A azulada sede da FPF, na Boa Vista. De fato, vive no azul. Imagem: Google Maps/reprodução.
Pela 10ª temporada consecutiva, o balanço financeiro da Federação Pernambucana de Futebol apresentou um saldo positivo entre receitas e despesas. Novamente trabalhando no “azul”, o relatório sobre as contas de 2022, auditado em 13 de fevereiro e divulgado dois meses depois, aponta um superávit de R$ 5,8 milhões. É o maior saldo positivo da história, quebrando uma marca que havia sido estabelecida justamente no demonstrativo do ano anterior. Este novo número é, também, uma consequência da maior receita operacional já registrada pela entidade, que chegou pela primeira vez aos oito dígitos.
Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro, a FPF apurou R$ 14.501.855, quase o dobro do recorde que vinha desde 2016, com R$ 8,5 mi. Em treze anos, o período disponível para consulta dos dados no site, doze tiveram superávit. Esse cenário robusto aconteceu mesmo num ano de péssimos resultados esportivos para os clubes pernambucanos, com o Sport ficando na Série B, o Náutico caindo para a C, Santa Cruz e Retrô seguindo na D e a tripla eliminação na 1ª fase da Copa do Brasil. Sem contar que na virada do ano os três grandes clubes do Recife entraram com o pedido de Recuperação Judicial. Juntos, devem R$ 646 milhões.
As fontes de receita da FPF
O novo faturamento da federação foi composto por três frentes: receitas técnicas de futebol, com R$ 8,17 mi (56%), receitas operacionais, com R$ 3,74 mi (25%), e receitas financeiras, com R$ 2,58 mi (17%). Todas subiram na casa do milhão. A maior parte disso veio das taxas sobre bilheterias dos clubes e das taxas administrativas sobre ações dos filiados, como registros contratuais, rescisões etc. Em relação aos gastos da FPF, a maior parte foi através de despesas técnicas com futebol, com a organização dos torneios. Chegou a R$ 7,13 mi. Ao menos esse dado acompanhou o crescimento geral, com R$ 4 mi de incremento.
Sem surpresa, a partir de tantos resultados positivos, ao contrário dos principais filiados, quase sempre no “vermelho”, caso do trio de ferro, a federação tornou-se uma enorme credora dos clubes. Em 2010, no demonstrativo contábil mais antigo à disposição, a entidade tinha um crédito de R$ 272.704 junto aos times, correspondendo a 11,7% da sua receita anual. De lá pra cá, com Evandro Carvalho assumindo a presidência deixada por Carlos Alberto Oliveira, a FPF viu o seu patrimônio líquido subir de R$ 2,8 mi para R$ 30,5 milhões.
Credora dos clubes
A maior parte deste patrimônio está no item “créditos a receber de clubes”, que, segundo o documento, se refere aos “adiantamentos concedidos a clubes filiados da federação”. Os valores “não possuem prazos de vencimentos definidos”. Sobre esse ponto, o maior salto ocorreu após o fim do subsídio estatal do “Todos com a Nota”, com R$ 4,25 milhões a mais em 2016, num Estadual já sem a campanha. No ano passado, o acumulado em empréstimos subiu 16%, totalizando R$ 15.953.193. O valor é superior ao faturamento anual da própria FPF. O novo relatório não detalha quanto foi repassado a cada clube, mas esse número explica um pouco, creio, a força a cada eleição – na última, teve 75 dos 88 votos válidos.
Dívidas acumuladas pelos clubes junto à FPF
2010 – R$ 272 mil
2011 – R$ 1,14 milhão (+0,8 mi; +318%)
2012 – R$ 736 mil (-0,4 mi; -35%)
2013 – R$ 2,10 milhões (+1,3 mi; +185%)
2014 – R$ 2,09 milhões (-5 mil; -0,2%)
2015 – R$ 3,63 milhões (+1,5 mi; +73%)
2016 – R$ 7,98 milhões (+4,2 mi; +116%)
2017 – R$ 9,06 milhões (+1,1 mi; +14%)
2018 – R$ 9,28 milhões (+0,2 mi; +2%)
2019 – R$ 10,17 milhões (+0,8 mi; +9%)
2020 – R$ 11,60 milhões (+1,4 mi; +14%)
2021 – R$ 13,66 milhões (+2,0 mi; +17%)
2022 – R$ 15,95 milhões (+2,2 mi; +16%)
* Via adiantamentos, com valores ainda pendentes
Apesar de o relatório oficial ter 11 páginas, não é possível ver a representatividade das 76 taxas cobradas pela entidade na receita, até mesmo para ter uma base sobre o “cartório”. Em campo, a FPF segue em 3º lugar no Nordeste, de acordo com o Ranking de Federações da CBF após a temporada 2022. À frente, as federações do Ceará (1º) e da Bahia (2º).
Receita operacional anual da FPF
2010 – R$ 2.320.200
2011 – R$ 3.142.280 (+0,8 mi; +35%)
2012 – R$ 4.834.087 (+1,6 mi; +53%)
2013 – R$ 6.282.441 (+1,4 mi; +29%)
2014 – R$ 6.000.765 (-0,2 mi; -4%)
2015 – R$ 6.436.876 (+0,4 mi; +7%)
2016 – R$ 8.503.245 (+2,0 mi; +32%)
2017 – R$ 6.313.330 (-2,1 mi; -25%)
2018 – R$ 5.108.733 (-1,2 mi; -19%)
2019 – R$ 6.738.881 (+1,6 mi; +31%)
2020 – R$ 6.885.026 (+0,1 mi; +2%)
2021 – R$ 8.116.827 (+1,2 mi; +17%)
2022 – R$ 14.501.855 (+6,3 mi; +78%)
Resultado anual da FPF, com superávit ou déficit
2010: +297.742
2011: +898.500
2012: -89.573
2013: +1.834.817
2014: +1.306.002
2015: +1.478.674
2016: +2.302.010
2017: +279.246
2018: +362.906
2019: +2.386.235
2020: +2.235.891
2021: +4.080.101
2022: +5.836.717
* O saldo da subtração da receita líquida pela despesa anual, em R$
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