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A partir de 2019, a final da Taça Libertadores da América será disputada em jogo único. A Conmebol já havia anunciado esta decisão, mas agora confirmou a primeira ‘cidade-sede’: Santiago, a capital do Chile. Embora o texto oficial da entidade tenha sido um pouco vago quanto aos detalhes, o presidente chileno, Sebastian Piñera especificou o estádio e a data.

A decisão ocorrerá em 23 de novembro, um sábado, no Estádio Nacional. Após a reforma em 2015, visando a Copa América, o local passou a abrigar até 55.933 pessoas, bem abaixo da capacidade original – em 1962, na Copa do Mundo, foram 76.594 na semifinal entre chilenos e brasileiros. A decisão da Conmebol sobre a “final única” retomou discussão acerca da execução, devido à distância (e infraestrutura) entre os dez países membros – todos votam a favor em 23/02/2018, diga-se.

Com a definição das semifinais, serão no máximo duas semanas para que as respectivas torcidas se organizem para a finalíssima. Ao contrário da Europa, aqui não há uma malha ferroviária decente e as passagens aéreas são caras – as viagens são, costumeiramente, mais longas. Ou seja, num primeiro momento soa mais como um desnecessário verniz de modernidade, uma mudança cultural para transformar a decisão num evento para turistas – aficionados à parte dos finalistas podem, de fato, se programar com antecedência.

Atualização (21/08/2019) – A Conmebol divulgou o esquema de ingressos na final da Libertadores de 2019, com preços e prazos das vendas. O bilhete mais barato custa US$ 80. Saiba mais aqui.

O “turismo” a partir do Nordeste
Já que a ideia dos cartolas é transformar a maior final do futebol sul-americano no ponto alto de uma “viagem de lazer”, com programação na véspera e fan fest, simulei o custo de passagens aéreas de ida e volta para Santiago a partir das capitais nordestinas. Segundo o site decolar, ainda não é possível reservar tíquetes para novembro de 2019. Como exemplo, os preços de novembro de 2018, com a ida no dia 21 e a volta no 25. Fora hospedagem, transporte, alimentação, ingresso…

R$ 1.453 – Salvador (BA)
R$ 1.537 – Recife (PE)
R$ 1.784 – Aracaju (SE)
R$ 1.791 – João Pessoa (PB)
R$ 1.832 – Fortaleza (CE)
R$ 1.844 – Maceió (AL)
R$ 1.865 – Natal (RN)
R$ 1.910 – Teresina (PI)
R$ 2.000 – São Luís (MA)

Sobre a decisão, a final em “campo neutro” não é exatamente uma novidade. De 1960 até 1987, o saldo não era critério na final da Libertadores. Assim, em caso de igualdade na pontuação era disputada uma terceira partida num país neutro. Isso ocorreu 14 vezes, nem sempre com bons públicos – curiosamente, nunca ocorreu no Brasil. Na última, em 1987, o mesmo Estádio Nacional de Santiago recebeu 25 mil pessoas para o duelo entre Peñarol e América de Cali, com o título uruguaio na prorrogação. Para tentar ‘compensar’ a perda financeira, já que a técnica é impossível, a confederação dará mais US$ 2 milhões (R$ 7,5 mi) a cada finalista.

As 14 finais da Libertadores em campo neutro
1962 – Santos (BRA) 3 x 0 Peñarol (URU), em Buenos Aires
1965 – Independiente (ARG) 4 x 1 Peñarol (URU), em Santiago
1966 – Peñarol (URU) 4 x 2 River Plate (ARG), em Santiago
1967 – Racing (ARG) 2 x 1 Nacional (URU), em Santiago
1968 – Estudiantes (ARG) 2 x 0 Palmeiras (BRA), em Montevidéu
1971 – Nacional (URU) 2 x 0 Estudiantes (ARG), em Lima
1973 – Independiente (ARG) 2 x 1 Colo Colo (CHI), em Montevidéu
1974 – Independiente (ARG) 1 x 0 São Paulo (BRA), em Santiago
1975 – Independiente (ARG) 2 x 0 Unión Española (CHI), em Assunção
1976 – Cruzeiro (BRA) 3 x 2 River Plate (ARG), em Santiago
1977 – Boca Juniors (ARG) (5) 0 x 0 (4) Cruzeiro (BRA), em Montevidéu
1981 – Flamengo (BRA) 2 x 0 Cobreloa (CHI), em Montevidéu
1985 – Argentinos Juniors (ARG) (5) 1 x 1 (4) América (COL), em Assunção
1987 – Peñarol (URU) 1 x 0 América (COL), em Santiago

As cidades-sede
6 – Santiago
4 – Montevidéu
2 – Assunção
1 – Buenos Aires e Lima

Lembrando que agora não há restrição quanto à nacionalidade do finalista. Ou seja, caso um time chileno chegue à final de 2019, por exemplo, o jogo será mantido em Santiago. E a tendência é que seja respeitada a divisão de ingressos, como ocorre na Liga dos Campeões da Uefa, o modelo repetido – de forma desnecessária, na minha visão – pela Conmebol.

Para esta primeira versão, a candidatura de Santiago desbancou Lima e Montevidéu. A capital peruana acabou tendo como consolação a final única da Copa Sul-Americana, que entrou no mesmo bolo. Segundo o texto da Conmebol, o processo de seleção avaliou os seguintes critérios: organização, logística, segurança, tecnologia, aspectos políticos, sociais, ambientais e legais, hospedagem, mobilidade e assuntos comerciais como a transmissão na televisão e comercialização de grandes eventos. Neste contexto também há a capacidade mínima dos estádios, de 40 mil lugares – uma determinação antiga no torneio. Com tal recorte estrutural, então, existem 60 palcos entre os dez filiados, sendo 24 no Brasil e 36 nos demais países.

Caso alguma cidade se interesse a partir de 2020, segue abaixo a lista de estádios – no entanto, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a Conmebol só deve liberar candidaturas brasileiras e argentinas a partir de 2021. Naturalmente, este cenário desconsidera as especulações sobre possíveis jogos nos Estados Unidos, México, Japão e por aí vai…

Considerando as novas arenas, inauguradas desde 2013, e estádios remodelados ou antigos (com capacidade reduzida por segurança), até 15 estados brasileiros poderiam receber, em tese, a final da competição. Pela ordem: São Paulo (5), Rio de Janeiro (2), Minas Gerais (2), Rio Grande do Sul (2), Pernambuco (2), Paraná (2), Brasília (1), Ceará (1), Bahia (1), Pará (1), Piauí (1), Amazonas (1), Mato Grosso (1), Goiás (1) e Maranhão (1).

Brasil à parte, na América do Sul destaca-se a Argentina, com 13 estádios aptos à finalíssima da Libertadores. Na sequência, Colômbia (5), Venezuela (5), Peru (4), Equador (3), Uruguai (2), Chile (2), Bolívia (1) e Paraguai (1).


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