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O gramado em São Lourenço em 7 de junho. Haverá público em breve? Foto: Arena PE/Instagram.

Na contramão dos números, o futebol brasileiro vai acelerando o passo para a sua volta. Em Pernambuco, um dos estados mais afetados pelo Coronavírus, os elencos de Náutico, Santa Cruz e Sport já retornaram aos treinos em seus centros de treinamento, todos cercados de cuidados a partir do protocolo elaborado para este fim. Consequentemente, a etapa seguinte é a volta dos jogos. Neste caso, vale uma atenção na questão política, envolvendo clubes, federação, governo, investidores e patrocinadores. Tanto o Estadual quanto a Copa do Nordeste seguem sem data, apesar da previsão para julho, com o Campeonato Brasileiro começando em agosto. Jogos sem público? Eis o “x” da questão, com um calendário visivelmente antecipado.

Em 14 de março, após o início do surto no país, o governo do estado publicou o decreto nº 48.809, sobre as recomendações de isolamento no combate ao Coronavírus. Entre as medidas, o cancelamento de eventos privados com mais de 500 pessoas, englobando o futebol. Três meses depois, em 17 de junho, já com as primeiras medidas sobre flexibilização, o governador Paulo Câmara autorizou a retomada de cultos religiosos presenciais a partir de 22 de junho, numa informação do repórter João Valadares, da Folha de S. Paulo. Pela determinação, os templos e igrejas devem funcionar com 30% da capacidade, percentual semelhante a outros ambientes fechados. No caso, com limite de 50 pessoas em locais com até 1.000 lugares e de 300 pessoas em ambientes acima desta capacidade. É neste ponto que relaciono o tema com o futebol. Me parece claro o precedente aberto aos estádios, com capacidades incomparáveis. Um precedente preocupante, diga-se.

A questão, na minha visão, não é a autorização de 300 pessoas na arquibancada a cada jogo em Pernambuco, mas a possível precipitação sobre a decisão a reboque dos eventos religiosos. Afinal, um borderô com 300 pagantes sequer cobriria os custos pela presença da torcida, com funcionários nas bilheterias, catracas, bares e manutenção. Só que a possível brecha anteciparia o cronograma de atividades econômicas criado pelo próprio governo local e apresentado em 1º de junho.

Na ocasião, a volta do futebol foi dividida em quatro fases, com “treinos presenciais” na primeira, em vigor desde 15 de junho, e “jogos sem público” na segunda, sem data. Ou seja, ainda que numa limitação mínima, este cenário de 300 espectadores corresponderia à terceira fase, com “jogos com público limitado”, enquanto a quarta e última teve como descrição apenas “novos protocolos” (na prática, deve ser um aumento do público). Assim como houve uma pressão em relação aos cultos e missas, tanto de evangélicos quanto de católicos, poderia ocorrer o mesmo numa escala também considerável no futebol – e de 300 para 1.000 seria um pulo. Os templos e igrejas estavam no plano de retomada econômica? Naturalmente, não. Mas, frisando, trata-se de política. A reabertura, por si só, vem acontecendo num ritmo mais rápido que os números divulgados diariamente da secretaria de saúde.

Inclusive, esta informação sobre a retomada dos eventos religiosos ocorreu no mesmo dia em que Pernambuco atingiu a infeliz marca de 4 mil óbitos. Até hoje, foram contabilizadas 4.009 mortes, com um total de 47.446 pessoas contaminadas com o Covid-19. Vamos ficar atentos sobre o assunto. Ao fim de tudo, a precipitação pode ser minha em relacionar as aberturas de templos e de estádios de futebol. Tomara que seja mesmo.

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