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Romário é eleito presidente do América-RJ em 2023

A seguir, a reprodução da coluna do blog no site Click Esportivo. Foto: Sílvio Barsetti/CBF.

Campeão mundial com a Seleção Brasileira e hoje senador da república, Romário foi eleito como presidente executivo do América do Rio de Janeiro, o time do coração do seu pai, Edevair, que faleceu em 2008. Na aclamação em 10 de novembro, após unir situação e oposição, o Baixinho falou sobre os objetivos sobre o clube, como a volta à elite do Campeonato Carioca e a participação em competições nacionais oficiais, o que não acontece há anos – e o novo mandato será por três temporadas, até 2026.

Além disso, me chamou a atenção a sua fala ao site UOL Esporte sobre outra frente de trabalho, que inclusive já vem sendo articulada politicamente – veja abaixo. O Mequinha quer o reconhecimento do Torneio dos Campeões de 1982 como título brasileiro da primeira divisão. A competição foi organizada pela CBF e realizada após o Brasileirão daquele ano, acabando em 12 de junho, na véspera da abertura da Copa do Mundo na Espanha.

“Já cheguei a tocar nisso. O América é campeão em 1982. Fizemos um levantamento. É uma situação bem tranquila, vamos dizer assim, e nem um pouco complexa fazer com que o América seja reconhecido como campeão brasileiro”.

Romário reforça pedido feito há dois anos

Esta não é a primeira vez que a direção do América toca neste assunto. Em maio de 2021, membros do clubes rubro foram à sede da CBF, que funciona na própria Cidade Maravilhosa, para pedir a equivalência. Na ocasião, o argumento foi o “precedente” pela unificação dos títulos da Taça Brasil (1959-1968) e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967-1970), ambos anteriores ao Brasileirão de fato, que foi iniciado em 1971. Aquele pleito não andou pela óbvia diferença cronológica. Ocorre que a Confederação Brasileira de Futebol fez uma movimentação nova nesta temporada e acabou requentando a ideia.

Em agosto, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, assinou o ofício que reconheceu o Atlético Mineiro como campeão brasileiro de 1937. Curiosamente, numa disputa de nome bem parecido, a “Copa dos Campeões”, que teve apenas seis participantes. E sequer teve a finalidade dos torneios entre 1959 e 1970, cujo campeões ganhava a vaga na Libertadores – o torneio sul-americano foi criado só em 1960.

América foi campeão no Maracanã

Apesar do perfil do torneio na década de 30, um dossiê foi montado pelo clube de Belo Horizonte, tanto sobre o tratamento dado ao torneio pelo público e pela imprensa quanto por sua importância esportiva. Não, o Torneio dos Campeões de 1982 não foi tratado como outro Brasileirão em 1982. Foi uma espécie de extensão do calendário. O campeão nacional daquele ano foi o Flamengo. Porém, é inegável que a CBF promoveu a competição seguinte, que contou 18 clubes, entre eles os maiores do país na época. O critério era ser campeão ou vice de competições nacionais, além do Torneio Rio-São Paulo, com 17 times ao todo.

Para deixar o número par, entrou o Mequinha, o melhor no ranking de pontos da 1ª divisão. Sobre os participantes inscritos, a exceção foi o Fla, que foi excursionar no exterior. Assim, entrou o Santa Cruz, o nome seguinte no ranking. Na campanha, o América avançou numa chave com Atlético-MG, Grêmio e Cruzeiro. Nas quartas, eliminou o próprio Galo. Na semi, bateu a Portuguesa. E na decisão enfrentou o Guarani, que tirou São Paulo e Bahia. O time carioca foi campeão empatando no Brinco de Ouro, em 1 x 1, e vencendo no Maracanã, por 2 x 1, diante de 11 mil torcedores. Foi uma das maiores alegrias do pai de Romário.

Ainda existem outros títulos “abertos”?

Sobre a oficialização de novos títulos brasileiros, já foram 15 desde a primeira leva, em 2010. O último, sobre a conquista de 1937, foi analisado durante um ano e sete meses, envolvendo as diretorias de Registro, Jurídico, Competições, Governança e Conformidade da CBF. O processo é bastante arrastado, mas parece ser mesmo possível, ainda mais considerando a força política. Inclusive, a tranquilidade de Romário sobre o assunto, presente nas aspas desta coluna, vem do encontro recente com Ednaldo.

“O próprio presidente Ednaldo me passou que ele colocaria esse pleito na mão das pessoas técnicas nesse assunto e me daria essa resposta. A gente tem esse sonho”.

Ou seja, é o exatamente o rito pelo qual passou o Atlético. Chegar nesse ponto me faz pensar que essa possível unificação deva durar algum tempo ainda, dando abertura até para que outros clubes ao menos tentem equiparar as suas conquistas – repetindo: que ao menos tentem. Indo além do pedido de Romário, que sai bastante da linha adotada até então, há espaço para a equiparação nacional de outras competições? Hoje, eu acho que existe, sim, após o enorme “vespeiro” criado em 2010 e reforçado em 2023.

No caso, só para citar alguns exemplos, é possível enxergar mais duas “versões” do Torneio dos Campeões, mas que tiveram formatos bem distintos em 1920 e 1969, e até mesmo o Torneio Norte-Nordeste, realizado de forma paralela ao Roberto Gomes Pedrosa com o apelido de “Brasileirão do Norte”, entre 1968 e 1970. É importante não confundir este antigo torneio inter-regional com a atual Copa do Nordeste. Sobre os campeões, o Paulistano venceu em 1920 e o Grêmio Maringá faturou o torneio da CBD em 1969, enquanto os outros três títulos foram de Sport (68), Ceará (69) e Fortaleza (70). Seria uma grande revisão da história, sem dúvida alguma, mas isso já vem em curso há tempos pelos cartolas da CBF…

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