Em destaque, em amarelo, a renda líquida da partida (acima) e o repasse ao Santa (abaixo).
O Arruda ficou dois anos sem receber público. Mesmo quando vieram as primeiras flexibilizações na pandemia, em 2021, o estádio não pôde acomodar a torcida coral pela falta de laudos técnicos, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Este segundo órgão foi o último a autorizar a entrada de torcedores na arquibancada, somente em 18 de março de 2022.
Ocorre que naquele mesmo dia, já no fim da noite, o Governo de Pernambuco emitiu um parecer reduzindo pela metade uma liberação que já era mínima. Ou seja, a reabertura teria apenas 3,6 mil espectadores, ou 6% do máximo possível no Mundão de acordo com as medições atuais da Fifa. E o resultado disso foi um borderô irrisório em termos de receita líquida.
A goleada sobre o Caruaru City, pelas quartas de final do Campeonato Pernambucano, gerou uma renda bruta de R$ 54.150, com todos os ingressos vendidos – havia bastante demanda. Porém, as despesas do jogo foram de R$ 53.812. Analisando o borderô, publicado no site da FPF, algumas despesas operacionais parecem um pouco acima do tamanho do público registrado no Arruda. Entre os itens, R$ 12 mil com segurança privada, R$ 5,4 mil com bilheteiros, R$ 5,4 mil com funcionários e administrativo e R$ 4,5 mil com “outras despesas”. Já nas taxas e impostos, que não cabem ao clube, a FPF, que tem direito a 8%, levou R$ 4,3 mil.
Sucessão de atos até a renda mínima
Ao fim de tantas limitações na capacidade do maior estádio do Recife e dos descontos presentes, a partida teve uma renda líquida de R$ 337,61. Detalhe: em “jogo único”, o mata-mata previa 60% ao vencedor e 40% ao perdedor. Portanto, o Santa levou R$ 202,57 e o City ficou com R$ 135,04. A redução de última hora por parte do governo, já após o último laudo, tirou R$ 54 mil da bilheteria, algo que poderia ser contornado levando o jogo para o domingo, evitando o choque com o jogo do Sport, também na capital – não ocorreu porque a Globo quis exibir o PE no sábado. Logo, o apurado poderia ter sido melhor apesar das despesas.
Antes, o último jogo com público no estádio tricolor havia sido em 12 de março de 2020, contra o Botafogo-PB, pelo Nordestão. Ali, o gasto com segurança privada, por exemplo, foi de R$ 5,8 mil – com 5.230 torcedores e R$ 45,7 mil de renda bruta. Além da precificação, vale atenção ao excesso de funções na realização de um jogo, mesmo com público tão reduzido. Para que exista, também, o mínimo de viabilidade financeira na realização desse jogo…
A redução da capacidade do Arruda (para Santa Cruz x Caruaru City)
60.044, o máximo sem restrições de estrutura ou segurança (via engenharia)
37.400, o máximo com restrições de estrutura (via Bombeiros)
18.700, limite de 50% sobre as restrições (via Governo de PE, pela pandemia)
7.250, o máximo com restrições de estrutura com 3 setores abertos (via Bombeiros)
3.625, limite de 50% sobre as restrições dos Bombeiros (via Governo de PE, por segurança)
Leia mais sobre o assunto
Com torcida no Arruda, Santa Cruz elimina o City e encara clássico na semifinal do PE
Governo libera 50% de público nos estádios de PE, mas laudos do trio não liberam nem 30%