A área verde segue com o Náutico. A área vermelha é o espaço alugado. Imagem: Google Maps.
Após um ano de negociação, o Náutico chegou a um entendimento sobre a locação de 3 hectares do seu terreno na Guabiraba, onde fica o Centro de Treinamento Wilson Campos, que tem 54 hectares ao todo. Num negócio com o Grupo Mateus, empresa com operações no varejo, o clube deverá ceder o espaço por 20 anos, com a possibilidade de renovação por mais 20 anos. Segundo a direção executiva do timbu, o contrato prevê um aluguel de R$ 130 mil por mês, com correção ano a ano. Considerando o valor nominal, sem o reajuste previsto, isso dá R$ 1,56 milhão por temporada, ou R$ 31,2 milhões no primeiro contrato.
Como curiosidade, vale citar que o IPCA acumulado em 2022 foi de 5,79%. Considerando a repetição deste percentual no aumento a cada ano, o timbu receberia R$ 56,1 milhões em 20 anos, com o aluguel de 2043 chegando a R$ 378 mil/mês, quase o triplo do primeiro. O valor arrecadado será destinado exclusivamente para o abatimento do passivo do clube, cujo último demonstrativo contábil apontou uma dívida acumulada de R$ 166 milhões, com as pendências de curto prazo, com vencimento em até 12 meses, chegando já a R$ 16 milhões.
Renovação ou incorporação em 2043?
O “deverá” no início do texto é porque a ideia da diretoria ainda será apreciada pelo Conselho Deliberativo e, na sequência, por uma Assembleia Geral com os sócios alvirrubros. Só depois da aprovação em dose dupla o acerto será referendado de fato e de direito. Em menor grau, o Náutico já opera esse tipo de negócio, como é o caso da cafeteria Deltaexpresso, instalada na entrada da sede, na Avenida Rosa e Silva.
Lá pra 2043, caso as partes não renovem a locação do terreno na Zona Norte do Recife, o alvirrubro terá direito a incorporar todas as benfeitorias feitas pela empresa. Em relação ao futebol, a estrutura existente está assegurada. Acima, através do Google Maps, tracei um cenário semelhante ao proposto, que mantém os campos oficiais, o hotel e o alojamento da base. A diferença será no acesso. A entrada principal, às margens da BR-101, compõe o terreno de 3 hectares. Assim, o time entrará por um portão numa rua lateral, já existente.
Ainda há espaço…
Num vídeo publicado na TV Timba, a direção do Náutico tratou a ação como “colocar o patrimônio a serviço do clube”. Entendo como um movimento bem interessante, ainda mais considerando o tamanho da área ociosa no CT, com vários hectares negociáveis – e uma parte sem opção, com mata fechada. Em PE, o Central de Caruaru é o clube que mais aproveita o seu terreno com aluguéis, a partir das várias lojas no entorno do Estádio Lacerdão, rendendo cerca de R$ 40 mil mensais. No caso do timbu, com um valor três vezes maior, será uma receita mensal garantida por algumas décadas. Talvez até quatro…
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Abaixo, veja um trecho do anúncio sobre o aluguel, com ponto positivo na transparência.
Náutico detalha proposta para locação de parte do CT Wilson Campos. Se aprovado, aluguel irá gerar R$ 130.000,00 por mês. Todo valor será usado para o pagamento do passivo do clube. Saiba mais: https://t.co/9mULjwVfbz pic.twitter.com/jnC5njSMeI
— Náutico (@nauticope) February 3, 2023