A evolução das receitas do Santa, com a previsão do segundo maior valor nesta década.
Embora o Santa Cruz tenha permanecido na Série C, sendo o único clube do G7 do Nordeste abaixo das duas principais divisões, a expectativa de receita para 2020 é bem maior que a previsão feita em 2019. Em termos nominais, o montante deve subir R$ 15 mi, chegando a R$ 20 milhões de receita total do executivo coral. Na década atual, a cifra só é superada pela temporada de 2016, durante a passagem na Série A (R$ 36 mi).
Para a produção deste texto, conversei com o coordenador de gestão do Santa, Roberto Freire, que detalhou a nova projeção de receita do clube. Vamos lá. O tricolor mira R$ 4 milhões em renda bruta no Arruda (aumentando em R$ 1,5 mi o dado de 2019), R$ 3,5 mi em cotas de participação e TV nas competições (apenas a 1ª fase), R$ 3,5 mi em patrocínios (R$ 3 mi só com o uniforme), R$ 3 mi com mensalidades de sócios (calculando a partir do quadro atual), R$ 3 mi na venda de direitos econômicos de atletas (projeção tida como certa), R$ 2,5 mi com a marca própria Cobra Coral (somando royalties, vendas online e lojas físicas, com a rede aumentando de 4 para 6 pontos até março) e R$ 2,4 mi na Timemania (com o clube seguindo no top 20 de apostas), entre outras receitas.
É preciso pontuar que este cenário contabiliza apenas o orçamento do executivo, uma vez que a comissão patrimonial tem outro orçamento – a soma total do Santa Cruz só aparece no balanço financeiro, cujo próximo, sobre 2019, está programado para sair até abril de 2020. Desta comissão, por exemplo, vem o aporte para a reforma/manutenção do Arruda e ampliação/manutenção do CT Ninho das Cobras – lembrando que a discussão sobre esses poderes paralelos esteve em evidência durante a reforma estatutária, ainda em votação.
Investimento maior no futebol e despesas judiciais
Com esta previsão, o futebol coral será beneficiado. A folha do profissional (jogadores + comissão técnica) irá saltar de R$ 330 mil para R$ 450 mil (+36%). E ainda há a previsão de R$ 100 mil mensais para a base, do Sub 15 ao Sub 23. Seguindo no tema de despesas, mas sem envolvimento direto com o futebol, o Santa irá gastar R$ 150 mil com o custeio do clube, R$ 100 mil em acordos e R$ 50 mil com outras frentes – ou seja, R$ 850 mil ao todo. Porém, ainda há outro acordo (antigo) com a Justiça do Trabalho, com 20% sobre o faturamento, e outro especificamente sobre a Timemania. Ou seja, uma projeção maior no Arruda (à frente do Náutico), mas com muitas contas para pagar. Para deixar claro, vale destacar que o próximo balanço virá com os primeiros ajustes em relação ao passivo. E o valor de R$ 53 mi já estaria, na verdade, em R$ 250 mi. Não por acaso, Roberto aponta como problema grave a operação das receitas, com inúmeros bloqueios: “O gargalo na operação financeira é a dificuldade da movimentação bancária do Santa”. Ao menos, o ativo (patrimônio) também está sendo recalculado, com o valor de R$ 63 mi chegando a R$ 300 mi.
Previsão de orçamento do Santa Cruz
2018 (C) – R$ 14.000.000
2019 (C) – R$ 10.000.000 (-28,5%)
2020 (C) – R$ 25.000.000 (+150,0%)
Faturamento do clube (balanços mais recentes)
2014 (B) – R$ 16.504.362 (-2,6%)
2015 (B) – R$ 15.110.061 (-8,4%)
2016 (A) – R$ 36.854.071 (+143,9%)
2017 (B) – R$ 15.848.541 (-56,9%)
2018 (C) – R$ 8.765.924 (-44,6%)
Alguns dados de receita em 2019
R$ 2.500.019 em bilheteria (renda bruta em 22 jogos)
R$ 8.390.000 em cotas de participação/premiação/transmissão na tevê*
* Deste total, repassou R$ 580 mil ao Náutico pelo acordo na 2ª fase da Copa do Brasil
Competições em 2020 (4)
Campeonato Pernambucano, Nordestão, Copa do Brasil e Série C
Nota do blog
O orçamento informado pelo Santa foi, de longe, o mais surpreendente do G7. De forma positiva, claro. O montante estimado pelo clube, com pontos conservadores e outros valores mais práticos (ou otimistas?), mostra um cenário de competitividade para o Campeonato Brasileiro, cujo acesso à B segue como principal objetivo – será a 3ª tentativa. Que seja, de fato, um modelo sustentável, que pode ficar mais ajustado em caso de avanço na Copa do Brasil – a mina dos clubes há alguns anos.
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