernambucana para melhorar o quadro nacional dos clubes, que vêm perdendo força inclusive no cenário regional?
“Quando eu assumi a federação, não tínhamos nenhum clube na Série A. Eu coloquei dois na Série A (Náutico e Sport em 2012), enquanto nenhum estado do Norte-Nordeste tinha qualquer clube. Depois, mantivemos ininterruptamente um (Náutico 2013 e Sport 2014-2018). Infelizmente, tivemos uma crise futebolística que fez com que dois dos nossos clubes, um deles inclusive que estava na Série A (Santa Cruz 2016), ficassem na C. Paciência. O que a federação pode fazer é injetar recurso, fazer competição, fazer a ‘interface’ (contato) junto à CBF, obter as ações que os clubes entendem que são necessárias em termos de arbitragem etc. Mas não tem como a federação atuar na contratação de atletas ou dentro de campo. Por mais que eu gostasse ou pretendesse, seria uma intromissão minha no clube interferir na gestão privada do clube”

Nota: Em 2012, o Nordeste também foi representado pelo Bahia, que acabou em 15º lugar. Quanto ao novo mandato, caso o Sport seja rebaixado à Série B, Pernambuco terá em 2019 a sua pior representatividade na história no Campeonato Brasileiro desde que o sistema de acesso e descenso foi criado, em 1988 – com 0A, 1B, 2C e 4D.

O que você achou sobre a posição de Evandro Carvalho sobre o próximo mandato? Comente.

A eleição protocolar para a presidência da FPF visando o mandato 2019/2022. Foto: FPF/instagram (@fpfpe)


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