Anúncio da Betnacional
Compartilhe!

Balanço financeiro do Santa Cruz em 2021

O gráfico com a evolução das receitas e das pendências do tricolor do Recife nos últimos 7 anos.

O demonstrativo financeiro do Santa Cruz em relação à temporada de 2021 deveria ter sido apresentado, já examinado por um auditor independente e com o aval de órgãos internos do próprio clube, como o conselho deliberativo, até o dia 30 de abril de 2022. É o que determina a Lei Pelé, anualmente. O clube não cumpriu e, quatro meses depois, segue sem oficializar o balanço, que foi rejeitado por 97% dos conselheiros na ultima reunião, em 31 de agosto. Ainda assim, como informou a jornalista Camila Sousa, do site globoesporte, o tricolor irá divulgar o relatório.

Portanto, à parte da disputa interna acerca dos números do caótico ano com Joaquim Bezerra na presidência, trago aqui as cifras do clube coral, que mostram toda a dificuldade vivida nos últimos tempos e até mesmo a falta de perspectiva para os próximos anos – neste caso, já com o calendário do futebol finalizado neste ano, sem sucesso. Com R$ 14 milhões apurados entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021, a receita do Santa foi basicamente a mesma de 2020. A diferença é que em 2020 o clube bateu na trave para voltar à Série B, enquanto em 2021, sob comando do Pró-Santa, terminou rebaixado à Série D do Brasileiro.

Despesas elevadas comprometeram o caixa

Considerando todos os jogos na gestão de Joaquim, o Santa teve 7V, 12E e 21D, com 27,5% de aproveitamento, o pior em 108 anos de atividade. Foi um desempenho muito pior e com um gasto bem maior. A despesa com pessoal e os gastos administrativos e tributários saltaram de R$ 14,2 mi para R$ 17,7 mi. Só com salários e direito de imagem, por exemplo, subiu de R$ 6,0 mi para R$ 7,2 mi, com atrasos consideráveis no período. Ao todo, o déficit, com a subtração de todas as receitas por todas as despesas, aumentou consideravelmente. De -5,6 milhões em 2020 para -8,7 milhões em 2021. Foi o 8º resultado negativo consecutivo do clube.

Só que o último balanço tem um dado ainda mais preocupante. Em 2020, o saldo das receitas e despesas “ativas”, sem considerar a depreciação do patrimônio, foi de -452 mil. Naquela ocasião, neste cenário do Ebitda, um indicador cuja sigla em inglês significa “Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização”, a “capacidade de geração de caixa” teve um resultado menos grave do que parecia. Desta vez, nem isso. Neste recorte, o saldo em 2021 foi de -3,6 milhões. Com isso, o aumento da dívida seria um caminho óbvio. Adicionando R$ 4 mi, o passivo do clube chegou a R$ 222 milhões, o maior volume até hoje. É a soma das pendências de curto prazo (29 mi) e de longo prazo (193 mi, incluindo 2,2 mi junto à FPF).

O orçamento quase secreto para 2022

Assim como o balanço de 2021, o orçamento do Santa Cruz para 2022 também não foi aprovado pelo conselho. Neste caso, já com Antônio Luiz Neto à frente do executivo, apesar da planilha elaborado na gestão anterior. No caso, a título de curiosidade, o clube havia estimado uma receita de R$ 13.389.150. Daí, apenas R$ 1,14 milhão com direitos de transmissão, sendo R$ 1 milhão pela Pernambucano, cuja edição de 2022 foi a última do contrato com a Rede Globo (para 2023 ainda não há acordo assinado), e R$ 114 mil da Série D.

O tricolor também lançou projeções de marketing e patrocínio (R$ 3,45 mi), renda no Arruda (R$ 1,29 mi) e quadro de sócios (R$ 2,5 mi). Em relação às despesas, só com pessoal, entre jogadores e administrativo, o clube deverá gastar R$ 7,45 mi. O resultado final projetava um saldo positivo de R$ 245 mil das receitas líquidas sobre as despesas operacionais. Com a eliminação precoce no Estadual e a queda nas oitavas da Série D, será possível alcançar essa cifra? Se o clube voltar a cumprir o prazo, saberemos até 30 de abril de 2023.

Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos cinco balanços do Santa – e as respectivas séries no BR.

