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Há tempos, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, bate de frente sobre a organização da Copa do Nordeste, tanto na formatação (tamanho/fórmula) quanto na transmissão (receita) – ainda que as suas críticas sejam questionáveis.

Em 4 de julho de 2017, o dirigente sentou ao lado dos presidentes do Sport, Arnaldo Barros, e do Náutico, Ivan Brondi, durante o anúncio de ambos sobre saída da Lampions – posteriormente, o alvirrubro retornou.

Após o comunicado sobre o encerramento do canal Esporte Interativo, que impacta diretamente na exibição do Nordestão, entrevistei o mandatário sobre o assunto. Ele manteve a posição e enxerga o momento como o cenário possível para mudanças – as que ele imaginava.

A seguir, as aspas de Evandro Carvalho e em negrito as observações do blog.

O impacto na Copa do Nordeste sem a tevê fechada
“É preciso observar que já havia sido uma percepção do Sport, da federação (FPF) e do Bahia sobre essa dificuldade depois que os americanos se retiraram, quando não conseguiram firmar contratos com Corinthians, Flamengo e São Paulo, que eram os objetivos deles. Se você retroagir um pouquinho, vai ver que com todo o recurso que a Turner aportou no Esporte Interativo, só conseguiu fazer contratos com Santos, Atlético-PR, Bahia e Santa Cruz. Só. Portanto, a fuga do capital inevitavelmente iria acontecer. Desde ontem (08/08) que nós estamos acompanhando isso. Já tivemos conversas com Santa, Náutico, federações, Sport, Bahia, enfim. Todos estão evidentemente apreensivos”

Apesar do fim do EI, a nota oficial mantém a viabilidade da transmissão do Campeonato Brasileiro em outros dois canais, tendo ainda Palmeiras e Inter, não citados pelo dirigente. A princípio, este fim não seria pela fuga do capital, mas justamente para viabilizar uma fusão bilionária, até então travada pela lei brasileira, que impede uma empresa de possuir uma operadora e um canal local. Logo, sobrou para o EI.

Caminho aberto para a mudança no formato
“Acho que isso vai mostrar e consolidar o que Pernambuco tinha falado (sobre a mudança do Nordestão), que deveria ter sido adotado desde o ano passado. Adiou-se, mas acho que agora fatalmente os sete grandes clubes (do NE) devem se reunir e devem definir, junto às federações pernambucana e baiana, um novo modelo (da Copa NE). Em relação ao contrato que a mídia divulgou, está errado. Não existe nenhum contrato da CBF com a liga ou com o EI. A CBF tem uma transação judicial, na qual ela se obriga a disponibilizar doze datas por ano para a Copa do Nordeste. Essa obrigação encerra em 2022. O contrato entre a liga e o EI é um problema deles. Com a implosão da empresa, acredito que acabou. Com a liga, não entendo se os clubes vão manter. Ainda é uma Incógnita pra mim”

O tal G7 (Bahia, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa, Sport e Vitória) já propôs um formato com vagas asseguradas via ranking – modelo que serviu de base para a edição de 2019, cuja fase preliminar já foi realizada. Considerando PE, BA e CE, o ranking ‘só’ assegura 5 clubes por edição – nos estaduais de PE e CE, é preciso que os grandes faturem o título para garantir os 7 no regional. Sobre o contrato, considerando os 4 anos restantes do acordo do Nordestão com o EI, a previsão mínima de cotas seria de R$ 105,6 milhões – lembrando que sempre ocorreram reajustes anuais. Discordo da leitura de Evandro na questão judicial. Ainda que a transmissão mude de canal (em tese), o torneio se mantém no calendário. A obrigação da CBF se deve à fuga de uma indenização milionária.

Garantia judicial para as datas da Copa do Nordeste
“A Copa do Nordeste é um competição privada, da Liga do Nordeste. A CBF a realiza porque a liga, que não tem estrutura, solicita, com a CBF consultando as federações, que não se opõem. Isso já ocorreu antes. A CBF disponibilizou as datas e a liga disse à confederação que não adiantava fazer a copa porque não tinha patrocinador, não tinha dinheiro para pagar a copa. Então, durante 2 ou 3 anos a copa não se realizou, apesar das datas. Com o advento do Esporte Interativo, aí a liga conseguiu fazer um contrato particular, aportou recursos e a copa transitou normalmente. Em 2019, com a saída do EI, o mais provável é que simplesmente inexista a copa. Se você não tiver patrocinador, como vai pagar cotas, passagens etc?”

Embora seja privada, a competição repassa 8% das rendas às federações estaduais – em 2018, R$ 364 mil de R$ 4,55 milhões. Sobre o fato de já ter ‘ocorrido’ antes, o dirigente deve ter se referido a 2010, quando o Nordestão aconteceu por força judicial, em pleno calendário nacional regular – e acabou sendo esvaziado. Ali, a luta da liga seguia árdua na justiça comum – e terminaria com vitória, com o atual acordo até 2022. É bom lembrar que quando a Copa do Nordeste saiu do calendário oficial, em 2003, o torneio era rentável e já contava com patrocinadores acertados.

Qual a solução para a Copa do Nordeste?
“A solução será reformular a Copa do Nordeste. E aí eu vou me reunir com os clubes e ver se convenço a CBF para que ela assuma como um projeto da CBF, um projeto nosso, das federações. Eu acho que tem que retirar essa liga. Na minha opinião, ela não contribui, ela não tem capacidade financeira, não tem capacidade administrativa. Então, é preciso tentar formatar um novo produto e ir atrás da Globo, que é a única que tem capacidade financeira para isso. Então, era aquilo que nós já tínhamos definido no ano passado. Agora vamos ver se conseguimos evoluir”

Durante a conversa, ele estava em trânsito de Brasília para o Rio, rumo à CBF. Essa última aspa é a mais impressionante – na minha visão, em relação à discordância. A Liga do Nordeste, fundada em 2001, funciona, ou deveria funcionar, justamente como um meio paralelo de negociação e organização à parte do desgastado sistema das federações e da CBF. Enxergo o processo exatamente de forma contrária, como a chance para os clubes se posicionarem sobre o que pretendem com a Copa, ainda assegurada, no mínimo, até 2022. E não para entregar um produto deste tamanho às federações.


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