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Ilha do Retiro em 2023

Após reforma das cadeiras, Ilha passa por troca de campo e refletores. Foto: Sport/divulgação.

Em janeiro de 2023, uma comitiva do Sport fez uma visita institucional às diretorias de Cruzeiro e Coritiba com o objetivo de entender as “práticas gerenciais” que os dois clubes estavam implementando em termos de SAF. Na ocasião, os mineiros já haviam iniciado a sua Sociedade Anônima do Futebol, sendo o primeiro grande clube do país neste modelo, enquanto os paranaenses estavam enxugando as suas dívidas através da Recuperação Judicial, para só depois partir para a SAF – que acabou sendo negociada cinco meses depois. Ao Sport, que via semelhanças nos dois casos, sobretudo no Coxa, que tinha o Estádio Couto Pereira para administrar neste processo, a preparação “externa” seguiu desde então.

Processo paralelo à Recuperação Judicial

Entretanto, o Sport precisava caminhar “internamente” também, a partir de uma reforma estrutural e administrativa para autorizar a SAF na Ilha do Retiro. Após meses debatendo, ainda que sem tanta clareza para o grande público, a Comissão da Redação do Novo Estatuto apresentou as propostas ao Conselho Deliberativo do clube, que aprovou em 16 de abril de 2024. Ou seja, 15 meses depois daquela primeira viagem dos dirigentes visando a SAF.

Na nova redação, que ainda precisará do aval na assembleia geral de sócios, hoje sem data, há o “sinal verde para o Sport ser uma SAF”, conforme o próprio texto no site oficial do clube rubro-negro. Essa necessidade, já tão presente no futebol brasileiro, vem das dificuldades financeiras impostas por anos de gestões perdulárias e/ou irresponsáveis, com o passivo do clube chegando a R$ 258 milhões, de acordo com o demonstrativo contábil divulgado. Não por acaso, o Sport entrou em Recuperação Judicial em março do ano passado, com o processo de renegociação junto às dezenas de credores ainda em andamento.

CT foi incorporado ao patrimônio oficial

Com a “RJ”, a tendência é de uma redução considerável na dívida absoluta, ainda que o saldo final siga puxado. O Coritiba, por exemplo conseguiu parcelar R$ 114 milhões em doze anos, viabilizando o caixa. Com esse esperado passo, a avaliação do Sport certamente seria impactada, positivamente. Porém, reforçando, precisa acontecer. Em termos de ativos imobiliários, o leão tem R$ 248 milhões no complexo da Ilha do Retiro, de 101 mil m². É o valor de uma reavaliação feita em 2022. Além disso, conta com o Centro de Treinamento de Paratibe, incorporado recentemente ao patrimônio oficial, mas sem valor divulgado.

Esse patrimônio não será vendido à SAF, cujo modelo será de até 90% das ações para o controle do departamento de futebol – masculino, feminino, base e profissional. Claro que a tendência é que o time utilize tanto o estádio, sobretudo em caso de modernização, quanto o CT, mas com aluguel ao próprio “clube associação”, fundado em 1905 e que permanecerá existindo. É o que ocorre com o Bahia, hoje controlado pelo Grupo City.

Consórcio vai criar modelo econômico da futura SAF

A constituição da SAF do Sport será feita após um novo laudo de avaliação de todos os ativos do clube. O documento será produzido por um consórcio de duas empresas, uma de consultoria (Ernst & Young, Deloitte, PwC ou KPMG) e uma financeira (Itaú, Bradesco, Bank of America ou Citibank, podendo dar chance a outro “nome de primeira linha”). Essa avaliação levantará todos os pontos referentes ao Sport, como estrutura física, elenco, torcida, dívidas, potencial etc. A escolha das empresas – que não poderão ter relação com os investidores – será feita pelo futuro conselho de administração do clube, criado neste novo estatuto.

Sobre o patrimônio, o texto diz o seguinte: “é expressamente vedada a transferência de ativos imobiliários”. Só será permitida a “cessão onerosa”, o aluguel supracitado. Ou seja, a avaliação é para mensurar o tamanho do clube. O Sport convocará os potenciais investidores só após a elaboração do modelo econômico proposto pelo futuro consórcio. Segundo o artigo 143, como “prêmio de ingresso”, o investidor da SAF deverá liquidar o passivo do Sport, além de um disponibilizar receita para a manutenção das atividades sociais do clube. Também serão elaboradas metas esportivas para a SAF, ainda que a minuta não cite quais seriam. Já o artigo 148 garante o cuidado com a tradição: “a SAF deverá respeitar e fiscalizar o respeito pelos símbolos, signos, hino e demais representações da imagem do Sport”.

Ademar Rigueira, presidente da comissão do novo estatuto do Sport:
“O Sport larga na frente e inicia o processo de modernização do futebol pela estrutura corporativa criada pelo estatuto. Acreditamos que a SAF levará o Sport ao lugar que ele merece no futebol brasileiro”

Qual será a primeira SAF no Trio de Ferro?

Curiosamente, ainda que por caminhos diferentes, os três grandes clubes de Pernambuco estão no mesmo estágio em relação à SAF. Os três tem passivos milionários, mas também têm patrimônios milionários. Hoje, os três estão em Recuperação Judicial, paralelamente ao avanço dos trâmites internos para autorização da SAF. Nos três casos, os dirigentes sinalizam a sondagem de investidores, ainda que só o Náutico tenha divulgado, num relatório oficial, a proposta de investimento de R$ 980 milhões em até dez anos por 90% da SAF. No Santa, sem calendário profissional no restante deste ano, o assunto é tratado como prioridade até dezembro. A partir de agora, no Sport, o assunto tende a esquentar também. Resta saber se com clareza, com cifras e acordos, ou só verbalizando a intenção.

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