Anúncio da Betnacional
Compartilhe!

CT do Retrô, em Camaragibe

O Centro de Treinamento do Retrô foi construído em Camaragibe. Foto: Rafael Vieira/FPF

O Retrô foi fundado em 15 de fevereiro de 2016 e filiou-se à FPF no ano seguinte, mas apenas para as competições de base. Naquele primeiro momento, a sua receita anual foi de R$ 492 mil. Na contabilidade, esse dinheiro foi obtido numa doação do seu presidente/dono com o objetivo de pagar a taxa de filiação da federação, de R$ 395 mil – hoje, essa taxa custa R$ 1,8 mi. A partir das temporadas seguintes, o clube passou a complementar a sua receita bruta através de “empréstimos e financiamentos a longo prazo”, ainda que com a mesma origem. Em 2023, após seis anos neste modelo, esse volume chegou a R$ 37 milhões.

Maior parte foi para estrutura

Em 2018, no primeiro balanço financeiro a registrar essa movimentação no “passivo não circulante”, que trata exatamente das obrigações com prazos superiores a um ano, foram feitos dois empréstimos. Um de R$ 374 mil em nome do empresário Laércio Guerra, o dono do Retrô, e outro de R$ 353 mil através do Instituto Brasileiro de Gestão & Marketing, a Faculdade IBGM, que pertence ao próprio Laércio. Aquele passivo de R$ 727 mil foi a primeira dívida oficial do clube-empresa, cujo projeto foi mesmo pensado a longo prazo.

Praticamente sem bilheteria, cotas de tevê, vendas milionárias ou grandes premiações, o clube não conseguiria se capitalizar para a transformação que aconteceu após a sua entrada no profissionalismo, em 2019. Em 2024, por exemplo, já começou o Estadual com uma folha mensal de R$ 700 mil, a segunda maior da edição, e um CT todo equipado e já utilizado por clubes de outros estados e até pela Seleção Brasileira Sub 18. Somando os últimos quatro balanços, que englobam as suas presenças na Série A1 do PE, o Retrô teve uma despesa acumulada de R$ 38,4 milhões. Deste total, o gasto com o futebol foi de R$ 15,7 milhões. O restante, com R$ 22,7 milhões, foi para despesas administrativas e gerais. Leia-se obras. O déficit nesse quadriênio foi de R$ 29 milhões. A fênix pagou com os empréstimos (do dono).

Virada passa pela saída da Série D

De acordo com o último demonstrativo contábil do clube, publicado no site da FPF em 30 de abril, o passivo total já é de R$ 40.040.995, sendo R$ 37.366.142 em pendências de longo prazo, ou 93,3%. Já aquelas de até 12 meses somam R$ R2.674.853, ou 6,6%. Abaixo, um resumo dos balanços do Retrô, cujo investimento no time de futebol passou a ser o seu maior após a conclusão do CT. Ainda na Série D, o clube inicialmente mirava o acesso para a Série B justamente em 2024. A virada de chave, por mais cotas, premiações e visibilidade para os talentos revelados por lá, passa na saída desta divisão. Já está na 4ª tentativa.

Veja os últimos balanços financeiros do Retrô: 2020, 2021, 2022 e 2023.

Receita total do Retrô

2020: R$ 177 mil
2021: R$ 1,36 milhão (+668%)
2022: R$ 2,48 milhões (+82%)
2023: R$ 5,27 milhões (+112%)

Despesas do Retrô

2020: R$ 7,22 milhões
2021: R$ 9,17 milhões (+27%)
2022: R$ 9,28 milhões (+1%)
2023: R$ 12,79 milhões (+37%)
* Custo do futebol + despesas administrativas + despesas gerais

Resultado do exercício (superávit/déficit)

2020: -7,10 milhões
2021: -7,84 milhões
2022: -6,78 milhões
2023: -7,47 milhões
* O saldo da subtração das receitas líquidas pelo custo operacional

Passivo com empréstimos e financiamentos

2020: R$ 14,40 milhões
2021: R$ 23,46 milhões (+9,0 mi)
2022: R$ 31,55 milhões (+8,0 mi)
2023: R$ 37,36 milhões (+5,8 mi)
* O valor do passivo é acumulado a cada ano

Leia mais sobre o assunto
O design do futuro estádio do Retrô, com investimento de até R$ 20 milhões; veja imagens

CBF divulga lista de “clubes formadores” com sete do Nordeste; veja relação de 2024


Compartilhe!