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Veto da FPF sobre torcida visitante

Eis o trecho decisivo no Ato 005/2024 da FPF, que vetou torcidas rivais num mesmo jogo.

Após o primeiro clássico da temporada, com 20.860 torcedores na Arena Pernambuco para Sport x Santa Cruz, a FPF resolveu determinar a realização dos próximos clássicos apenas com a torcida mandante. No Clássico das Multidões foram 4.259 tricolores presentes. O péssimo trabalho na entrada do setor reservado aos visitantes corais gerou um tumulto grande, mas nada relacionado à violência impregnada no futebol. Ainda assim, utilizando episódios a muitos quilômetros de distância na capital, a entidade optou pelo tom proibitivo.

Veto sobre o local onde não houve violência

No ato publicado no site oficial da federação em 22 de janeiro, com a assinatura do presidente Evandro Carvalho, as justificativas são nesta linha: “Considerando que dentre as agressões e tumultos, infelizmente tivemos disparos de arma de fogo contra Policiais Militares, ocasionando ferimentos por projéteis, entre outros” e “Considerando os inúmeros alertas divulgados pela FPF, avisando as torcidas, em geral, que não seriam toleradas, independentemente da proporção, atos de violência na cidade e área metropolitana, em dias de jogos”. Absolutamente nada disso ocorreu perto do estádio em São Lourenço, ou mesmo envolveu o púbico presente. Mas isso nem é o pior ponto desta decisão administrativa.

Até porque é o segundo ano seguido que esta medida é tomada em PE. Em janeiro de 2023, o “Grupo de Trabalho Futebol”, integrado à Secretaria de Defesa Social, fez o mesmo, mas a medida caiu já em março. Foram dois jogos de torcida única, ambos nos Aflitos, com Náutico x Sport. Sem os rubro-negros. Agora, de forma monocrática FPF se baseia na “redução de 70%” da violência no futebol paulista, mesmo sendo uma meia verdade, pois a sensação de insegurança no traslado até os principais estádios (Morumbi, Allianz Parque e Neo Química Arena) não foi dissipada mesmo com os clássicos tendo apenas os torcedores da casa.

O exemplo que na verdade é a exceção

Agora, o plot twist. Eis a reportagem do Globo Esporte publicada no dia 19, há apenas três dias: “FPF reúne organizadas de São Paulo e Palmeiras e prevê debate sobre volta de visitantes a estádios”. Com a Supercopa do Brasil entre os dois, a entidade quer rediscutir o veto. No caso, a FPF de São Paulo sinaliza a chance de revogar a medida, em vigor desde 2016, enquanto a FPF de Pernambuco usou justamente o exemplo de torcida única no futebol paulista para impor o cenário aqui. No meio dos prints sobre reportagens antigas no documento de nove páginas, faltou se dar conta de que já havia conteúdo mais atual.

E olhe que São Paulo, neste assunto de segurança, é uma exceção pelo seu gigantismo, sendo uma metrópole de 20,7 milhões de habitantes. Mas nem era preciso olhar para tão longe para enxergar o problema. Em 2020, num Clássico das Multidões de portões fechados, com a cidade reclusa pela pandemia da Covid-19, houve incidente de violência a quilômetros da Ilha. Ou seja, pela nova ótica da FPF, é impossível retomar clássicos com duas torcidas. Não importa a estabilidade no estádio, onde cabe à FPF. Portanto, agora teremos Santa x Náutico e Náutico x Sport, pela 1ª fase, com alvirrubros e rubro-negros sendo prejudicados. Fora os possíveis confrontos eliminatórios na disputa pelo título pernambucano de 2024.

Quantas cidades estão erradas?

Outras grandes metrópoles, de tamanho mais condizente ao do Recife, contam com púbicos rivais liberados, como Fortaleza (Ceará x Fortaleza), Porto Alegre (Grêmio x Inter), Belo Horizonte (Atlético x Cruzeiro), Curitiba (Athletico x Coritiba) e Belém (Paysandu x Remo). No Nordeste, Natal (ABC x América) e Salvador (Bahia x Vitória) começaram o ano mantendo a torcida única. Mas, assim como São Paulo, já conversam sobre a ideia de liberar. Não de proibir, algo que no fim das contas só parece ser o caminho mais fácil para tentar resolver qualquer situação. Uma rápida pesquisa no Google teria evitado uma justificativa tão rasa.

Atualização em 25/01: O trio de ferro recorreu em conjunto sobre esta frágil decisão e tiveram sucesso. O TJD liberou as torcidas visitantes em clássicos do Pernambucano. Saiba mais aqui.

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