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Campeão de PE em 2004, o ex-goleiro Nilson apresentou a nova camisa. Foto: Caio Falcão/Náutico.

O simbolismo de uma camisa preta no Náutico é enorme. Parte do fato de que apenas o alvirrubro não tem esta cor entre os grandes clubes da capital, com a concessão disso no padrão, após 119 anos, já sendo algo considerável. Contudo, a campanha sobre o novo uniforme de 2020 foi bem além. É uma corajosa tentativa de reparação ao passado, sem apagar nada, e com um engajamento necessário sobre o presente, este acima do próprio clube. É, literalmente, sobre racismo.

No vídeo de apresentação da camisa, o clube reconhece que foi o último do Recife a autorizar a presença de negros – o Santa Cruz nunca fez objeção e o Sport também proibiu nos primeiros anos. Isso levou, de maneira errônea (para o próprio Náutico), a uma visão de elite, sendo o clube conhecido por anos como “Aristocrático”, um apelido em desuso. Justamente porque não é possível aceitar uma visão assim sobre um clube de massa como o Náutico.

Sim, o Náutico também é um clube do povo. Está presente em todas as camadas sociais, em todas as cores, em todos os credos. Não entender isso é não entender o próprio Náutico. E a compreensão tem como consequência um uniforme de quebra muitas barreiras para existir. A evolução social parte disso, da quebra de barreiras. Muitas vezes, de barreiras internas.

A camisa com a campanha “Vidas negras importam” foi apresentada por Nilson. O texto de apresentação já é excelente, mas ter o ex-goleiro (e hoje técnico) presente torna ainda mais. Afinal, ele não está ali pela boa passagem no Náutico em 2004, mas justamente pelo racismo sofrido nos Aflitos quando vestia a camisa do rival tricolor, em 2002. E lá, no mesmo gramado, tocou nesta ferida, jamais cicatrizada – por quem viu e viveu. A necessária reflexão antirracista pontuada pela autocrítica transforma essa camisa, desde já, em algo histórico em Rosa e Silva.

Nota do blog
Oficialmente, essa nova camisa (com o escudo alvinegro!) é o modelo de goleiro no padrão principal do Náutico para esta temporada, na Série B. Pela recepção da torcida nas redes sociais, a utilização pelos jogadores de linha, de forma regular, parece bem razoável (a princípio, só por 45 minutos).

Parabéns ao Náutico pela camisa! A seguir, alguns trechos no vídeo de apresentação.

“A gente tem orgulho da nossa história. Títulos, grandes craques, uma torcida fiel e apaixonada. Um estádio com alma. Mas tem uma parte do nosso passado que a gente não se orgulha. Fomos o último clube grande a permitir negros vestindo a camisa alvirrubra. O preto não fazia parte das nossas cores.”

“Gostaríamos de apagar esses casos de racismo do nosso passado, mas isso não é possível. Um pedido de desculpas não é suficiente. O que a gente pode e vai fazer é contribuir cada vez mais no combate ao racismo estrutural e à violência contra os negros. O Náutico também é preto.”

Abaixo, assista ao vídeo de apresentação do uniforme preto do Náutico.

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