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Contraproposta sobre a Liga Brasileira

A carta de contraproposta à divisão de receitas da “Libra”. Imagem: Athletico-PR/divulgação.

A liga de futebol profissional do Brasil vem caminhando nos últimos anos. Em junho de 2021 houve um comunicado à CBF com 20 signatários sobre a criação da liga “com a maior brevidade possível”, com o objetivo de “organizar e desenvolver economicamente o Campeonato Brasileiro de Futebol”. A tal brevidade seria difícil, mas alguns passos foram dados. O maior deles foi em 3 de maio, com seis clubes (hoje já são nove) criando a “Liga do Futebol Brasileiro”, já batizada de “Libra”.

Na ocasião, assinaram Bragantino, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo, com Cruzeiro, Ponte Preta e Vasco entrando depois – o time carioca só em 9 de maio. Embora já detenham a maioria das torcidas no país, com os cinco clubes mais populares, tendo 51,6% apenas em Fla, Timão, SPFC, Verdão e Gigante da Colina, a adesão ficou aquém em termos esportivos. Afinal, a liga visa o comando sobre as Séries A e B a partir de 2024, quando iniciará o próximo contrato de tevê, necessariamente em bloco. Ou seja, apenas 9 de 40 clubes.

O contra-ataque da maioria

Menos de uma semana depois daquele episódio, um movimentação com o maior bloco visto até aqui, com mais da metade dos componentes possíveis – considerando as edições do BR 2022. Insatisfeitos com a divisão inicial das receitas, com 40% de forma igualitária, 30% por performance (a colocação final na competição) e 30% por engajamento e audiência nas transmissões, 23 clubes se reuniram e apresentaram uma carta-proposta, na verdade uma contraproposta, para a entrada na liga. Foi uma divulgação em massa nas redes sociais. Com apossibilidade de ajustes, o pedido parte de 50%, 25% e 25%, respectivamente, a partir de modelos inspirados nas principais ligas nacionais da Europa, como a Premier League e La Liga.

Entre os clubes neste novo ato, são 11 da Série A e 12 da Série B. A lista conta com sete nordestinos: Ceará, CRB, CSA, Fortaleza, Náutico, Sampaio Corrêa e Sport. Dos oito representantes da região nas duas principais divisões desta temporada, o Bahia foi o único ausente na coleta de assinaturas. Curiosamente, o clube de Salvador, através do presidente Guilherme Bellintani, foi um dos primeiros a costurar a liga nacional, sendo peça importante naquele comunicado à CBF, no primeiro ato efetivo sobre a composição.

Um “dissidente” no Nordeste

Portanto, 32 dos 40 clubes já se posicionaram oficialmente sobre o assunto balizador em relação ao futuro do Brasileirão. Oito clubes ainda estão analisando os cenários: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Grêmio, Guarani, Internacional, Novorizontino e Ituano. Entre os já decididos, de um lado pesa a força da arquibancada, já em maioria, e do outro já há a maioria sobre os clubes com direito adquirido, ponto essencial – além da quantidade de transmissões possíveis no bloco, pois todos teriam direito sobre os 19 jogos em casa, através da “Lei do Mandante”. Ou seja, 437 partidas por ano. Parece até um filme repetido, lá de 1987, mas não é.

Penso que o final do imbróglio será diferente desta vez. Até porque se não for, através de um ideal em conjunto, não haverá liga, apenas blocos pontuais de negociação, com mais do mesmo para todos. Em tempo: a ideia de repassar 20% da receita para a Série B me parece interessante visando a liga, até porque a 2ª divisão tende a ter clubes de muito apelo de forma regular. E a receita mais equilibrada ajuda na transição, subindo ou caindo. A conferir.

Eis os clubes presentes na contraproposta em 09/05:
América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, Chapecoense, Coritiba, CRB, Criciúma, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport, Tombense e Vila Nova.

A seguir, a íntegra do modelo apresentado em 9 de maio de 2022:

Diante dos últimos acontecimentos, os Clubes signatários reafirmam o interesse na formalização da Liga de futebol profissional, com o intuito de elevar o nível de qualidade do futebol brasileiro, construindo um campeonato forte, revitalizado e, notadamente, com um padrão de equanimidade nas condições de disputa. É preciso, porém, pontuar que não haverá Liga sem a união dos 40 (quarenta) clubes participantes das atuais Séries A e B.

Algumas premissas devem ser observadas, tendo como referência que: (i) a Premier League divide igualmente 68% da receita, somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing; (ii) as Ligas Alemã, Espanhola, Francesa e Italiana distribuem 50% da receita de forma igualitária; e (iii) a diferença de receita entre o primeiro e último clubes respeitam os seguintes limites: Inglaterra (1.6x), Itália (2.1x), Alemanha (3.2x) e Espanha (3.5x).

Para a formalização da Liga de Clubes de futebol brasileiro, os Signatários acreditam no modelo abaixo apresentado:

(i) Divisão de receita de 50% igualitário, 25% performance e 25% comercial, com parâmetros objetivos e mensuráveis;

(ii) Diferença de receita entre maior e menor clube tendo como alvo o limite de 1.6 ao longo do tempo (referência Premier League), com o teto de 3.5 a partir do primeiro ano;

(iii) Compromisso de que a Série B receba 20% dos recursos de venda de direitos de transmissão.

Os Signatários envidarão todos os esforços possíveis para reunir os 40 (quarenta) clubes e formatar a Liga, sempre na base do diálogo e da razoabilidade, firmando também o compromisso de que, caso não haja a efetiva formalização, irão avaliar, em conjunto, a negociação dos direitos de transmissão e demais propriedades inerentes ao futebol e suas respectivas competições para os anos posteriores a 2024.

Os Clubes informam, ainda, que no dia 16 de maio de 2022 se reunirão presencialmente no Rio de Janeiro para formalizar o compromisso em busca de uma composição equilibrada, e que, por tal razão, não se farão presentes na reunião previamente agendada na CBF, no dia 12 de maio de 2022. O encontro com os 8 (oito) clubes, no que depender da vontade dos Signatários, acontecerá futuramente para que seja apresentada e debatida a proposta descrita nesta carta, na tentativa de alcançar o consenso.

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