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Camisa do Flamengo de Arcoverde em 2025

O clube só deve voltar às atividades profissionais a partir de 2026. Foto: Flamengo/Instagram.

O Flamengo de Arcoverde foi o primeiro clube pernambucano a virar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A constituição do novo CNPJ aconteceu em 25 de maio de 2022, sob o comando do empresário paulista Gabriel Castilho, um dos investidores do projeto – vale a curiosidade de que isso ocorreu antes de a FPF criar a taxa de conversão em SAF, hoje calculada em R$ 150 mil. De acordo com o demonstrativo contábil do clube sertanejo daquele ano, o capital integralizado foi de R$ 1,2 milhão, valor aportado três meses após a assinatura da venda. O Flamengo SAF foi oficializado já com o projeto de um centro de treinamento de 5 hectares, com quatro campos e alojamentos. Este CT ainda não saiu do papel. E agora ficou mais difícil, ao menos em relação ao terreno original.

De lá pra cá, o clube sediado em Arcoverde chegou a disputar o Campeonato Pernambucano da Série A1, em 2024, mas foi rebaixado como lanterna, tendo 0V, 1E e 8D. Entretanto, não jogou uma vez sequer no Estádio Áureo Bradley. Com a reprovação do gramado no acanhado palco municipal, o time foi mandante em Caruaru (2 jogos), Bonito (1) e Recife (1). Apesar da liberação parcial para o futebol de base, com Fla chegando à semifinal do Estadual Sub 13 de 2024, o Áureo Bradley tornou-se o ponto de ruptura do projeto, na visão do Fla.

Sem estádio e tensão ampliada publicamente

Nas redes sociais do clube, o presidente/investidor Gabriel Castilho fez queixas públicas sobre a falta de estrutura do local, demonstrando o aumento da tensão. Em 10 de fevereiro, o clube publicou o seguinte: o “Flamengo de Arcoverde vem passando por reuniões sobre seu calendário anual e possível renovação de convênio com a Prefeitura em relação ao uso do estádio e demais atividades na cidade. Essa é a informação até agora já informada”.

A atualização do imbróglio só veio três meses depois. A publicação seguinte no perfil oficial do clube já foi categórica, com a nota oficial em 8 de maio anunciando o encerramento definitivo das atividades na cidade: “O Fla de Arcoverde, a maior instituição de esporte que a cidade já teve, com mais de 65 anos de história, vêm informar sobre o encerramento definitivo de suas atividades na cidade. O motivo maior é aquele que sempre foi exposto de forma institucional aqui em nossa assessoria de imprensa e redes sociais: a falta de apoio/interesse por meio da política pública da cidade em gestões passadas e atual gestão.”

SAFs de grande porte não permitem saída

Ambígua, a nota do clube do interior também diz: “Então, após 3 anos de operação viemos retirar nosso time de campo, e estamos tirando também o CNPJ da associação e o clube da cidade. Sim! Pois como todos sabem, somos uma empresa SAF com deveres para atletas em clubes empregados pelo Brasil afora.” Abaixo, a nota completa. Fundado em 1959 e campeão da Série A2 em 1996 e 2016, o Flamengo deverá, então, atuar em outro município a partir de agora. Essa decisão vem acompanhada de três pontos não destacados no comunicado. Um deles é referente ao fato de uma SAF poder ou não mudar o clube de cidade.

Em tese, os maiores contratos do tipo já estabelecidos no país, casos de Bahia, Botafogo e Cruzeiro, não permitem essa possibilidade. Isso acontece dentro da mesma lógica sobre a impossibilidade de alterações nas cores e mascote, por exemplo. Há bastante tempo, o Flamengo é o único time profissional da cidade de 82 mil habitantes e localizada a 256 km da capital. Ainda que o investimento privado tenha sido bem acima da realidade anterior, com R$ 1,17 milhão de receita operacional logo no primeiro ano (mas com custo de R$ 1,55 mi), a relação com o poder público para viabilizar de fato a ideia chama a atenção.

O preço da mudança oficial de cidade

O segundo ponto é o custo burocrático da mudança de sede, caso seja consumada na forma como o clube tratou. Sim, até isso vira despesa. Segundo a planilha anual de emolumentos da Federação Pernambucana de Futebol, a mudança para outro município do estado, independentemente da distância, custa R$ 315 mil ao clube interessado. Nota-se o tamanho do nó no Flamengo SAF, tanto para ficar em Arcoverde quanto para sair de Arcoverde.

Outra consequência, esta imediata, foi o rebaixamento do time. Essa crise financeira – acompanhada de uma crise política – acabou inviabilizando a participação do Flamengo na Série A2 de 2025. Ao desistir da vaga, que já foi ocupada pelo Caruaru City, que estava na A3, o “Tigre do Sertão” foi automaticamente rebaixado à terceira divisão de 2026. É um caso semelhante ao do Salgueiro, campeão da primeira divisão local em 2021 e que desistiu de participar em 2024. Por sinal, o Carcará ainda não voltou oficialmente aos gramados.

Taxa da FPF para conversão em SAF

12/2022: R$ 120 mil
11/2023: R$ 400 mil (+233%)
12/2024: R$ 150 mil (-62%)

Taxa da FPF para mudança de sede

12/2022: R$ 385 mil
11/2023: R$ 385 mil (igual)
12/2024: R$ 315 mil (-18%)

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Abaixo, confira a íntegra da nota oficial do Flamengo SAF sobre a saída de Arcoverde.


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