Direitos de transmissão na TV
2017 (B) – R$ 747.000
2018 (C) – R$ 3.675.572 (+392%; +2,9 mi)
2019 (C) – R$ 8.349.488 (+127%; +4,6 mi)
2020 (C) – R$ 4.309.419 (-48%; -4,0 mi)
2021 (C) – R$ 3.413.762 (-20%; -0,8 mi)

Quadro de sócios-torcedores
2017 (B) – R$ 3.289.661
2018 (C) – R$ 1.013.716 (-69%; -2,2 mi)
2019 (C) – R$ 1.698.348 (+67,5%; +0,6 mi)
2020 (C) – R$ 1.081.501 (-36%; -0,6 mi)
2021 (C) – R$ 2.601.375 (+140%; +1,5 mi)

Renda nos jogos
2017 (B) – R$ 7.194.726
2018 (C) – R$ 4.462.034 (-37%; -2,7 mi)
2019 (C) – R$ 2.358.214 (-47%; -2,1 mi)
2020 (C) – R$ 958.459 (-59%; -1,3 mi)
2021 (C) – R$ 113.670 (-88%; 0,8 mi)

Patrocínio/Marketing
2017 (B) – R$ 3.050.965
2018 (C) – R$ 2.892.150 (-5%; -0,1 mi)
2019 (C) – R$ 6.568.271 (+127%; -3,6 mi)
2020 (C) – R$ 5.778.076 (-12%; -0,7 mi)
2021 (C) – R$ 2.141.036 (-62%; -3,6 mi)

A seguir, o histórico de receitas, saldos e dívidas do Santa Cruz na última década. Em relação ao faturamento, o número oscilou entre R$ 12 mi e R$ 21 mi nas temporadas fora da elite. Na única presença na Série A no período, o recorde. Sobre o passivo, o enorme salto de 2016 para 2017 deve-se ao início do processo de reconhecimento de dívidas. Já o recente ajuste no patrimônio social do clube, que elevou o dado a R$ 241.156.906, fez com que o patrimônio líquido do Santa ainda siga positivo, hoje em R$ 17,85 milhões. Numa ordem de grandeza, já está perto do limite.

Faturamento anual do Santa Cruz (receita total)
2011 (D) – R$ 17.185.073
2012 (C) – R$ 13.133.535 (-23%; -4,0 mi)
2013 (C) – R$ 16.955.711 (+29%; +3,8 mi)
2014 (B) – R$ 16.504.362 (-2%; -0,4 mi)
2015 (B) – R$ 15.110.061 (-8%; -1,3 mi)
2016 (A) – R$ 36.854.071 (+143%; +21,7 mi)
2017 (B) – R$ 17.971.188 (-51%; -18,8 mi)
2018 (C) – R$ 12.401.650 (-30%; -5,5 mi)
2019 (C) – R$ 21.594.461 (+74%; +9,1 mi)
2020 (C) – R$ 13.753.051 (-36%; -7,8 mi)
2021 (C) – R$ 14.070.095 (+2,3%; +0,3 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)*
2011 (D): +1.442.869
2012 (C): -692.408
2013 (C): +453.996
2014 (B): -1.766.461
2015 (B): -3.388.522
2016 (A): -3.861.281
2017 (B): -32.795.861
2018 (C): -18.804.746
2019 (C): -2.573.353
2020 (C): -5.625.020
2021 (C): -8.795.057
* O saldo da subtração da receita líquida pela despesa anual

Evolução do passivo acumulado do clube (circulante + não circulante)
2011 (D) – R$ 69.775.333
2012 (C) – R$ 71.536.863 (+2%; +1,7 mi)
2013 (C) – R$ 71.377.478 (-0,2%; -0,1 mi)
2014 (B) – R$ 72.727.047 (+1%; +1,3 mi)
2015 (B) – R$ 77.728.805 (+6%; +5,0 mi)
2016 (A) – R$ 62.604.879 (-19%; -15,1 mi)
2017 (B) – R$ 155.530.004 (+148%; +92,9 mi)
2018 (C) – R$ 219.753.942 (+41%; +64,2 mi)
2019 (C) – R$ 219.003.662 (-0,3%; -0,7 mi)
2020 (C) – R$ 218.750.009 (-0,1%; -0,2 mi)
2021 (C) – R$ 222.785.361 (+1,8%; +4,0 mi)


Compartilhe!