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Náutico 2 x 1 Santa Cruz pelo Pernambucano

O lance que gerou o realinhamento sobre a arbitragem do Pernambucano. Imagens: Globo e FPF.

O Clássico das Emoções nos Aflitos foi o primeiro duelo do Trio de Ferro nesta temporada e acabou sendo definido com um gol irregular. Antes de tocar para Paulo Sérgio marcar o gol aos 31 do 2º tempo, Bruno Mezenga dominou a bola com o braço. Um lance claro, mas que passou batido pela árbitra Deborah Cecília e pelo auxiliar José Romão. A FPF costuma defender o seu quadro de arbitragem de forma ferrenha, por vezes brigando com a imagem. Desta vez não teve como. A entidade reconheceu o erro e afastou os dois envolvidos.

De toda forma, o problema permaneceu. Afinal, não há VAR na primeira fase do Campeonato Pernambucano. Ao todo, esta etapa prevê 45 jogos com uma arbitragem do “passado”, ainda mais suscetível aos erros devido à qualidade técnica limitada do quadro local. Assim, os quatro clubes de maior investimento na competição se reuniram para tentar mudar isso ainda nesta edição. Numa ação conjunta, foi solicitada a utilização do árbitro de vídeo nos jogos que envolvam essas equipes, além da escalação de árbitros de outros estados. A nota foi redigida de forma idêntica nos quatro perfis oficiais: Náutico, Retrô, Santa Cruz e Sport.

Íntegra da nota oficial emitida pelo quarteto:
“Após reunião realizada nesta segunda-feira (27/01) entre representantes de Náutico, Retrô, Santa Cruz e Sport, os quatro clubes fecharam o entendimento inédito da necessidade de utilização do VAR nos jogos do Campeonato Pernambucano 2025 que os envolverem, além da escalação de árbitros de fora do quadro da Federação Pernambucana de Futebol. Através de uma solicitação formal à Federação Pernambucana de Futebol (FPF), os quatro clubes exigem que as medidas sejam adotadas com o objetivo de garantir uma competição mais justa e equilibrada entre todos os 10 clubes. A decisão conjunta é fruto da preocupação com o futebol pernambucano e busca assegurar que erros e falhas de árbitros possam ser minimizados, tornando o campeonato mais íntegro para todos os envolvidos.”

Debate sobre a utilização pontual do VAR

O texto dá a entender que a utilização do árbitro de vídeo seria nos jogos entre Náutico, Retrô, Santa e Sport, mas também nas partidas desses times contra os demais. Mas e os jogos envolvendo apenas os outros seis participantes? Primeiramente, é preciso pontuar que, em tese, a FPF teria recursos para isso. A Federação Pernambucana de Futebol vem tendo superávit anual há 11 temporadas seguidas – nesse tempo todo, sendo presidida por Evandro Carvalho. Segundo o último balanço, só para dar um exemplo, o saldo positivo no ano foi de R$ 6 milhões. O VAR custaria entre R$ 30 mil e R$ 50 mil por jogo, considerando o modelo mais caro. Contudo, também há o “VAR Light”, com menos câmeras e 1/3 do valor.

Portanto, a medida deveria contemplar todas as partidas, seguindo o princípio da isonomia. Dito isso, também acho que é uma situação de exceção, na qual os clubes possivelmente arcariam com os custos para liberar o VAR nos clássicos. São os jogos que sustentam a competição financeiramente e que movimentam a audiência na televisão – com duelos na casa de 1 milhão de telespectadores na Região Metropolitana do Recife. Além disso, evitaria 90% das reclamações. Por fim, vale dizer que isso não seria uma ideia isolada. Outras competições já autorizam a utilização do VAR em alguns jogos específicos antes das finais.

Nordestão permite uso específico em 2025

A Copa do Nordeste, por exemplo, permite o uso pontual. Eis o artigo 42 do regulamento: “Os clubes aceitam que a tecnologia poderá ser utilizada em todas ou algumas partidas da Copa, sempre que possível, e concordam que eventual impedimento total ou parcial no uso da tecnologia durante uma partida, bem como qualquer falha ou desconformidade na operação do VAR, não constituirão base para suspensão ou interrupção da partida e nem, muito menos, fundamento para pedido de anulação da partida correspondente, nem servirão como fundamento para qualquer pleito de natureza indenizatória”.

A não utilização em todas as partidas é fundamentada na questão estrutural, com alguns estádios sem capacidade para tal, e na questão financeira – mas se a FPF tem condições, a CBF tem muito mais. Considerando que houve um erro capital logo no primeiro clássico, e cuja revisão seria facílima, a continuidade deste modelo “antigo” me parece mais controverso do que ter o VAR só em alguns jogos. Isso numa lógica bem específica para o campeonato estadual. Creio que isso valorizaria o produto. Tomara que essa ação conjunta dos quatro clubes não seja encarada pela direção da federação como um confronto, mas sim como algo realmente válido para a melhora do Campeonato Pernambucano de 2025.

Atualização: poucas horas após a nota dos quatro filiados, a FPF respondeu. Deixou em aberto o uso de árbitro de fora, mas vetou o VAR antes do mata-mata, relembrando o Conselho Técnico.

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Abaixo, veja a publicação do Santa Cruz, que foi o modelo replicado pelos rivais.


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