O novo balanço do Centro só tem 2 páginas. Feito em 12/04 e publicado no site da FPF em 12/04.
Desde a intervenção administrativa, executada pela FPF em 2013, o Centro Limoeirense vem publicando de forma regular o seu balanço financeiro, quase sempre sendo o primeiro do estado a divulgá-lo oficialmente, como no documento referente a 2020. Porém, chama a atenção a “precisão” dos demonstrativos contábeis do clube agrestino. São sete anos seguidos tendo a mesma receita e a mesma despesa, até os centavos, como é o caso aqui, com R$ 105.224,50 x R$ 105.224,50.
Em tese, considerando que um clube de futebol não precisa dar lucro, mas sim gerar resultado de forma responsável, a sequência é ótima. Só que os documentos apresentados pelo Centro carecem de mais informações. São quase protocolares. Sobre as receitas, o clube costuma contar com patrocínios (R$ 38 mil em 2020, ou 36,4% do total), aluguéis de espaços na sede (R$ 9 mil, metade do ano anterior), sócios (R$ 13,2 mil, com aumento de R$ 200) e bilheteria (desta vez zerada devido à pandemia). A soma desses segmentos deu R$ 60,2 mil em 2020.
E aí vem o fator surpresa para a equiparação com as despesas, com a “contribuição de terceiros”, presente nos últimos três balanços. Foram R$ 25,5 mil em 2018, R$ 35,9 mil em 2019 e R$ 45,0 mil em 2020, sempre no limite para fechar o caixa – detalhes abaixo. Não há detalhamento sobre este ponto, apenas o valor. Desta forma, apesar da pandemia da Covid-19, o Centro terminou com receita acima de R$ 100 mil pela 2ª vez. Parece pouco, mas é um padrão elevado para o interior de PE, sobretudo na segunda divisão – deixando claro como é difícil fazer futebol profissional num meio semiamador. Ainda mais considerando que o último campeonato teve apenas dois meses de duração, ou 90 dias considerando a preparação.
Sobre as despesas, foram quatro frentes, uma a menos que em 2019, pois a FPF “aliviou” na cobrança geral da taxa de anuidade. Eis os percentuais do clube, considerando o total: 40,1% nos custos dos jogos (R$ 42,3 mil), 37,7% em salários (R$ 39,7 mil), 14,9% com a regularização de atletas (R$ 15,7 mil) e 7,1% com a alimentação dos atletas (R$ 7,5 mil). Descontando a regularização de atletas, o custo do time na Série A2 foi de R$ 89,5 mil, o maior investimento no período pós-intervenção – quando problemas como mesas de baralho a dinheiro dentro da sede foram sanados. Na média, R$ 29.836 mensais, considerando o período de 90 dias.
Acesso ficou a um triz
Clube mais velho do interior de Pernambuco, com 107 anos, o Centro Limoeirense fez apenas 11 jogos profissionais na temporada de 2020, entre 18/10 e 13/12. Na prática foram 10, porque o primeiro foi vencido por W.O. Em campo, o Dragão de Limoeiro quase subiu para a elite do futebol local. Na última rodada do hexagonal final, o Centro venceu o Íbis por 1 x 0, no José Vareda, e ia ficando com a vaga, mas o Sete venceu o Porto por 1 x 0, com um gol aos 46/2T, e passou o alvirrubro na classificação. No geral, o time limoeirense ficou em 3º lugar, com 5V, 4E e 2D.
A evolução da receita total do Centro Limoeirense*
2014 – R$ 45.675
2015 – R$ 37.271 (-8.404 reais; -18,3%)
2016 – R$ 44.439 (+7.168 reais; +19,2%)
2017 – R$ 48.080 (+3.641 reais; +8,1%)
2018 – R$ 91.528 (+43.448 reais; +90,3%)
2019 – R$ 108.024 (+16.496 reais; +18,0%)
2020 – R$ 105.224 (-2.800 reais; -2,5%)
* Em todos os anos a despesa teve o mesmo valor
Os recursos próprios do clube (aluguéis, sócios e bilheteria)
2014 – R$ 675
2015 – R$ 18.271 (+17.596 reais; +2.606,8%)
2016 – R$ 25.439 (+7.168 reais; +39,2%)
2017 – R$ 24.080 (-1.359 reais; -5,3%)
2018 – R$ 38.383 (+14.303 reais; +59,3%)
2019 – R$ 34.224 (-4.159 reais; -10,8%)
2020 – R$ 22.200 (-12.024 reais; -35,1%)
Os patrocínios recebidos
2014 – R$ 45.000 (Prefeitura de Limoeiro)
2015 – R$ 19.000 (Prefeitura de Limoeiro)
2016 – R$ 19.000 (Prefeitura de Limoeiro)
2017 – R$ 24.000 (Tintas Iquine, 15 mil; ONG Pedra D’Água 9 mil)
2018 – R$ 27.500 (investidores não detalhados)
2019 – R$ 37.900 (investidores não detalhados)
2020 – R$ 38.000 (investidores não detalhados)
Abaixo, os poucos detalhes presentes no demonstrativo contábil do Centro Limoeirense.
Os balanços financeiros do Centro Limoeirense: 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020.
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