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Náutico x Sport

Os rivais centenários deverão adotar o mesmo perfil contratual. Foto: FPF/divulgação.

Até o fim de 2023, Náutico e Sport deverão constituir as suas versões da Sociedade Anônima do Futebol. É claro que a aprovação da “SAF” precisa ser ratificada numa assembleia geral com os sócios de cada clube, mas as tratativas indicam que o caminho já está avançado. Embora os presidentes do alvirrubro dos Aflitos, Diógenes Braga, e do rubro-negro da Ilha, Yuri Romão, evitem dar detalhes mais concretos, o mandatário da FPF, Evandro Carvalho, não economizou nas palavras sobre o estágio desse processo, tido como “irreversível”. E tem mais. Os modelos dos rivais são diferentes daquele visto até aqui nos clubes de massa.

Neste ano, o Brasileirão deverá ter pelo menos seis SAFs, incluindo Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Vasco, que firmaram acordos milionários com investidores após a cessão da maior parte das cotas do novo CNPJ. Venderam entre 70% (Vasco) e 90% (Baêa). Em vigor desde 6 de agosto de 2021, a Lei nº 14.193, que versa sobre a Sociedade Anônima do Futebol, só foi adotada por um clube de PE até hoje. No caso, o Flamengo de Arcoverde, convertido em 2022. A seguir, a entrevista de Evandro ao blog, citando de cara os prováveis casos na capital.

Como o senhor enxerga a implantação da SAF no futebol pernambucano?
“Não tenho dúvida que Náutico e Sport vão virar SAF ainda em 2023. Os dois clubes estão conversando com os investidores, já têm o valor de mercado conhecido através dos estudos das consultorias e terão o mesmo modelo de contrato, que será diferente do que tem saído. Se quiserem, podem fechar isso em até 90 dias. Está avançado”.

Qual é o modelo contratual definido pelos 2 clubes?
“Eles não vão alienar todo o clube, como outros fizeram, pois são dois clubes com patrimônio enorme (embora o patrimônio não entre mesmo na SAF). Não vão vender 90% das cotas, como fez o Bahia, que negociou basicamente a sua marca, pois tinha apenas o centro de treinamento como patrimônio. O Bahia também tinha o Fazendão antes, mas se desfez (na verdade, ainda não se desfez). Tanto Náutico quanto Sport deverão vender 51% das suas cotas. Será uma participação acionária com o fundo investidor visando receber retornos em conjunto, mas sem se apropriar”.

Mas o investidor terá a palavra final caso tenha 51%…
“Não exatamente. Haverá o comando do futebol para o investidor, mas também haverá o voto qualitativo dos clubes dentro da SAF, pois você pode formatar tanto a valoração das ações quanto a representação nominal delas. Isso dá garantias como a necessidade de 2/3 das ações para alguma decisão macro, por exemplo”.

Qual é a previsão de investimento nos dois rivais?
“O mercado enxerga os dois clubes com perfis semelhantes, mas com tamanhos diferentes. No Sport o valor deve chegar a R$ 750 milhões. O Náutico pode chegar a R$ 500 milhões. Os dois clubes estão muito cuidadosos nisso. Não vão fazer o que o Botafogo fez”.

E o que o Botafogo fez?
“O clube foi vendido a um investidor, a uma pessoa (o norte-americano John Textor). O pensamento de Yuri e de Diógenes é vender parte da SAF a um fundo de investimentos diversificado, evitando uma pessoa à frente de tudo. Não faltam proponentes para isso”.

O Santa Cruz não foi citado. Isso significa que a SAF do clube não deve sair em 2023?
“Náutico e Sport têm condições parecidas, com grandes ativos imobiliários, com elenco, estrutura de futebol e público de mercado maior (citando o pay-per-view como exemplo). Isso gera um modelo que o Santa Cruz poderá ter uma dificuldade grande. O patrimônio não é igual, apesar do Arruda, e hoje o clube não tem outros ativos para conter o passivo”.

Qual é a sua opinião sobre esta possível transformação de Náutico e Sport?
“Será ótimo, com injeção financeira e geração de empregos. Isso (a SAF) é irreversível para clubes de torcida. A SAF é uma evolução da gestão de futebol, uma alteração no conceito de pertencimento que o torcedor tinha em relação ao seu clube. Outrora, era uma extensão da casa do dirigente, do torcedor. Agora entramos na era empresarial. O clube passa a ser uma empresa para gerar receita. Vai continuar o lado romântico, na história e na simbologia, mas o recurso deste modelo é muito maior para buscar resultados melhores”.

Para encerrar, por que é preciso pagar uma taxa de R$ 120 mil para se converter em SAF?
“Essa taxa administrativa foi estipulada pela CBF, não pela FPF (apesar de constar no site da federação). As 27 federações vão cobrar o mesmo valor em 2023, do Oiapoque ao Chuí. Esse valor mais barato (na visão de Evandro) já foi um pedido das federações, porque em 2024 vai passar de R$ 1 milhão. O objetivo é que a SAF seja adotada por quem realmente tenha condições”.

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