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A evolução dos orçamentos do Sport em 5 anos. A receita não superou a previsão em 2018 e 2019.

A permanência do Sport no Brasileirão assegurou a manutenção do patamar financeiro do clube em 2021, a partir da cota de transmissão de tevê. O orçamento leonino havia sido aprovado pelo Conselho Deliberativo, em dezembro, já considerando a presença na Série A – àquela altura, o time seguia numa disputa ferrenha contra a queda. Assim como em 2020, o valor projetado para 2021 é conservador, ficando em R$ 79,52 milhões, com um acréscimo de apenas R$ 2 milhões – o “apenas” obviamente se refere à escala desses valores. Entretanto, há uma diferença essencial para que a receita desta temporada seja bem maior, na prática, que a do ano anterior.

Desta vez, o rubro-negro terá a cota integral através da Rede Globo, com quem tem contrato em todos os sinais até 2024 – na tv aberta, tv fechada, streaming e pay-per-view. Numa pendência desde 2016, após um adiantamento tratado como bônus (“luvas”) pela direção anterior, o clube devia R$ 18 milhões à emissora em relação ao contrato vigente. Pagou R$ 1,5 mi em 2019, ainda na Série B, e R$ 16,5 mi em 2020, durante a campanha na Série A – no caso, deixou de receber em relação aos valores absolutos. Sem corte na nova cota, o clube deve ganhar mais de R$ 40 milhões da TV, otimizando o caixa. Não por acaso, a folha do futebol, que ficou em cerca de R$ 1,5 milhão na Série A, deve subir para R$ 2,5 milhões.

O presidente em exercício, Carlos Frederico, explicou outro fator que influencia na análise sobre a receita da temporada. Com o regime de competência, o clube só contabilizou no orçamento as receitas geradas pelas competições de “2021”. Ocorre que a Série A de 2020 virou o ano, se estendendo até fevereiro, e, com a permanência, o clube garantiu R$ 11 milhões pela cota de performance, prevista no contrato da tevê – e isso corresponde a 30% de toda a cota. Porém, mesmo recebendo agora, essa receita é contabilizada, pelo clube, como algo de 2020. Em termos contábeis, por outro lado, entrará de fato no demonstrativo financeiro de 2021, uma vez que o balanço oficial (diferente do orçamento) contabiliza receitas e despesas do ano corrente, de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Ficou levemente confuso?

Sendo mais direto: nesta temporada, além dos 79,5 mi por “2021”, o clube deverá ter mais 11 milhões por “2020”. O Bahia, que terá o maior orçamento da região em 2021, lançou um orçamento com quadro semelhante, sendo 149,6 mi por “2021” e 22,2 mi por “2020” (também com parcelas a receber da TV), totalizando R$ 171,9 milhões – o dobro do leão. Porém, cada clube segue um modelo e o Sport optou por tratar o dado só pelo “regime de competência”.

Sem cotas extras nas Copas (NE e BR)
Outro aspecto conservador adotado pela direção leonina é considerar apenas a cota da 1ª fase das competições, sem avanços (que significariam mais premiações), e desconsiderar a venda de atletas (algo que o clube precisa fazer). E isso mesmo tendo expectativa de um melhor desempenho nesses casos – na Copa do Brasil, por exemplo, caiu na estreia das duas últimas edições e comprometeu a receite. Ainda vale dizer que o orçamento de 2021, elaborado dois meses antes da permanência efetiva na elite, será reavaliado em fevereiro, “mas não vai crescer tanto”, nas palavras do próprio mandatário. Ou seja, o Sport segue com uma das menores receitas da 1ª divisão, sendo o único dos quatro representantes do Nordeste abaixo de R$ 100 milhões, mas desta vez sem adiantamentos.

Redução nas despesas e superávit no limite
Uma diferença interessante nesta proposta orçamentária do leão é a previsão de superávit, após oito anos seguidos com déficit, tendo mais despesas que receitas, aumentando o endividamento. De 2013 a 2019 o clube registrou déficit e em 2020, cujo balanço ainda será divulgado, a previsão era de um saldo negativo de R$ 4,6 milhões. Para 2021, o gasto total será de R$ 79,47 milhões, com saldo exato de R$ 54.161,26. O futebol profissional vai consumir R$ 61,5 milhões, ou 77% da receita – como comparativo, o Bahia vai gastar R$ 96,3 milhões, somando despesa de pessoal e direitos de imagem (ou 56% do total). Já a base leonina terá R$ 3,2 milhões, pouco mais de R$ 270 mil por mês. Por fim, a despesa do administrativo, que inclui o patrimônio, foi estimada em R$ 14,6 mi.

Previsão de orçamento do Sport (e o aumento sobre o ano anterior)
2017 (A) – R$ 76.000.000
2018 (A) – R$ 108.382.297 (+42,6)
2019 (B) – R$ 60.000.000 (-44,6%)*
2020 (A) – R$ 77.500.000 (+29,1%)
2021 (A) – R$ 79.525.012 (+2,6%)
* O valor foi estimado visando a 1ª divisão (porém, jogou a 2ª)

A receita total realizada pelo clube (e o aumento sobre o ano anterior)
2017 (A) – R$ 105.471.746 (-18,6%)
2018 (A) – R$ 104.098.716 (-1,3%)
2019 (B) – R$ 39.208.327 (-62,3%)
2020 (A) – Em andamento (divulgação até 30/04/2021)

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