A evolução dos orçamentos do Fortaleza. A receita superou a previsão em 2018 e 2019.
O Fortaleza prevê um orçamento de R$ 113,7 milhões para 2021, o que significa também uma nova quebra de recorde no clube, pelo 3º ano consecutivo. Entre os principais clubes do Nordeste, o leão do pici foi o primeiro a publicar os dados, em 23 de dezembro, e de maneira muito detalhada, acima da média.
Entretanto, além da análise sobre os dados, vale a observação sobre o cenário proposto. Tradicionalmente, os orçamentos são divulgados com a divisão nacional já confirmada – num cenário normal, a esta altura, a Série A já teria acabado há duas semanas. Isso é determinante para saber, por exemplo, a cota de transmissão, entre R$ 40,6 milhões, o valor projetado pelo clube no próximo Brasileirão, ou cerca de R$ 6 milhões, numa Série B. No dia desta publicação, o campeonato ainda estava na 26ª rodada (de um total de 38), com o Fortaleza em 14º lugar, apenas três posições acima da zona de rebaixamento.
O tricolor também estimou R$ 12,9 milhões em bilheteria, sendo R$ 9,5 mi no Brasileirão. Aqui, a principal questão é a presença de público, vetada desde o início da pandemia, e com a vacinação num estágio indefinido. Ou seja, essa garantia parece ainda mais difícil. Então, “excluindo” a renda e a cota da Série A, a projeção do clube poderia cair para R$ 66,7 milhões – de toda forma, ainda continuaria sendo uma receita pujante para a segundona.
Isso já ocorreu com o Sport, que projetou um orçamento de Série A em 2019 (R$ 60 mi), mas disputou a B. Dito isso, considerando a possibilidade (ruim) de mudança, vamos às demais cifras tricolores. O quadro de sócios continua alto, mas com uma redução em relação a 2019, caindo de R$ 18,0 mi para R$ 14,4 mi – cenário visto em outros clubes de massa, abalados pelo momento econômico. Já a receita de patrocínios deve subir, de R$ 8,0 mi para R$ 9,8 mi. Se TV e renda parecem superdimensionados, a negociação de atletas (R$ 7,5 mi) parece modesta.
As principais fontes de receita em 2021 (% sobre o total)
1º) R$ 51,672 milhões (45,4%) – Direitos de transmissão*
2º) R$ 14,400 milhões (12,6%) – Sócios
3º) R$ 12,968 milhões (11,4%) – Bilheteria
4º) R$ 12,000 milhões (10,5%) – Vendas nas lojas próprias Leão 1918
5º) R$ 9,842 milhões (8,6%) – Patrocínios (8 espaços na camisa)
6º) R$ 7,500 milhões (6,5%) – Venda de direitos econômicos de atletas
7º) R$ 2,580 milhões (2,2%) – Bares, camarotes e estacionamento
* Série A (40,6 mi), Copa do Brasil (5,5 mi), Nordestão (2,4 mi) e Cearense (600 mil)
Despesa alta com futebol profissional, nem tanto na base
Em relação às despesas, vale a mesma observação, com o gasto considerando só a presença na elite, tanto que o futebol profissional deve consumir R$ 73.861.777! Isso corresponde a 64,9% da receita anual. E a tabela divulgada pelo Fortaleza traz até a divisão entre “salário na carteira”, com R$ 22,2 mi, e “direitos de imagem”, com R$ 14,80 mi – no futebol, a prática é comum. Somando com o gasto da comissão técnica, à parte, e com férias e 13º, o elenco deverá custar 50,1 milhões de reais. Os outros departamentos de futebol, base e feminino, terão direito a R$ 2,59 milhões. Achei este valor bem modesto, representando apenas 2,2% do orçamento. Inclusive, é abaixo da folha administrativa, na casa de R$ 3,3 mi. Em 31 de dezembro de 2021, com a expectativa de finalização de todas as competições oficiais de 2021, o Fortaleza deverá registrar um superávit de R$ 262.117.
Previsão de orçamento do Fortaleza (e o aumento sobre o ano anterior)
2018 (B) – R$ 24.000.000
2019 (A) – R$ 56.700.000 (+136,2%; +32,7 mi)
2020 (A) – R$ 109.072.000 (+92,3%; +52,3 mi)
2021 (A) – R$ 113.704.000 (+4,2%; +4,6 mi)*
* O clube não apresentou dados em caso de rebaixamento à B
A receita total realizada pelo clube (e o aumento sobre o ano anterior)
2018 (B) – R$ 51.621.897 (+111,0%; +27,1 mi)
2019 (A) – R$ 120.490.995 (+133,4%; +68,8 mi)
2020 (A) – Em andamento (divulgação até 30/04/2021)
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