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Em entrevista ao jornal Correio*, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, revelou a entrega de um documento à CBF deixando “em aberto” a decisão sobre a Copa do Nordeste de 2019. Com o ofício, acatado pela confederação, o clube tem até dezembro para responder.

A notícia veio como uma verdadeira bomba em relação à reorganização da competição regional, que mais uma vez não terá a presença Sport, também por desistência, e não será exibida no canal Esporte Interativo, que já saiu da grade das operadoras. Até o momento, o torneio tem a garantia apenas da tevê aberta, via SBT, em dois horários semanais (terça, 21h45, e sábado, 16h).

Em relação às cotas para os 16 clubes inscritos na fase principal, a Turner, controladora do EI, garantiu a manutenção do aporte – até porque o contrato está assinado até 2022. Ainda assim, os valores desagradam os principais clubes – uma comparação clássica é um time pequeno do Rio de Janeiro ganhar mais que o campeão nordestino. Caso do Sport, embora a direção leonina nunca tenha apresentado uma contrapartida para a decisão tomada, e, agora, caso do Bahia. Talvez calejado pela consequência da posição radical do rival pernambucano, o Baêa foi mais ‘diplomático’. O clube ganhou dois meses para negociar, mas com uma pressão real.

Em relação às aspas de Bellintani ao jornal baiano, seguem algumas observações…

“O Bahia só definirá a sua participação no final deste ano. Seguimos reticentes com o risco de uma menor visibilidade do torneio em 2019 e queremos desenvolver estratégias para que a competição volte a ser rentável como em edições anteriores”

Nota: A declaração do mandatário tricolor faz sentido. Embora a movimentação financeira do Nordestão de 2018 tenha sido a maior até hoje, com R$ 34 milhões, há a ressalva de que 86% do montante correspondeu à soma das cotas aos clubes (22,4 mi) e do gasto com marketing (7,6 mi) – já a bilheteria (4,5 mi) foi a menor em seis anos. E a própria cota, hoje, não atende à meta do clube, como também foi o caso do Sport, através de Arnaldo Barros.

“Se tudo der certo e formos de novo para a Copa Sul-Americana, teremos quatro competições para jogar somente no primeiro semestre. Queremos ter a segurança de que nossos atletas não sejam prejudicados pelo excesso de jogos”

Nota: Curiosamente, Sport (2017) e Bahia (2018) participaram da Sul-Americana nos anos em que colocaram o Nordestão em xeque, com inchaços nos respectivos calendários, com 81 e 72 jogos – no Baêa, o dado ainda pode aumentar se o clube avançar na Sula. Em ambos os casos, faturaram mais no torneio internacional do que na Lampions, onde foram vice-campeões. Neste ano, o Baêa recebeu R$ 2,6 mi no Nordestão e R$ 3,6 mi por três fases na Sula.

Opinião do blog
Caso o Bahia realmente confirme a saída do Nordestão, creio que o torneio passe a ficar economicamente ‘inviável’. Ok, existem contratos em vigor e a empresa detentora dos direitos já disse que, ao menos na edição de 2019, irá bancar tudo. E uma copa “desfalcada” por mais de um desistente não é algo inédito. Em 2003 foram cinco (!) ausências, no ano marcado pelo início da queda de braço entre a Liga do Nordeste e a CBF – e a liga ganharia na justiça uma década depois, via acordo, tanto que, hoje, o torneio está garantido no calendário até 2022. Entretanto, a briga atual não é pela manutenção no calendário, como foi em 2003 – uma luta justa por espaço. É, simplesmente, por mais receita. E as duas possíveis saídas pesam demais para fechar essa conta. Sport e Bahia representam as maiores audiências televisivas das duas principais capitais nordestinas – na decisão de 2017, por exemplo, foram 4,4 milhões de telespectadores nos dois jogos, considerando as duas praças. Com a saída dupla, por mais que torcedores rivais desdenhem, a tendência é de menos engajamento e uma “marca” menor para a atração de patrocinadores. E, para deixar claro, acho uma pena esse cenário. Há tempos, a Copa do Nordeste era para ser o principal produto da região no primeiro semestre. Se já houve uma queda em 2018, na saída da Globo e com o calendário absurdo, finalizado durante o Mundial, para 2019 a dúvida já é enorme.

Desistências na Copa do Nordeste
2003 – Sport, Santa Cruz, Náutico, Bahia e Fortaleza
2010 – Sport
2018 – Sport
2019 – Sport e Bahia*
* Ainda em avaliação

A cota absoluta da Copa do Nordeste via TV
2000 – R$ 2 milhões*
2001 – R$ 8 milhões**
2002 – R$ 8,75 milhões
2003 – R$ 1,5 milhão
2010 – R$ 3,75 milhões
2013 – R$ 5,6 milhões
2014 – R$ 10 milhões
2015 – R$ 11,14 milhões
2016 – R$ 14,82 milhões
2017 – R$ 18,52 milhões
2018 – R$ 22,40 milhões
2019 – R$ 26,40 milhões
* A primeira edição transmitida em sinal aberto
** A primeira edição organizada pela liga, com os sete maiores clubes

As cotas do Nordestão de 2019*
* Com a definição via Ranking da CBF

Subgrupo 1 – R$ 1,90 milhão
1º do Nordeste, Vitória (18º no Brasil), 2º Bahia (21º), 3º Santa Cruz (25º) e 4º Ceará (27º)

Subgrupo 2 – R$ 1,42 milhão
5º ABC (31º), 6º Náutico (32º), 7º CRB (36º) e 8º Sampaio Corrêa (39º)

Subgrupo 3 – R$ 1,22 milhão
9º Fortaleza (42º), 10º Botafogo-PB (45º), 11º Salgueiro (51º) e 12º Confiança (54º)

Subgrupo 4 – R$ 510 mil
13º CSA (59º), 14º Moto Club (66º), 15º Altos (98º) e 16º Sergipe (99º)


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