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A formação alvirrubra para a conquista do hexacampeonato estadual. Foto: Náutico/arquivo.

Nado, Bita, Nino e Lala, o quarteto eternizado como “Ataque das Quatro Letras”; a vitória categórica por 5 x 3 sobre o Santos de Pelé, no Pacaembu, com direito a quatro gols de Bita, o Homem do Rifle; o vice da Taça Brasil em 1967, com a primeira participação de um time pernambucano na Libertadores, no ano seguinte…

São muitas nuances que fazem da década de 60 uma época mágica para os alvirrubros. Feitos que são sempre recontados para as novas gerações de torcedores, que já crescem tendo saudade de um período tão avassalador na história do Clube Náutico Capibaribe. E o maior símbolo desta época remete ao dia 21 de julho de 1968, nos Aflitos. Naquele domingo, há exatamente 50 anos, o timbu alcançou a sexta estrela que compõe o maior bordão de Rosa Silva. “Hexa é Luxo!”

Essa estrela só reluziu após 120 minutos de uma final equilibradíssima contra o rival Sport. Até então, cada equipe havia vencido um jogo da “melhor-de-três” para o título estadual de 1968. A expectativa na capital pôde ser vista pela enorme movimentação de torcedores dos dois times, que resultou no fechamento dos portões do estádio 40 minutos antes de a bola rolar.

Dentro dos Aflitos, milhares de bandeiras desfraldadas, com gente por todos os lados, ainda na época do “Balança mas não cai”. Tinha torcida até no campo. O público total foi de 31.061 pessoas, então recorde do Eládio e bem acima dos 26 mil espectadores previstos na véspera. A polícia militar precisou intervir para que o jogo começasse, sob os olhares do Recife, que assistia à decisão pela televisão, algo raríssimo e só ocorrido devido à venda de todos os ingressos.

A partida começou, enfim, às 15h18 e foi realmente diferenciada, apesar da ausência de gols no tempo normal, mas com diversas chances claras e polêmicas, como o suposto pênalti não marcado sobre o meia rubro-negro Válter. No tempo extra, marcado pelo nervosismo dos dois times, o árbitro Armindo Tavares substituiu Erilson Gouveia, que sofreu uma distensão na coxa direita. O Náutico, com bem mais gás e casca de campeão, forçou bastante a meta adversária e Ramos acabou marcando o inesquecível gol da vitória (já recuperado, abaixo).

O lance ocorreu na largada do 2º tempo extra, na barra à direita das cabines de transmissão, com Ede cruzando da esquerda para Ramos, que concluiu na pequena área, de primeira. Era o início do carnaval alvirrubro, que teve o Sport como vice, e coadjuvante, em todos os anos da maior série de títulos no futebol local. O ‘hexa’ começou em 1963, com passagens invictas em 1964 e 1967 e com a goleada por 5 x 1 na finalíssima de 66, a maior em uma decisão de Pernambucano. Tentaram igualar o hexa em 1974, 2001 e 2011, mas não conseguiram.

A análise do Podcast 45 Minutos sobre o título (participação de Ivan Brondi)

Jogo do hexa (Náutico 1 x 0 Sport, 21/07/1968)
Local: Aflitos. Público: 31.061 (23.320 pagantes). Renda: NCr$ 57.913. Árbitro: Erílson Gouveia (depois, Armindo Tavares). Gol: Ramos (1/2T extra). Expulsões: Valdeci (S) e Zezinho (S), no 2T extra 

Náutico (4-2-4)
Válter Serafim; Gena, Limeira, Fernando Matias e Toinho; Jardel (Ede) e Ivan Brondi; Ramos, Miruca (Rato), Nino e Lala. Técnico: Duque

Sport (4-2-4)
Miltão; Valdeci, Bibiu, Gilson e Altar (Zequinha); Válter e Soares; Dema, Acelino, Zezinho e Garcia (César). Técnico: Astrogildo Neri

Campanha do hexa (1963-1968)
140 jogos
100 vitórias (71,4%)
24 empates (17,1%)
16 derrotas (11,4%)
368 gols marcados (média de 2,62)
106 gols sofridos (média de 0,75)
+262 de saldo

Campanha ano a ano
1963 – 27 jogos; 18V, 3E e 6D; 70 GP e 32 GC, +38
1964 – 24 jogos; 19V, 5E e 0D; 80 GP e 20 GC, +60
1965 – 24 jogos; 16V, 4E e 4D; 64 GP e 17 GC, +47
1966 – 27 jogos; 20V, 4E e 3D; 72 GP e 17 GC, +55
1967 – 16 jogos; 11V, 5E e 0D; 31 GP e 6 GC, +25
1968 – 22 jogos; 16V, 3E e 3D; 51 GP e 14 GC, +37

Artilharias alvirrubras no Estadual durante o hexa*
1963 – Rinaldo e China, 18 gols
1964 – Bita, 24 gols
1965 – Bita, 22 gols
1966 – Bita, 22 gols (primeiro goleador do PE por 3x seguidas)
1967 – Miruca, 10 gols (empatado com Terto, do Santa)
* Em 1968 o artilheiro foi Zezinho, do Sport, com 14 gols

Em 2014 foi encontrado um vídeo sobre a final de 1968, no acervo de Cesar Nunes, no Rio de Janeiro, que contém 1.800 películas entre cinejornais e documentários. Assista ao gol.


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