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A primeira multidão no Arruda, em 1972. Fotos: Diario de Pernambuco/Biblioteca Nacional.

O projeto original do Arruda, com o anel inferior e o setor de cadeiras, foi apresentado em 1964. Foram oito anos de trabalho paulatino, com uma aceleração na reta final, até a inauguração da obra, em 4 de junho de 1972. De alçapão a colosso, o estádio mudou o patamar do futebol pernambucano, então asfixiado pela capacidade de público reduzida, na Ilha e nos Aflitos, em relação a praças semelhantes, como a Bahia, já com a Fonte Nova.

Numa pesquisa no acervo do Diario de Pernambuco é possível encontrar queixas recorrentes da crônica esportiva sobre o duradouro recorde até aquele ano. Até a inauguração do José do Rego Maciel, a maior assistência local havia sido num Clássico das Multidões em 1955, com 34.546 torcedores na casa do rival rubro-negro.

Veio então a abertura oficial do Arruda, com o amistoso entre Santa Cruz e Flamengo, precedendo a Copa da Independência, que teria, devido ao Mundão, o Recife como subsede. Foram nada menos que 57.688 pagantes e 4.497 não pagantes. Ou seja, mais de 62 mil torcedores assistiram ao empate sem gols, com a marca anterior finalmente descansando. E olhe que esse público deve ter sido bem maior, pois os portões foram arrombados, conforme a reportagem da época, que ouviu o superintendente da FPF, Napoleão Gonçalves.

“O pessoal da federação não pôde conter a invasão e houve um problema relacionado com o policiamento. Pedimos 180 homens, que chegariam ao estádio às 11h horas. Foram 100, e chegaram às 12h20. O esquema só começou a funcionar integralmente por volta das 14 horas. Cedo, houve um início de invasão, que foi controlada, mas depois ninguém pôde segurar o público.”

Para completar, o texto trazia: “informa Napoleão Gonçalves que calculadamente dez mil pessoas entraram sem pagar no setor de gerais”. No dia seguinte, o Santa lançou uma nota oficial detalhando a capacidade oficial, com 66.040 lugares num cenário cômodo e 81.350 considerando a variação na “taxa de conforto”. Sem o anel superior, nunca chegou a tanto.

Agora, quase 50 anos depois, aquele público inaugural pode ser “ampliado”, a partir da ideia do clube para reviver, de forma virtual, a abertura de sua casa. Trata-se de uma ação solidária, cuja receita será revertida para o combate ao Coronavírus, através da ONG Novo Jeito, e aos funcionários do clube. Sendo assim, o tricolor “reabriu” a venda ingressos da inauguração, com valores de R$ 10 a R$ 80. Uma última curiosidade: ao fim do dia da partida, a renda aumentou de 193 mil para 223 mil cruzeiros, pois a federação esquecera à tarde de computar um setor, com 10 mil pessoas. Em tese, teremos um novo aumento..

Obs. Se o recorde de público de 1955 incomodou durante 17 anos, a marca atual no estado, de 1993, não deve virar uma preocupação. Até porque jamais será batida…

A evolução do recorde de público do Arruda*
62.185 – Santa Cruz 0 x 0 Flamengo (04/06/1972, amistoso)
62.711 – Santa Cruz 2 x 0 Náutico (01/08/1976, Estadual)
76.636 – Santa Cruz 1 x 1 Náutico (18/12/1983, Estadual)
76.800 – Brasil 2 x 0 Paraguai (09/07/1989, Copa América)
96.990 – Brasil 6 x 0 Bolívia (29/08/1993, Eliminatórias)
* A partir da inauguração

A evolução da capacidade máxima do Arruda
1972 – 66.040, após conclusão do anel inferior
1982 – 110.000 (+43.960), após a construção do anel superior
1993 – 85.000 (-25.000*)
2001 – 75.000 (-10.000*)
2005 – 65.000 (-10.000*)
2012 – 60.044 (-4.956*)
2015 – 55.582 (-4.462*)
* Redução por medida de segurança

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